Round 12

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O Club Atlético Nueva Chicago beijou a lona no final desta temporada, após uma reação surpreendente nos últimos cinco assaltos, e se despede da elite do futebol argentino em sua sétima participação na Primera. O tradicional clube de Mataderos, zona oeste de Buenos Aires, foi fundado em 1911, apenas dois anos depois do nascimento da maior lenda do bairro: Justo Suárez.

O boxeador é considerado por muitos como o primeiro ídolo esportivo da Argentina. Seu primeiro título nacional, na categoria peso leve, foi conquistado na velha cancha do River Plate, ao ganhar por pontos de Julio Mocoroa. Em seguida, saiu vencedor em 5 lutas durante uma excursão de 4 meses aos Estados Unidos.

No retorno à Buenos Aires, foi recebido no repleto Luna Park, local onde venceu o chileno Estanislao Loyaza para deleite do então ditador José Felix Uriburu, acompanhado na primeira fileira dos futuros reis ingleses Edward VIII e George VI.

Em 1931, retornou aos EUA para tentar coroar-se rei dos pesos leves, mas antes mesmo de desafiar o detentor do cinturão Tony Canzoneri, foi nocauteado no nono round por Billy Petrolle. No ano seguinte, já de volta ao país natal, sofreu dois duros golpes fora dos rings: a separação da esposa Pilar Bravo e o fim da parceria com o seu mentor José Lectoure, proprietário do Luna.

A esta altura, a tuberculose começava a apresentar os primeiros sintomas e foi novamente derrotado, pelos punhos do compatriota Victor Peralta – medalha de prata nos Jogos Olímpicos de 1928.

Em sua última aparição entre as quatro cordas, fez uma luta arranjada no Palacio de los Deportes com o amigo Juan Pathenay, na qual saiu vencedor se despedindo em lágrimas do público, fechando seu cartel com 24 vitórias, 2 derrotas, 1 empate e 1 luta sem decisão.

Justo Suárez faleceu aos 29 anos na miséria, enquanto se tratava da enfermidade em Cosquín, província de Córdoba. Seu corpo foi enterrado no Cemitério de Chacarita, sendo acompanhado por uma multidão. No velho bairro foi homenageado posteriormente com o nome de uma rua, na qual está situado o Estádio República de Mataderos, altura do número 6900, casa do Nueva Chicago que, por sua vez, adotou para si o apelido que consagrou o vizinho mais bem sucedido: Torito de Mataderos.

Justo Suárez

No livro Final del Juego lançado em 1956 por Julio Cortázar, um dos contos (“Torito”) é dedicado à Justo Suárez, assim como tango “Muñeco al Suelo” (letra de Venancio Clauso e música de Modesto Papavero) gravado por Charlo em 1930, auge da carreira do pugilista que até hoje é reverenciado pela hinchada verdinegra. 

Outras personalidades do boxe argentino tiveram uma relação mais direta com a modalidade esportiva mais popular do país. Em 1967, quando o Racing Club conquistaria o primeiro título mundial para o futebol argentino, o peso mosca Horacio Acavallo já havia defendido por três oportunidades os cinturões da World Boxing Association (WBA) e do World Boxing Council (WBC). Racinguista fanático, Acavallo costumava usar um roupão com as cores e o distintivo da Academia.

Horacio Accavallo

El Roquiño – considerado um dos 5 maiores boxeadores do país na primeira edição dos Prêmios Konex, em 1980 – pendurou as luvas em 1968, mesmo ano em que Oscar Bonavena desafiou Joe Frazier pela segunda vez. Cria do Club Atlético Huracán, Ringo foi campeão amador na Argentina, em 1959, antes de se profissionalizar nos Estados Unidos, estreando com vitória, por nocaute técnico diante do local Lou Hicks, no mítico Madison Square Garden.

Ringo Bonavena

Foram mais 7 vitórias na sequência, em solo norte-americano, até Bonavena conhecer o gosto amargo da derrota, em decisão unânime dos jurados, para Zora Folley. No regresso à Argentina, Oscar precisou de mais 7 lutas para conquistar o título de peso-pesado. Antes de enfrentar o Smokin Joe pela primeira vez, Ringo ainda foi derrotado pelo compatriota José Giorgetti, vencendo a revanche, além de bater o canadense George Chuvalo.

Diante do campeão do New York State Athletic Comission (NYSAC), Bonavera teve um bom começo derrubando Frazier por duas vezes no 2º round. Porém, o medalhista de ouro da categoria nos Jogos Olímpicos de 1964, reagiu e ganhou a luta em decisão majoritária dos jurados, durante os 10 assaltos. Na já citada revanche, Frazier precisou de mais 15 assaltos para derrotar o argentino por decisão unânime.

Além de Fraszier, Bonavena teve o privilégio de disputar outro título, válido pela North American Boxing Federation (NABF), com outro histórico peso-pesado e medalhista olímpico. Em sua nona luta na arena mais famosa de Nova York, Ringo mediu forças com Muhammad Ali, sendo novamente derrotado ao longo dos 15 assaltos.

Oscar Bonavena se aposentou em fevereiro de 1976, ao vencer sua 58ª luta, contra Billy Joiner, na cidade de Reno, estado de Nevada, onde foi assassinado, em 22 de maio do mesmo ano, pelo segurança do bordel Mustang Ranch. Tal qual Justo Suarez, o funeral de Ringo foi acompanhado por milhares de fãs e uma rua foi batizada em sua homenagem em Nueva Pompeya, bairro vizinho de Parque Patricios, onde está localizado o Palacio Tomás Adolfo Ducó, cancha do Huracán, cuja arquibancada local (com capacidade para 19 mil pessoas) também leva o seu nome.

Tribuna

Em 2002, a prestigiosa revista norte-americana The Ring Magazine fez um levantamento dos 80 maiores lutadores ao longo das últimas oito décadas. Na 11ª colocação figura Carlos Monzón, único argentino presente no ranking e o segundo latino-americano mais bem colocado – atrás somente do panamenho Roberto Manos de Piedra Durán.

Mesmo nascendo a mais de 150 km de Santa Fé, El Escopeta era um reconhecido hincha do Colón, equipe mais popular da cidade banhada pelo Rio Paraná.

Carlos Monzón

Seu debut foi no ginásio do Club Sportivo BEN HUR em Rafaela, sudoeste da capital provincial, no qual derrotou Rafael Montenegro por Knock-Out. De fevereiro de 1963 à julho de 1970, Monzón vestiu as luvas em 100 oportunidades reunindo os cinturões de peso médio da Federación Argentina de Boxeo (FAB), da WBA e do WBC, aposentando-se em Montecarlo após vencer o colombiano Rodrigo Valdez por duas vezes em decisões unânimes.

Goles

Fora dos ringues, teve uma vida atribulada, como a maioria dos ídolos argentinos, cujo desfecho foi fatal. Na madrugada de 14 de fevereiro de 1988, o pugilista assassinou a atriz uruguaia Alicia Muñoz, sua segunda esposa, atirando-a da varanda da residência do casal, na cidade de Mar del Plata.

Carlos Monzón foi condenado a 11 anos de reclusão na Unidade Penal de Batán – sendo visitado inclusive pelo ator e boxeador Mickey Rourke. No começo de 1995, quando cumpria o regime semi-aberto morreu em um acidente de carro na Ruta Provincial Nº1.

Nesta época, outro argentino era o atual campeão dos pesos médios pela WBA. Em 12 de agosto de 1994, Jorge Fernando Castro derrubou John David Jackson ao aplicar um cruzado de esquerda no final do nono assalto. Tal qual o seu ídolo Diego Maradona, La Locomotora apelidou o seu lance mais famoso de La Mano de Diós.

Jorge Fernando Locomotora Castro

Outro xeneize que conquistou o cinturão da WBA foi o peso leve Raul Horacio Balbi. Em sua 53ª luta, Pepe derrotou por decisão majoritária o francês Julien Lorcy, em pleno Palais des Sports, na noite de 8 de outubro de 2001.

Raúl Pepe Balbi

Citando a banda Callejeros: “otro Boca – River que termina a las piñas arañando al final” o Millonario também sobe ao ringue com dois campões mundiais. Porém, o primeiro é um doble camiseta e o outro só conheceu o clube na fase adulta. Sergio Martinez nasceu em Avellaneda, mas por conta das constantes mudanças de emprego de seu pai, o metalúrgico Hugo Alberto, La Maravilla foi criada em Buenos Aires, Mar del Plata até se fixar em Quilmes.

O futebol sempre foi sua paixão, seja jogando pelo Claypole ou torcendo pelo Quilmes Atlético Club. Aos 20 anos de idade, esteve a ponto de se profissionalizar pelo Los Andes, mas acabou trocando as chuteiras pelas luvas e no final de 1997 estreou com vitória, após a desqualificação no 2º round do oponente Cristian Vivas.

No começo da sua carreira, lutou em nove oportunidades no ginásio do Club Argentino de Quilmes, clássico rival do QAC, e vestindo a camisa do Cervecero teve 100% de aproveitamento na casa do Mate.

Sergio Maravilla Martínez

Contudo, quando já havia unificado os cinturões da World Boxing Organization (WBO) e do WBC dos pesos médios, ao derrotar o estadunidense Kelly Pavlik em abril de 2010, foi homenageado no gramado do Monumental de Nuñez pela diretoria riverplatense, antes de uma partida válida pela B Nacional de 2012 diante do Gimnasia Jujuy.

Maravilla Martinez

Em sua sétima defesa dos títulos, La Maravilla teria pela frente o porto-riquenho Miguel Angel Cotto. Junito havia mudado recentemente de categoria, pois havia perdido espaço nos meio-médios ao ser batido por Manny Pacquiao e Floyd Meyweatther Jr. Mas foi o “estreante” naquela noite nova-iorquina que se deu melhor, derrotando o companheiro de “arquibancada” em decisão técnica da arbitragem no final do décimo assalto.

Cotto passou a torcer pelo River por influência do amigo Steven Álvarez, presidente da filial do clube em Porto Rico. Desde então, já foi visto diversas nas paravalanchas da Popular Sívori, sempre acompanhado de Los Borrachos del Tablón. Assim como Martínez, já foi homenageado pelo clube e nesta ocasião vestiu a camisa da banda roja com o número 14 – alusivo ao borracho na quiniela, jogo de azar muito popular na Argentina – em retribuição ao carinho dos seus amigos da barra brava.

Miguel Cotto

Recentemente, Miguel Cotto esteve presente no último Superclásico disputado em casa, no qual os visitantes ganharam por 1 a 0. Dois meses depois foi sua vez de ser derrotado pelo mexicano Saúl Álvarez, passando o cinturão do WBC.

Já no coração das arquibancadas, tanto La 12 quanto Los Borrachos del Tablón tiveram capítulos de suas disputas internas por poder escritos dentro de ginásios de boxe. No primeiro caso, Mauro Martín foi introduzido na segunda bandeja da Bombonera por Rafael Di Zeo, no final do seu reinado, pois Gabriel (irmão de Mauro) era o instrutor de Rafa à “nobre arte” no Club Leopardi, em Villa Luro.

La 12

A primeira aparição de Mauro Martín nas páginas policiais foi na noite de 22 de abril de 2006. Na ocasião, La Locomotora Castro foi nocauteado pelo colombiano José Luis Herrera no Luna Park e um hincha vestido com o agasalho do Nueva Chicago aplaudiu o vencedor. Mauro e seus sequazes logo identificaram o torcedor verdinegro; era El Gordo Óscar um dos referentes de La Banda de Matederos, que foi agredido pelo bando. A notícia da agressão correu pela zona oeste de Buenos Aires e poucas horas depois a residência da família Martín foi baleada em represália.

Quando o Boca Juniors visitou o Nueva Chicago pelo Apertura daquele ano a torcida local fez questão de lembrar da covardia dos bosteros com a seguinte canção:

Alla en Luna se vio que cagón que fuiste

Cuando fuimos a Boca, bostero no apareciste

Ya demostrate que siempre fuiste cagón

Porque no hiciste el guapo cuando llevamos el telón

Si vos sos de Boca tenes que saber

Que nos somos Chaca ya lo vas a ver

Que con Mataderos la vas a pagar

Porque a los cobardes lo vamos a matar

A partir deste episódio Mauro ganhando a confiança de Rafa, passando de aliados em meados dos anos 2000 à inimigos em 2011, quando Di Zeo saiu da prisão. Foram quase quatro anos de disputa pelo controle da barra brava com um saldo de três mortos. No começo de 2015, uma trégua foi selada e atualmente ambos dividem o comando à distância de La Boca, por conta do derecho de admisión.

Em 2007, mesmo ano em que o capo de La 12 foi preso, outra vítima fatal das internas foi contabilizada. Gonzalo Acro respondia ao grupo liderado por Adrián Rousseau à frente da barra brava do River Plate, que naquele momento se encontrava em pé de guerra com os irmãos Schlenker. Voltando para casa depois de uma sessão de treinamento, em um ginásio na Villa Urquiza, foi assassinado à mando de Alan Schlenker, sendo o primeiro caso desta natureza na mórbida lista de 309 falecidos pela violência no futebol argentino.

Gonzalo Acro

Jorge Rodrigo Barrios nasceu e foi criado em Tigre, noroeste da Capital Federal. Mas foi com o apelido de outro predador que o super-pena se tornou reconhecido internacionalmente: La Hiena. Em 9 de agosto de 2003, Barrios desafiou o brasileiro Acelino de Freitas, então detentor dos cinturões da WBA e WBO. O público da Miami Arena acompanhou uma luta muito disputada na qual o argentino derrubou Popó no oitavo e décimo-primeiro rounds. Todavia, no último assalto La Hiena não resistiu ao ferimento no supercílio esquerdo e foi derrotado por nocaute técnico.

Hiena

Naquela noite, Barrios vestiu um calção com as cores e o mascote do Club Atlético Tigre, algo corriqueiro ao longo de sua carreira. Prato cheio para os rivais do Chacarita que fizeram uma faixa com os dizeres: “Popo Freitas es de Chaca”. Coincidência ou não, o baiano já havia representado o São Paulo FC, que compartilha as mesmas cores com o Funebrero, na luta diante do nigeriano Daniel Attah no ano anterior.

Popó

Quando Mar del Plata sediou os Jogos Pan-Americanos em 1995 – competição na qual Cotto e Popó conquistaram a medalha de prata em suas respectivas categorias – um talento local acabou sendo eliminado nos 16-avos de final no peso mosca: Luis Alberto Lazarte.

El Mosquito sagraria-se campeão mundial pela International Boxing Federation (IBF) – uma das quatro entidades (ao lado das já citadas WBA, WBC e WBO) reconhecidas pelo International Boxing Hall of Fame (IBHOF) – quinze anos após a sua aparição pan-americana.

O título foi conquistado em casa, no ginásio do Club Once Unidos, mas Lazarte vestiu o cinturão, acompanhado de sua equipe, carregando os escudos do Club Atlético Alvarado – sua equipe de coração – e do Club Atlético Defensores de Belgrano – entidade que o abrigou em Buenos Aires.

Luis Lazarte

Ao ser derrotado pelo mexicano Ulises Solis, após empatar o primeiro desafio, Mosquito teve a chance de recuperar o cinturão da IBF diante do filipino John Rimel Casimero novamente em Mardel. O visitante saiu vitorioso, mas a equipe de Lazarte atacou Casimero e sua delegação, tendo que pedir intervenção policial. O caso gerou um conflito diplomático entre Filipinas e Argentina e Luis Alberto Lazarte foi banido do esporte, forçando sua aposentadoria aos 41 anos.

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