Torcer é claustrofóbico

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[Paulo Fernandes/Vasco.com.br]
[Paulo Fernandes/Vasco.com.br]

Aberta a transmissão ao vivo da rodada de domingo num canal de TV a cabo, a repórter, direto de São Januário, informa que a torcida do Flamengo que já está dentro do estádio reclama da falta de água. Parece que a lanchonete estava fechada no setor dos visitantes, ou mesmo as torneiras sem funcionar, enfim. A repórter diz que a irritação dos torcedores pelo fato pode causar algum problema.

Volta para o estúdio.

O comentarista, mais clichê impossível, afirma que quem vai para o estádio para causar confusão espera só um motivo para tal. Meio que dizendo: pronto, arrumaram uma desculpa para quebrar tudo.

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Ainda são três e pouco, corta para a Paraíba.

O Blog do Torcedor, no portal NE10, relata que torcedores do Sport precisaram tirar as camisas do clube para entrar no Almeidão, em João Pessoa, onde o clube enfrentou o Botafogo na abertura da Copa do Nordeste. Em razão de um confronto entre a torcida rubro-negra e a policia paraibana no jogo entre os clubes em 2014, o Ministério Público recomendou que desta vez a partida acontecesse sob os olhos de torcida única; na sexta-feira, a PM garantiu a permissão para a entrada dos visitantes, menos a organizada Torcida Jovem; no sábado, a CBF soltou comunicado também clamando pelo veto aos fãs do time do Recife; o próprio clube pernambucano chegou a dizer que, fosse assim, o jogo deveria acontecer com portões fechados. Enfim, quem comprou ingresso, nessa confusão de informações atravessadas e atropeladas, precisou tirar a camisa do Sport para entrar.

Ironia: como ilustra a foto do blog acima citado, um torcedor tem um distintivo, enorme, tatuado no peito.

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Cinco e pouco da tarde, São Leopoldo, Rio Grande do Sul. Aos sete minutos do primeiro tempo, o atacante Aylon desvia de cabeça e abre o placar para o Internacional, que visita o Aimoré pelo Campeonato Gaúcho. Na sequência, Mateus empatou para os mandantes. Com menos de 1000 ingressos disponíveis para a partida e preços de abusivos R$100, quem melhor viu os gols não foi um fanático pela bola: a torcida do Aimoré colocou um boneco inflável com a camisa do time na arquibancada. O jogo, visto por poucos, acaba marcado pela união de duas torcidas contra o assalto no valor de uma entrada de começo de temporada.

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[Gaviões da Fiel - Divulgação]
[Gaviões da Fiel – Divulgação]

Já é segundo tempo da rodada vespertina, coisa de seis e pouco, sol de horário de verão. Em Itaquera, clássico entre Corinthians e São Paulo pelo Campeonato Paulista e a Gaviões da Fiel exibe quatro faixas bem diretas: Quem vai punir o ladrão de merenda? [referência ao deputado Fernando Capez, do PSDB, inimigo histórico das organizadas e citado como participantes dum esquema de propinas em contratos de merenda escolar no estado]; Futebol refém da Globo; Ingresso mais barato; CBF e FPF, vergonha do futebol.

Pelo mesma postura, a torcida já havia sido repreendida pela Polícia Militar em jogo no meio da semana. Os Gaviões, que têm se mobilizado em protestos em frente a Federação Paulista de Futebol desde que punida pela festa realizada na final da Copa São Paulo, em janeiro, desta vez foram “convidados a baixar as faixas” pelo capitão Felipe. Comunicado pelo árbitro, o zagueiro atravessou o campo e fez gestos junto a seus seguidores, que cantavam: Ladrããããão, devolve o futebol pro povão!

Assistindo ao jogo na Globo, vejo Felipe correr com o jogo parado e tiro a TV do ‘mute’. A câmera não mostra a arquibancada. Na Bandeirantes, idem. Na internet, o 3G faz correr a imagem da Zona Leste para quem quiser ver.

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Torcedor perdendo a razão por estar sem água no verão carioca; torcedor em outro estado tendo de tirar a camisa para ver seu time; gol comemorado por boneco inflável num jogo de Campeonato Gaúcho com preço de final de Copa; o capitão do time pedindo, a mando do mediador, para a própria torcida silenciar o que a incomoda.

Seguimos em busca de ar.

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