por Mateus Ribeiro*
Nós temos medo. Temos medo por ver mais crianças em quadras fechadas de grama sintética do que arrancando o dedão no meio da rua jogando golzinho.
Nós não gostamos. Não gostamos de ver crianças de dez anos com suas chuteiras enfeitadas, tentando imitar os feitos de Ibrahimovic, e comemorando gols feito Cristiano Ronaldo.
Nós lutaremos. Lutaremos até o fim para que as nossas crianças aprendam que futebol é mais bola e menos firula.
Nós temos medo. Temos medo de ver crianças com camisas do Chelsea e do Real Madrid, mas que não sabem nem o nome do time da cidade.
Nós não gostamos. Não gostamos de ver pequenos boleiros formando seu caráter de torcedor através de estatísticas supérfluas, que transformam um David Luiz em um Beckenbauer.
Nós lutaremos. Lutaremos até o fim para que um dia os jovens admirem o Guarani de 1978 ao invés do Bayern de 2013.
Nós temos medo. Temos medo do que virou o conceito do jogador de futebol.
Nós não gostamos. Definitivamente não gostamos de jovens que tentam uma carreira dentro dos gramados apenas pelos benefícios e holofotes fora das quatro linhas.
Nós lutaremos. Lutaremos até o fim contra jogador que quer saber apenas do telão no gramado.
Nós temos medo. Temos medo da imprensa que cria um craque por dia .
Nós não gostamos. Não gostamos de bajulação em cima de quem saiu do terrão na sexta feira e no domingo se sente o Romário.
Nós lutaremos. Lutaremos até o fim para que um dia todos saibam que craque é quem realmente é decisivo, quem dá a cara a tapa. E que bom jogador não é mito,gênio, ou qualquer um destes termos abomináveis.
Nós temos medo. Temos medo da elitização do futebol.
Nós não gostamos. Nós não gostamos das arenas. Não gostamos de um “estádio” projetado para que a emoção seja domesticada.
Nós lutaremos. Lutaremos até o fim para que a arquibancada de cimento seja o lugar de realização dos cultos domingo a tarde.
Nós temos medo. Temos medo de que tentem matar o canto das torcidas.
Nós não gostamos. Não gostamos da eterna perseguição da imprensa, do Ministério Público e dos órgãos de segurança . Não gostamos do julgamento precipitado que tenta fazer o torcedor apaixonado virar bandido.
Nós lutaremos. Lutaremos até o fim pela festa do povo.
Nós temos medo. Temos medo do evento que as partidas estão virando.
Nós não gostamos. Não gostamos do ingresso com preço lá em cima.
Nós lutaremos. Lutaremos até o fim por mais vendedores de amendoim e menos opções de sabor de sorvete.
Nós lutaremos até o fim por você. Por nós.
LUTAREMOS ATÉ O FIM PELO FUTEBOL.