Por Bruno Rodrigues
Imagine só jogar um campeonato de várzea e, pela frente, ter de enfrentar um craque do quilate de Pedro Rocha. Isso mesmo: Pedro Rocha, o uruguaio tricampeão da Libertadores pelo Peñarol nos anos 60 e ídolo do São Paulo na década de 70, cuja estreia pelo Tricolor completou 45 anos no último domingo.
Depois que se aposentou do futebol profissional, El Verdugo escolheu a capital paulista para morar e aceitou o convite de alguns amigos para fazer parte de um time de uruguaios que viviam na cidade.
A equipe, que quase sempre utilizava um uniforme parecido com o da Celeste, foi formada por membros da Casa de Uruguai, uma espécie de clube no qual os compatriotas do ex-são-paulino costumavam se encontrar. Um desses uruguaios, Roberto Managau, recorda a experiência de atuar ao lado de Pedro Rocha, seu ídolo desde a época em que ainda jovem já frequentava o Centenario para assistir ao clube de coração.
“Foi fantástico. Eu vi a carreira toda dele no Peñarol. Para mim foi o melhor jogador que eu vi. O Pedro jogou de zagueiro com nós, não quis jogar no meio” recorda Roberto, que hoje é gerente do restaurante uruguaio El Tranvía, localizado no centro de São Paulo.
“Eu me lembro de um jogo de mata-mata nesses nossos campeonatos, teve uma falta para nós na meia-lua e todo mundo disse: ‘Por favor, Pedro. É sua’. Um amigo nosso, uma figura, disse que queria cobrar. O Pedro deixou e falou: ‘Claro. Se tem fé, chute’. A bola foi parar lá em Montevidéu (risos)”, completa Roberto.
Outros ex-jogadores uruguaios defenderam o time da Casa de Uruguai em campeonatos amadores, como Santiago Pino, companheiro de Rocha no Peñarol dos anos 60 e depois técnico de futebol no Brasil, e Héctor Silva, meia que passou pelo Palmeiras no início dos anos 70 e que faleceu no fim de agosto passado.
Definitivamente aposentado dos gramados – e das peladas – Pedro Rocha chegou a frequentar algumas vezes o restaurante gerido pelo amigo Roberto. “Ele vinha aqui quando ainda não estava tão doente. A última vez foi com o Muricy, que o ajudou muito”, diz o gerente do El Tranvía.
Rocha faleceu no dia 2 de dezembro de 2013, um dia antes de completar 71 anos. O Verdugo lutava há anos contra complicações decorrentes de uma atrofia do mesencéfalo. A várzea será eternamente grata por esse grande zagueiro.