O final do mês de abril é sempre uma época de muita dor para o povo armênio, devido à triste lembrança do genocídio promovido pelo Império Otomano no período de 1915-18, durante a I Guerra Mundial, sob o regime dos “Jovens Turcos”, coalização liderada pelo partido Ittihad ve Terakkí Jemiyettí, e que seguiu de 1920-23 com a acentuação do nacionalismo turco. Estima-se que mais de 1 milhão de armênios tenham sido executados em campos de concentração. Centenas de milhares de armênios foram deportados ou fugiram para outras partes da Ásia Menor, Américas, Europa e Oceania.
Foi neste contexto de diáspora que fundaram, na Grande Buenos Aires, o Deportivo Armenio. No dia 2 de novembro de 1962, os amigos Carlos Potikian, Jorge Margosián, Nisan Devencian e Vahram Citciouglou se reuniram para formar o Club Armenio de Fútbol. Na estreia do novo quadro, os muchachians foram goleados por 10 a 0, jogando na Villa Soldati, em partida válida pela liga amadora Unión Argentina de Fútbol.
Em 1968 os fundadores decidem mudar o nome da instituição para o atual Club Deportivo Armenio, abarcando outras modalidades esportivas, e criar um distintivo em branco e preto, com o Monte Ararat ao fundo e a quinta letra do alfabeto armênio. Dois anos depois, o clube se filia à Asociación del Fútbol Argentino, começando sua etapa no futebol profissional, sendo derrotado por 2 a 1 pelo Deportivo Merlo.
Contudo, o primeiro ascenso vem logo na terceira temporada com o reforço dos veteranos Conrado Rabitto, Luis Nene Maidana e Guillermo Tuya, ao superar Barracas Central e também Liniers. Outra promoção veio quatro temporadas mais tarde, ao consagrar-se campeão da Primera C, em 1976, somando cinco pontos a mais do que Argentino de Quilmes e Excursionistas, com destaque para os atletas Alberto Parsechián, José Ubeda e Jorge Vendakis.
Na década seguinte, conseguiu mais um acesso, no ano de 1986, desta vez para a B Nacional, ao terminar na terceira colocação. Em sua primeira incursão na segunda divisão do futebol argentino, o plantel comandado pelo já citado Tito Parsechián fez uma campanha arrasadora – chegando a somar 34 partidas de invencibilidade – e foi campeão, garantindo seu lugar na elite, deixando para trás equipes tradicionais como Banfield, Huracán e Lanús.
Apesar da inexperiência, sua passagem pela Primera foi a página mais gloriosa da história do Deportivo Armenio, conseguindo vitórias em cima de Boca Juniors e River Plate, em plena Bombonera e Monumental de Nuñez, respectivamente.
Entretanto, a disparidade econômica e a falta de uma cancha própria abreviaram a convivência do Armenio entre os grandes, rebaixado por duas vezes seguidas em 1989 e 1990. Foi por este motivo que os dirigentes do clube se empenharam em erguer um estádio para chamar de seu. Eis que em 14 de março de 1992 foi inaugurado o Estadio República de Armenia, com capacidade para 10 mil torcedores, no Partido de Escobar, ao nordeste da Capital Federal.
O começo dos anos 90 também marcou uma nova etapa do clube de Ingeniero Maschiwtz. Com a dissolução da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas e a subsequente independência da Armênia, a diretoria do Armenio resolveu adotar as cores da bandeira – vermelho, azul e laranja – da flamante república caucasiana.
Atualmente, o Tricolor se mantém firme e forte na Primera B Metropolitana, na qual jogou as últimas 25 temporadas, e é uma das únicas equipes a ter transitado por todas as categorias do futebol argentino, ao lado de Arsenal de Sarandí e Defensa y Justicia. Em razão do centenário do Genocídio Armênio a camisa suplente foi alterada do verde para o preto, sinal de luto, com uma faixa diagonal tricolor e a flor miosótis do lado superior direito com a inscrição 1915-2015.