O Impedimento acabou, eu li logo cedo na terça-feira, duas semanas depois de a seleção brasileira quase ter acabado, minutos antes de a seleção brasileira continuar seu processo de acabar.
Acabou com a estica de sempre, doze parágrafos bem escritos; é regra naquele terreno, uma frase forte e marcante antes do encerramento; é costume também dos maiores escribas da casa um singelo obrigado, pois raro também é ver uma linha no sítio sem uma saudação aos fiéis leitores de página toda.
E é engraçado como um dos maiores clichês da morte é dizer que precisou o cabra morrer para ser reconhecido e “por que não o homenagearam em vida?”, e coisa e tal.
Mas é, precisou o Impedimento me acordar dizendo que acabou pra eu finalmente me dar conta que era o Impedimento o jornal que eu assinava, o boteco que eu frequentava todas as noites de futebol, o ouvido que eu gritava minhas angústias que ia segurando da arquibancada até em casa, caminhando do Pacaembu até o e-mail pro meu site favorito.
E é engraçado como a gente escreve sobre tudo, se empolga, pesquisa, entrevista, troca ideias, referências, checa informação e blá-blá-blá, mas tem uma dificuldade tremenda, gigantesca, pra lidar com a perda, a ausência, a despedida na simplicidade de um relato-homenagem deste tamanho, mínimo.
Eu não levo jeito pra isso, nem gosto deste drama todo, então paro por aqui. Até porque a partir de agora nosso texto fica um pouco mais pobre, mais sem graça, também.
Foi o Impedimento quem simplesmente reinventou a crônica esportiva na transição pra internet. Agora vamos ter de reinventar nosso pós-jogo, bêbado sem bar, órfão da companhia do café. E achar um novo motivo pra pensar na manchete do jogo quando descemos as escadas do Municipal.
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Paulo Silva Junior, jornalista, escreve para o blog da Central 3 semanalmente, e apresenta os programas Folha Seca e Esporte Fino dentro do site.