No programa Titulares da última segunda-feira, eu afirmei que a gestão de Paulo Nobre é pior que a de seus últimos 4 ou 5 antecessores. A gestão, reafirmo. Não me parece um homem de maus princípios. Contudo, seu trabalho à frente do Palmeiras, um ano e meio depois de assumir, é um desastre, sem outro adjetivo. Um desastre.
No ar, no programa, não entrei em detalhes. Não vou mergulhar muito fundo por aqui também, mas passarei a lupa pelos pontos de análise possíveis.
Paulo Nobre trouxe Brunoro para ser seu braço direito. Virou um peso e uma indigesta relação, o parceiro do presidente opera mal no mercado e é parte importante da má relação do clube com W-Torre, com o basquete, além de nome indissociável do fracasso da equipe em termos de geração de renda, patrocínio e marketing.
O caso Barcos é um grande mico da dupla. Vieram 4 atletas do Grêmio, e Leandro, um deles, foi comprado por dinheiro que sanaria dívidas com o próprio Barcos. E Leandro é muito pior que o argentino. Alan Kardec é outro caso clássico para o anedotário de Nobre.
Em termos de contratações e, sobretudo, vendas de atletas, ninguém supera o atual mandatário. As trapalhadas, prejuízos e erros grotescos são muitos. E estamos vendo a novela Valdívia, esta coisa bizarra e única, acontecer.
A relação com a torcida é péssima e declaradamente irreparável, sem que, com isso, algo tenha mudado no cenário prático da arquibancada, dos poderes ao redor dela. Com a empresa que gere e manda no novo estádio, idem. Com o clube rival e vizinho, também. Com a TV Globo, com a imprensa em geral, é a mesma coisa.
No ano do centenário, no mês de aniversário, sai o diretor de marketing. O clube não consegue sequer um patrocínio. O basquete existe apenas no piloto automático. Em campo, no futebol, é um time sem precedentes de tão limitado. A boa intenção na relação entre salários e bonificações não pegou no mundinho dos boleiros.
A categoria de base não mudou nada. A tensão política não mudou nada. O lado bom, ainda que relativamente, é a eleição direta sustentada por esta gestão, e que vem aí, em breve. Eleição esta que pode dar ao próprio Nobre mais dois anos. Caso ganhe, a tendência é que sua gestão melhore, já que é difícil possível piorar.
Caso perca, o Palmeiras se encontrará com o maior problema gerado por Nobre em sua gestão, que é a inacreditável relação de credor e devedor que ele, como pessoa física, criou com o clube que preside. Sua injeção de dinheiro particular no Palmeiras é a aberração silenciosa que me amedronta.
O Palmeiras entrou em campo domingo com uma faixa apoiando a renegociação fiscal da dívida dos clubes. Boa intenção, boa vontade, cooperação com uma boa ideia? Paulo Nobre torce por soluções econômicas no futebol. Tendo a crer que o faz mais pelo seu próprio dinheiro que por amor ao Palmeiras.