Clásicos Para Todos

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Após 23 rodadas do Campeonato Argentino, eis que surge uma das poucas ideias aclamadas pelo público no projeto de Julio Grondona ao elevar o número de equipes da Primera de 20 para 30. O malfadado torneio inclusive leva o nome do finado presidente da AFA, seguindo a tradição recente do programa governamental Fútbol para Todos ao homenagear postumamente uma personalidade influente.

A fórmula de disputa prevê que todos os clubes se enfrentem em turno único. A novidade consiste em uma rodada extra composta por clássicos ou rivalidades locais com mando invertido. Ou seja, a equipe que recebeu o seu rival em uma partida anterior o visitará, e vice-versa, a partir desta sexta-feira quando será disputada LA 24, a mãe de todas as FECHAS.

Este modelo não é pioneiro em nosso continente, pois desde 2002 a División Mayor del Fútbol Colombiano instituiu a fecha de los clásicos. Contudo, esta rodada que serve para enriquecer as rivalidades e trazer mais público às canchas está em crise na Colômbia, visto que apenas dois clássicos de fato – vitória por 1 a 0 do DIM sobre o Nacional no clásico paisa e empate em 1 a 1 no clásico capitalino entre Santa Fé e Millonarios – foram jogados na semana passada.

Ao longo das últimas 13 temporadas camisas tradicionais do futebol colombiano foram superadas por equipes emergentes e perderam espaço na Dimayor. Sendo assim, América de Cali, Bucaramanga, Deportivo Pereira e Unión Magadlena deixaram órfãos de rivalidade, respectivamente, Deportivo Cali, Cúcuta, Once Caldas e Junior Barranquilla.

O mesmo não ocorre na Argentina, devido ao já referido inchaço da competição, e neste final de semana serão realizados 6 clássicos tradicionais e outro mais moderno, além de rivalidades regionais e outros duelos que destoam dos demais.

E cabe um adendo à visão dos hermanos sobre o termo clásico. Ao contrário do futebol brasileiro, no qual uma equipe geralmente possuí mais de um clássico (ex: Choque-Rei, Dérbi, Majestoso) na Argentina cada clube tem apenas um rival para chamar de seu – imutável, salvo raríssimas exceções – respeitando as origens “barriais”.

Prepare o choripán, ponha a Quilmes na geladeira e acesse o site do FPT  para acompanhar sete JOGÕES. Vamos a eles:

El Clásico de Avellaneda (Matias Pinto)

(Libertadores de América, sábado às 16h10)

Avellaneda

Esta rivalidade surgiu em 1907 quando o “forasteiro” Independiente trocou Buenos Aires por Avellaneda, cidade que viu nascer o Racing Club quatro anos antes, e no primeiro encontro vitória “visitante” por 3 a 2. Já em 1928, o Rojo edificou o seu estádio a poucos metros da cancha aonde brilhou La Academia – campeã por nove vezes, sete de maneira consecutiva (1913-19) – mais precisamente na Avenida Adolfo Alsina.

Pelos títulos – os diablos conquistaram os torneios de 1922 e 25 – e pela quantidade de sócios, os clubes de Avellaneda integraram o seleto rol dos Grandes ao lado de Boca Juniors, Huracán, River Plate e San Lorenzo na transição do amadorismo para o profissionalismo. Nesta nova etapa, o Independiente foi logo bicampeão entre 1938 e 39 e deu outra volta em 1948. Já o rival passou por incômodo jejum de 24 anos até sagrar-se tricampeão (1949-51) – feito inédito no futebol argentino – enquanto remodelava a sua cancha, reinaugurando-a com o nome de Juan Domingo Perón – graças ao apoio de Antonio Cereijo, à época ministro da Fazenda – e o apelido de Cilindro.

O Racing voltou a campeonar em 1958 e 61 enquanto o vizinho fez o mesmo em 1960 e 63. Com esta conquista, o Rojo carimbou o passaporte para a então Copa Campeones de América, da qual foi campeão em 1964 e repetiu a dose já com a nova nomenclatura de Copa Libertadores de América, perdendo a final da Copa Intercontinental nas duas oportunidades para a Internazionale, de Milão.

Comandado por Juan José Pizzuti, os albicelestes foram campeões em 1966 e no ano seguinte trouxeram novamente La Copa para Avellaneda. El Equipo de José, ao contrário do lado vermelho da cidade, também conquistaram o Mundial ao bater o Celtic, de Glasgow, na partida desempate no Estadio Centenario, sendo a primeira equipe argentina a lograr tal feito.

Porém, esta foi a última glória racinguista por décadas, enquanto que o Independiente conquistou mais 7 campeonatos argentinos (Nacional 1967, Metropolitano 1970-71, Nacional 1977-78, 1983 e 89), 5 Libertadores (1972-75 e 1984) e 2 Mundiais (1973 e 84) se valendo do talento de Ricardo Enrique Bochini, meia surgido nas inferiores do clube e que jogou de 1972 a 91, apenas substituindo a camisa roja pela albiceleste da seleção argentina.

Neste período, o clube foi coroado como Rey de Copas e ainda foi o responsável direto pelo rebaixamento do arquirrival em 1983, que retornou à elite apenas na temporada 1986/7. Dois anos depois, o Racing ganhou a primeira Supercopa dos Campeões da Libertadores encerrando a seca de títulos em nível internacional.

Na década seguinte, o Diablo conquistou seu 15º título argentino (Apertura 1994) além do bicampeonato da Supercopa (1994-95). Na outra ponta da calle Italia, La Acadé antecipou a crise financeira na qual a Argentina seria absorvida e decretou falência em março de 1999. A hinchada literalmente abraçou o clube, impedindo que a sede social fosse arrematada e lotou o Cilindro de Avellaneda mesmo com o time sendo impedido de jogar. No ano seguinte os dirigentes do clube optam pelo projeto empresarial da Blanquicelete S.A. que passou a administrar a entidade.

Com a virada do milênio, o Racing encerrou os 25 anos de fila ao conquistar o Apertura 2001, no final do ano mais turbulento da política argentina, no qual o país teve 6 presidentes diferentes no intervalo de uma semana e mais de trinta vítimas fatais em protestos populares.

Los Milito (Clasico de Avellaneda 2002)

O Independiente conquistou seu último título local (Apertura 2002) na temporada posterior, com destaque para Daniel Montenegro, jogador que em suas três passagens pelo clube jamais perdeu um clásico (12j, 6v, 6e) para o arquirrival. Ao contrário de Diego Milito que tem um retrospecto negativo (9j, 2v, 3e, 4d) no confronto, mas foi decisivo na última edição do mesmo, ao converter a penalidade que deu a vitória mínima para os donos da casa, e também na conquista do Transición 2014.

Falando em números, o Independiente leva vantagem em quase todos os quesitos: maior quantidade de vitórias na Primera (71 x 49), maior diferença de gols (288 x 241), maior goleada (7 a 0 no campeonato de 1940) etc. Contudo, no presente o Racing leva vantagem ocupando a 4ª posição com 43 pontos – aguardando a decisão do Tribunal em relação à vitória parcial sobre o Godoy Cruz – 5 a frente do rival na 6ª colocação.

El Clásico de Barrio más Grande del Mundo (Leonardo Lepri)

(Tomás Ducó, sábado às 18h10)

Huracán vs San Lorenzo

Se você enxerga no clásico platense a prova cabal de que o mundo sempre tende a inclinar para um lado, o histórico dos confrontos envolvendo Huracán e San Lorenzo reforça sua suposição de forma EXPLICITAMENTE PORNOGRÁFICA.

Em franca decadência, apesar de algumas conquistas recentes, o Globito foi perdendo protagonismo ao longo dos anos e ficou sem forças para sustentar o pesado mote de SEXTO GRANDE. Os quemeros se habituaram ao exercício da inveja sem escrúpulos e passaram a espiar por cima do muro como a grama do vizinho é mais verde.

Já o San Lorenzo se acostumou às manchetes muito antes de Francisco desembarcar em Roma. Os de Boedo ousaram e souberam conquistar sua primeira – e única até aqui – Copa Libertadores no ano passado. Há quem arrisque dizer que aquela derrota do Nacional Querido pelos pés do carrasco Ortigoza sepultou um cancioneiro popular imensurável. E junto com isso foi-se também um pouquinho do orgulho de Parque Patrícios, que nunca chegou nem sequer perto de arranhar LA COPA, mas que entrava em êxtase apenas por assistir o rival de toda la vida encontrar os mais trágicos destinos na competição continental.

Por el Derecho a la Identidad

O clássico ganhou tanta fama por ser o mais portenho entre todos de Buenos Aires. O Huracán originalmente é de Nueva Pompeya, mas construiu o inigualável Palacio Ducó em Parque Patrícios, bairro vizinho a Boedo, onde o Ciclón foi muito feliz jogando no Viejo Gasómetro (ainda que naqueles anos a região pertencia a Almagro, daí o nome San Lorenzo de Almagro, e hoje manda suas partidas no Nuevo Gasómetro, em Bajo Flores). Portanto, trata-se de mais um confronto enraizado nas origens de bairro, local de milongas, tradicional ponto de encontro de boêmios e tangueros.

Mas antes de perder-se pelos caminhos entre Boedo e Parque Patrícios, voltemos às justas injustiças desse mundo. Segundo levantamento feito pelo canal de esportes TyC, o San Lorenzo leva 33 jogos de vantagem sobre o rival. Ou seja, o Huracán precisaria vencer todos os clássicos pelos próximos 15 anos para equilibrar a balança e empatar as aterradoras estatísticas.

Pese a isso, houve um dia, um jogo que ambos perderam. No Apertura de 1997, o clássico estava marcado para acontecer no Nuevo Gasómetro. Os quemeros que chegavam em bom número e foram emboscados próximos à Ciudad Deportiva, já nas imediações do estádio azulgrana. No meio da confusão, disparos e um corpo já sem vida no chão. Nem mesmo a morte de Ulises Fernández, 27 anos e torcedor do Huracán, cancelou a partida que começou pontualmente às 19h15.

Do lado visitante, arquibancadas vazias. Nada de tirantes, trapos ou banda. O clima era estranho quando, de repente, entrou a torcida do Globo e de imediato rompe em outro confronto, agora com a polícia. O tumulto forçou a paralisação do jogo aos 22 minutos do primeiro tempo. O capitão quemero naquela tarde, Pedro Barrios, foi até o alambrado para tentar acalmar a situação, mas percebeu que a pacificação era impossível.

Os minutos que faltavam nunca mais foram recuperados assim como a vida de Ulises. Nem naquele dia e nem em nenhum outro. A AFA decretou a derrota dos dois clubes, de fato o que realmente aconteceu naquele fim de tarde de dezembro.

El Clásico Rosarino (MP)

(Gigante de Arroyito, domingo às 15h10)

Fue una ciudad siempre mansa

Donde nunca hubo batallas

Salvo fieros combates

Entre leprosos y canallas

“La Leyenda de Rosario” de Enrique Llopis

Rosario

Abrindo a jornada dominical, temos o duelo mais peleado do futebol argentino. Rosario está praticamente dividida entre Central e Newell’s Old Boys. A ferrovia com destino à Cordoba marca os limites geográficos entre auriazules ao norte e rojinegros ao sul. Caminhando pela avenida Avellaneda, o visitante pode se localizar pelos diversos muros pintados com as cores dos rivais rosarinos.

A origem dos clubes nos leva ao século XIX, quando a presença inglesa ainda era bastante acentuada. Em dezembro de 1889, cerca de setenta ferroviários decidem formar o Central Argentine Railway Athletic Club para rivalizar com o aristocrático Rosario Cricket Club. Na passagem do século, os associados decidem expandir suas atividades para além dos empregados da empresa e adotam o nome castelhano de Club Atlético Rosario Central, em 1904, que se mantem até a atualidade.

No ano seguinte, a renomeada instituição se filia à Liga Rosarina e enfrentam pela primeira vez o Newell’s Old Boys, concebido dois anos antes por ex-alunos do Colegio Anglo Argentino. Os veteranos decidiram homenagear o professor Isaac Newell, inglês oriundo de Kent que chegou à Argentina em 1884 para lecionar sua língua materna.

Contudo, reza a lenda que a rivalidade só atingiu os contornos atuais na prévia de um amistoso em benefício ao Hospital Carrasco, que combatia o surto do Mal de Hensen durante a década de 1920. Aparentemente os dirigentes do NOB se entusiasmaram com a ideia, que foi rechaçada pelos seus pares do CARC, episódio que cunhou os apelidos de leprosos canallas, respectivamente.

O primeiro passo rumo à profissionalização do futebol na cidade foi a criação da Asociación Rosarina de Fútbol, em 1931, consonante ao que se passava em Buenos Aires. No final da década, os rivais solicitam à AFA a participação no Campeonato Argentino, quebrando a primeira barreira das equipes do Interior em relação à Capital Federal e adjacências.

O clássico de estreia na nova categoria terminou empatado em 1 a 1. Por sinal, a igualdade é o resultado mais comum neste confronto, registrado em 73 oportunidades contra 49 vitórias do Central e 42 triunfos do Newell’s. Logo em sua terceira temporada na elite, os canallas são rebaixados e tão logo conseguem o ascenso voltam a cair em 1950, só retornando à Primera na temporada subsequente.

Os leprosos também sentiram o gosto amargo da B ao término de 1960 e tal qual os rivais conseguiram o acesso na primeira tentativa. Porém, por conta de uma acusação de suborno, o clube só conseguiu retornar ao seu lugar por direito após dois anos de disputas fora de campo.

Os anos 70 foram o auge para o futebol rosarino. A começar pela semifinal disputada entre os rivais pelo Nacional de 1971, em pleno Monumental de Núñez, na qual o Central saiu vencedor com o recordado gol de palomita anotado por Aldo Poy. Na decisão, a equipe comandada por Ángel Labruna sagrou-se campeã ao bater o San Lorenzo por 2 a 0. Em 1973, novamente o San Loré foi o coadjuvante da festa canalla, após o empate por 1 a 1 na última rodada do quadrangular final, disputado com Atlanta e River Plate.

Já o Newell’s devolveu a derrota de três anos antes, quando Mario Zanabria igualou o marcador no Gigante de Arroyito em 2 a 2, faltando 10 minutos para o final da partida decisiva do Metropolitano de 1974.

O Rosario Central também participou da primeira Final del Interior quando bateu o Racing, de Córdoba, pelo placar global de 5 a 3. Contudo, o clube voltaria a ser rebaixado em 1984 e tão logo voltou à Primera, conquistou o seu quarto título argentino na temporada 1986/7, cujos destaques foram dois remanescentes do Nacional 1980: Edgardo Bauza e Omar Palma.

Diante da superioridade do rival, o NOB deu a resposta ao ganhar o torneio seguinte, com a afirmação de nomes como Gerardo Martino, Juan Manuel Llop e Norberto Scoponi, peças chaves na Era Bielsa, quando os leprosos alcançaram os canallas em número de taças (1990/1 e Clausura 1992). E com a conquista dos torneios Apertura 2004 e Final 2013, o placar virou para 6 a 4.

Internacionalmente, o Central ostenta o título da Copa Conmebol em 1995 enquanto o Newell’s se orgulha das duas finais (1988 e 92) disputadas pela Copa Libertadores. Ambos se enfrentaram também na fase doméstica da Copa Sul-Americana, em 2005, gerando diversas ocorrências pela cidade, antes e depois do gol solitário de Germán Rivarola para o CARC.

Um novo rebaixamento auriazul em 2010, fez com que os rivais não se enfrentassem por três anos. Contudo, os rojinegros desconhecem o sabor da vitória desde o retorno do clássico. São quatro derrotas consecutivas, algo inédito no confronto, e que somadas aos três empates anteriores à queda do Central fazem com Newell’s amargue um tabu de sete jogos.

El Clásico Platense (MP)

(Estadio Único, domingo às 16h)

Clasico Platense

Julho de 2009, na mesma semana em que o Estudiantes conquistava o seu quarto título da Copa Libertadores, o Gimnasia precisava de um milagre para manter a categoria pela promoción, após ser goleado por 3 a 0 em sua visita ao modesto Atlético Rafaela. Este cenário demonstra quão desigual é a rivalidade em La Plata.

O Club Gimnasia y Esgrima surgiu em 1887, apenas 5 anos após a fundação da nova capital da província de Buenos Aires, idealizada pelo governador Dardo Rocha. Porém, o clube mais antigo em atividade no futebol argentino só foi tomar gosto pelo esporte bretão com a construção da Plaza de Juegos Atléticos, no primeiro ano do século XX, onde hoje se encontra um dos prédios da Universidad Nacional. Mais adiante, a equipe passou a jogar no Club Belgrano até concluir a sua cancha, em 1924, na intersecção das calles 60 e 118 na região do Bosque. Nesta época, a rivalidade com o Estudiantes já estava consolidada.

Inspirados pelo Alumni, equipe histórica dos primeiros anos do amadorismo, alguns muchachos que jogavam na mesma praça que os gimnasianos decidiram formar a sua própria equipe. Como a maioria deles estudavam no Colegio Nacional decidiriam nomear o clube surgido em 1905 com a sua ocupação social. Não tardou para os pincharratas encontrarem sua combinação de números pelas ruas de La Plata. Em 1912, foi construída a primeira tribuna coberta da Argentina no cruzamento das diagonais 1 e 57.

Desde o advento do profissionalismo, a cidade sempre esteve representada por um dos seus clubes. Da mesma forma que os demais clássicos apresentados até aqui, pinchas triperos nunca se enfrentaram pela B, e no confronto direto o Estudiantes supera o Gimnasia em 10 vitórias (55 x 45).

Coube ao León a primazia de ser o primeiro clube a quebrar a hegemonia do “Clube dos 5” e conquistar o primeiro título entre os chicos, sagrando-se campeão do Metropolitano 1967 sob o comando do polêmico Osvaldo Zubeldía. El Zorro também foi o treinador no tricampeonato da Libertadores (1968-70) e no título mundial (1968) ao bater o Manchester United, somando a malandragem de Carlos Bilardo e o talento de Juan Ramón Verón.

Quando o Lobo foi rebaixado, em 1979, pela quarta vez em sua história, logo em seguida o Doctor Bilardo, agora treinador, aplicou outro pinchazo no rival ao ganhar em sequência o Metropolitano 1982 e o Nacional 1983.

Entretanto, nos anos 90 foi a vez do Gimnasia rir da desgraça do Estudiantes, quando este foi rebaixado em 1994, mesmo ano da única taça do palmarés tripero na era profissional: a Copa Centenario.

Na segunda passagem do Pincha pela segunda categoria do futebol argentino, um sobrenome conhecido voltava a vestir a camisa do clube como titular. Nos referimos à Juan Sebastián Verón, que herdou o apelido e a técnica do seu pai.

La Brujita devolveu o Estudiantes à Primera e praticamente deu a volta ao Mundo até voltar as suas raízes 11 anos depois. E no ano do seu retorno é registrada a anedota mais emblemática deste clássico desigual. Os pincharratas estavam disputando o Apertura 2006 rodada a rodada com o Boca Juniors e quando os xeneizes visitaram o GELP, em 10 de Setembro, um grupo de barras invadiu o vestiário do árbitro Daniel Giménez e forçaram a suspensão da partida, quando a equipe local vencia por 1 a 0. No mês seguinte, o León devorou o Lobo por 7 a 0, registrando a maior goleada do clássico.

Os 45 minutos restantes foram disputados em 8 de novembro e segundo contam pelos lados do Bosque, a barra brava ameaçou os próprios jogadores do caso eles… VENCESSEM. Os comandados de Ricardo La Volpe não tiveram dificuldades para golear o desinteressado adversário por 4 a 1, sendo que o primeiro gol foi anotado por Martín Palermo, de passado pincharrata.

Mesmo ajudado pela “entregada” a equipe azul y oro perdeu o fôlego nas últimas rodadas, sendo alcançada pelo Estudiantes e ambos dividiram a ponta ao término do campeonato. No desempate, Verón e companhia viraram o jogo por 2 a 1, com gols de Palermo, José Sosa e Mariano Pavone.

El Clásico Santafesino (MP)

(Cementerio de los Elefantes, domingo às 16h40)

Clasico Santafesino

A 170 km ao norte de Rosario, seguindo as margens do rio Paraná, está localizada a capital homônima da província de Santa Fé. Herdeiro do pioneiro Santa Fe Football Club, surge em 15 de abril de 1907 no centro da cidade o Club United, que seria rebatizado posteriormente para Club Atlético Unión. Por sua origem privilegiada, os associados da equipe passaram a ser chamados pejorativamente de tatengues, que na gíria local designa os bon vivants.

Ao contrário do arquirrival, o Colón foi formado em 1905 por um grupo de adolescentes que passavam o tempo em um terreno baldio nas proximidades do porto, sendo futuramente apelidados de sabaleros, em alusão ao sábalo (chamado no Brasil de curimbatá ou papa-terra) peixe comum na região. Todavia, o clube só foi fundado formalmente em 12 de outubro de 1912 – día de la raza, que marca a chegada de Cristóvão Colombo ao continente – quando se filiou à Liga Santafesina, estreando com derrota para o Unión mas com o passar dos anos se tornou a equipe mais vencedora da cidade.

Em 1940, o Unión disputou a Primera B, organizada pela AFA, seguindo o exemplo dos clubes rosarinos, enquanto o Colón tardou mais oito anos para seguir o exemplo dos albirrojos, pois estava erguendo o seu estádio em um aterro na zona sul de Santa Fé. A cancha ficou pronta em 1946, quando o então vice-campeão Boca Juniors derrotou os donos da casa por 2 a 1. Porém, o estádio que foi primeiramente batizado com o nome de Eva Perón e depois alterado para Brigadier General Estanislao López, caudilho da província no século XIX, ficou eternizado com o mote de Cementerio de los Elefantes, pois diversas equipes tradicionais foram derrotadas no bairro Fonavi, inclusive o Santos de Pelé, em 1964.

Se coube ao Tate a primazia de ser o primeiro clube santafesino a se filiar a AFA, o Negro, por sua vez, conseguiu o primeiro acesso à Primera em 1965, sendo acompanhado pelo rival na temporada seguinte. Foram 46 clássicos disputados na elite e o equilíbrio é notável, com 21 empates, 13 vitórias do Unión e 12 triunfos do Colón.

Mas, a partida mais memorável aconteceu na definição do octogonal da B Nacional em 1989, quando os tatengues derrotaram os sabaleros por 2 a 0 no Cementerio, mesmo palco do clássico deste domingo. Inclusive, o atual treinador do Unión, Leonardo Madelón, esteve em campo naquela ocasião.

E se a cidade de Santa Fé ainda não celebrou uma conquista em nível nacional, ela pode se orgulhar dos inúmeros jogadores revelados por albirrojos rojinegros que fizeram história com a Albiceleste: casos de Leopoldo Jacinto Luque, Nery Pumpido e Pedro Pasculli.

El Superclásico (LL)

(Monumental de Núñez, domingo às 18h15)

Superclásico

A tarefa de escrever um texto sobre o Superclásico só encontra comparação possível no trabalho desempenhado por Sísifo. Sempre que o autor esboça um pretensioso sorriso ao ver o texto acabado, “otro Boca-River que termina a las piñas arrañando el final e aquele amontoado de palavras despenca montanha abaixo.

Muita coisa já aconteceu na história dessa rivalidade centenária. E muita coisa ainda está por acontecer. Nos dias que antecederam o confronto eliminatório pela Copa Libertadores deste ano, o nosso Blog enumerou vinte acontecimentos que marcaram alguns duelos envolvendo River Plate e Boca Juniors.

Mas como não poderia ser diferente, nem bem o texto foi publicado e o até então desconhecido Panadero borrifou uma espessa cortina laranja em todo material de pesquisa que, de tão desatualizado que ficou, fez Leonardo Ponzio chorar copiosamente em pleno gramado da Bombonera (?).

Mas onde foi que Sísifo encontrou essa bola de mármore que deve carregar uma e outra vez incansavelmente até o topo? É bem provável que seja mais do mesmo documentar aqui, nestas linhas, a origem dos dois maiores rivais do futebol argentino. Ambos compartilham as mesmas raízes, e daí a explicação para muita coisa. Seja como for, para quem ainda não sabe, vale reforçar o registro histórico e informar que o River Plate também nasceu no famoso bairro de La Boca e antes mesmo que os xeneizes (CARP em 1901 e o CABJ em 1905). Os dois tinham seus estádios bem próximos, a escassos metros e localizados na Dársena Sud. O River só foi se instalar definitivamente no lugar onde hoje se apresenta imponente o Monumental de Nuñez em 1938, depois de ter perambulado por outras canchas.

Pois então, de fato, essa rivalidade foi potencializada pelo local de origem dos clubes. Como conta o jornalista Diego Estévez em seu livro 320 Superclásicos, até 1957, o último campeonato vencido pelos millonarios antes de uma seca que durou 18 anos, o clube tinha o costume de festejar seus campeonatos tanto em Nuñez, o bairro de adoção, como também percorria as ruas de La Boca, já que havia deixado muitos torcedores por lá também.

O primeiro jogo oficial data de 24 de agosto de 1913, mas pesquisadores e historiadores encontraram registros amistosos anteriores a esta data. Daí pra frente, o resto é história conhecida por todos…

El Clásico del Sur (LL)

(La Fortaleza, domingo às 21h30)

General Roca

Fechando a nossa programação temos o duelo que talvez seja aquele considerado clássico mais recentemente, e em grande parte pela influência da imprensa.

Seguindo os conceitos geográficos, tão básicos na hora de compreender essas rivalidades, Lanús e Banfield encontram motivos para se odiarem. Estão separados por apenas quatro quilômetros. O Banfield no município de Lomas de Zamora, e o Lanús no município de mesmo nome. Apesar disso, os primeiros registros testemunham encontros amistosos e que ainda não possuíam uma carga tão grande de tensão e responsabilidade com o resultado.

Até mesmo porque os dois clubes concentravam a atenção em terceiros. O Talleres de Remedios de Escalada era a cara-metade do Granate, enquanto o Los Andes funcionava como inimigo número um do Taladro. Porém, ao longo dos anos 80, quando estes dois times do sul da grande Buenos Aires começaram a se encontrar frequentemente na B Nacional, os duelos aumentaram não apenas em quantidade, mas também em qualidade.

O grande BOOM no chamado Clásico del Sur acontece na década seguinte com o ascenso definitivo do Lanús em 1992, quando 30 mil seguidores se despediram de vez da B, sendo acompanhado pelo Banfield um ano depois. Na virada do milênio, cada qual conquistou um torneio curto: Apertura 2007 e Apertura 2009, respectivamente. A diferença está nos confrontos diretos (31 x 22 para os verdes) e nas conquistas internacionais (1 Copa Conmebol, 1 Copa Sul-Americana para os grenás).

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