O Futebol não é apenas um jogo, ele muda vidas. Prova disso é o amor que Jairton “Coxa Branca” sente pelo Coritiba Foot Ball Club. Mesmo com todas as dificuldades – Jairton sofre de distrofia muscular devido a um erro médico – o torcedor apaixonado é presença ilustre (e quase garantida) quando o Verdão joga no Couto Pereira.
Nosso amigo Mateus Ribeiro bateu um papo com Jairton sobre diversos assuntos. Ele nos deu uma aula de amor, humildade e determinação em suas palavras. Um exemplo gigantesco. Confira abaixo a conversa e as lições de vida que Jairton nos ensina.
Mateus Ribeiro: Boa tarde Jairton. Desde quando você frequenta estádios?
Jairton Rocha: Boa tarde Mateus. Frequento o estádio desde 2011, isso porque não tive oportunidade de ir antes.
MR: Você disse que faltava oportunidade. O que, ou quem, possibilitou que você começasse a frequentar o Couto Pereira?
JR: Quando falo em oportunidade é porque moro em outra cidade longe de Curitiba, chamada Guaratuba (há 122 km da capital, no litoral do Paraná), e também porque achava que não tinha lugar no estádio para eu ficar, pois eu uso uma cadeira de rodas parecida com uma maca e eles podiam não deixar eu entrar no estádio por esse motivo. Pela minha própria segurança, coisa da minha cabeça.
MR: Entendi. E o seu primeiro jogo, qual foi?
JR: Coritiba 1 x 0 Santos pelo Brasileirão.
MR: Você poderia contar um pouco das emoções que sentiu? Foi tudo como você esperava?
JR: Cara, acho que foi mais do que eu esperava, pois só conhecia o Couto Pereira e via o Coxa jogar pela televisão ou ouvia pelo rádio, e ao me deparar com aquilo tudo, estádio, torcida, e ver o time do coração jogar, fiquei encantado.
MR: Você vai ao estádio com qual frequência?
JR: Quase uma vez por mês, por causa das despesas de viagem. Não temos carro próprio e tenho que contar com a colaboração de amigos, se não fosse por isso eu iria até em treinos.
MR: E a reação dos torcedores ao ver você vencendo todas essas dificuldades, como foi?
JR: Modéstia a parte, até hoje quando vou lá o carinho dos torcedores é muito grande, recebo muitas mensagem de carinho pelas redes sociais. A torcida do Coxa é maravilhosa comigo, e não é só do Coxa de outros clubes também. O respeito é muito grande.
MR: A diretoria do Coritiba já te procurou para te homenagear, agradecer, ou fazer algo do tipo?
JR: Homenagear não, mas eles tem grande consideração por minha pessoa, e me tratam super bem por lá.
MR: O clube nunca te procurou para tentar ajudar você a frequentar mais as partidas? No caso de procurar, você aceitaria numa boa?
JR: Eu aceitaria sim, porém, tenho a consciência que o clube não tem nenhuma obrigação em me ajudar, pois sou apenas um torcedor como tantos.
MR: Falando sem ser um torcedor como os outros, quem frequenta estádios sabe que durante as horas que passamos assistindo uma partida de futebol esquecemos de todas as dificuldades. Com você acontece a mesma coisa? Ali dentro, durante duas horas, seu mundo é o Coritiba, e o Coritiba é o mundo?
JR: Eu seria hipócrita se eu te falar que na hora do jogo não passa mais nada na minha cabeça, porque sempre alguma outra coisinha vem, mas a emoção de ver o Coxa jogar sempre é maior.
MR: Sobre os jogadores, você chegou a conhecer algum ?
JR: Conheci vários. Em 2013, o Coritiba lutava contra o rebaixamento e precisava desesperadamente vencer as duas últimas partidas para não cair, e na penúltima rodada contra o Botafogo do Rio, de Seedorf e companhia, fui procurado para ir ao treino do Coritiba na véspera do jogo para passar uma palavra aos jogadores e na ocasião conheci o elenco todo. (Nota: o Coritiba venceu por 2 a 1).
MR: Você já foi para algum outro estádio fora o Couto? Qual a maior distância que percorreu para ver o Coxa?
JR: Como te falei, em 2013 o Coritiba precisava ganhar as duas últimas partidas e o último jogo do Coritiba era em Itu, interior de São Paulo, no campo do Ituano contra o São Paulo, pois o Tricolor tinha perdido o mando de campo. Esse foi o lugar mais distante que fui até agora.
MR: Alguém te acompanha nos estádios?
JR: Minha família me apóia e vai comigo, minha esposa Solange, meu filho Jairton Jr e minha filha Maikelly.
MR: Costumamos dizer que o futebol muda vidas. Você poderia nos dizer o que o futebol representa para você?
JR: O futebol representa pra mim, um grande impulso para a vida, do futebol tiro minhas emoções, alegria e minha força pra viver, claro que Deus sempre em primeiro lugar.
MR: Maravilha! Jairton, você é um exemplo para todos nós que amamos futebol. Sua força de vontade é uma das provas de que o futebol é muito mais do que um jogo. Você gostaria de deixar uma mensagem para os demais torcedores?
JR: Muito obrigado Mateus por suas palavras. A mensagem que fica a todos os torcedores de qualquer time do Brasil e do mundo, e que amem seus times, torçam, vibrem, se emocionem, mas que a paz de Deus esteja em todos os estádios, acima de qualquer resultado e na vida de todos.
MR: Eu é quem agradeço! Continue firme e forte na sua luta diária! Um abraço