Semana passada o mundo completou seu quarto ano sem Luiz Fernando Bindi, um geógrafo de formação, pesquisador, jornalista por rotina, um cara que teria, em seu futuro, ainda mais livros do que aquele que publicou e aqueles que ajudou a publicar.
Bindi está nestas letras por ter sido, em vida, meu amigo. Morreu tão jovem, mas era tão mais velho e tão mais sábio que eu, que, pouco após sair da faculdade, precisava sem saber de suas palavras. Elas vinham, sempre generosas e pontuais, certeiras.
Se foi aos 36. Assim é a vida, e quando ela acaba a gente sente o quão frágil pode ser. Ficou em mim traços das coisas que li e ouvi por apresentação dele, coincidências de uma vida profissional que teima em sempre me ligar a amigos dele, e uma promessa que me fiz: tudo que vier em minha carreira, será em homenagem a ele, em agradecimento às palavras que ele me dizia, de quem era amigo e de quem acreditava. E eu detestaria desapontá-lo.
Foi um dia tão triste que nem gosto de pensar. As lembranças dividem espaço com a frustração inconformada de uma vida abreviada, um coração que tanto tinha pra bater e um cara que estava tão feliz enxergando seu futuro profissional. Estava trabalhando em uma rádio. Comentando futebol. Estava deliciado, na verdade. Hoje, quem fala em uma rádio sou eu. Homenagem silenciosa cada vez que o Rec aperta.
O coração aperta muitas vezes de saudade. Minha bússola moral. Um amigo que tive.