Por Felipe el Biglia de la Gente Dominguez
Falar de Grêmio e San Lorenzo nos remete a um tempo não tão remoto. A equipe comandada por Edgardo Bauza batia o Imortal nos pênaltis, seguindo rumo ao sonhado título inédito. Cito Wander Wildner, o punk brega natural de Venancio Aires, com pompas e muita gaita gaudéria, pois foi ele quem compôs a melodia um dos cantos preferidos da Arena de Humaitá, na paródia de Bebendo Vinho, um dos clássicos de seu primeiro disco “Baladas Sangrentas”. Eis que, na semana que passou, o anjo dos dentes tortos lançou sua nova produção para o nosso deleite. “Wanclub” soma releituras de hits da carreira solo, canções históricas dos Replicantes e um par de inéditas.
Ao norte do Guaíba, o time do coração de Wander voltava a receber o Ciclón, pela terceira rodada da Libertadores. Uma Arena com espaços de sobra, era palco de um primeiro tempo equilibrado, morno e sem emoções. O Grêmio no imutável 4-2-3-1 mostrava suas ideias. Os comandados de Roger Machado atuavam com uma calma atroz, muitas vezes irritante, quase sempre ao ritmo cadenciado de Maicon, que com seus passes curtos fazia com que o tricolor ocupasse o campo rival.
O San Lorenzo tentava a sobrevida após a derrota contra a LDU e o empate em Bajo Flores frente ao Toluca. Pelo campeonato argentino, o quadro de Boedo empatou diante de Huracán e Gimnasia y Esgrima de La Plata, ocupando o terceiro posto da Zona 1 do Torneio Transición com 12 pontos em 6 rodadas – dois a menos que o líder Rosario Central. Pablo Guede tenta implementar suas ideias ortodoxas de futebol. No jogo contra o Toluca foi criticado por armar um 3-4-3 pouco usual e considerado suicida por boa parte dos hinchas azulgranas. Eis que para enfrentar o Grêmio em Porto Alegre, o ex-treinador do Palestino adotou um cauteloso 4-1-4-1, espelhando a marcação dentro de seu próprio campo. Franco Mussis, Fernando Belluschi e Néstor Ortigoza venciam seus duelos contra Douglas, Edinho e Maicon.
O Tricolor Gaúcho seguia encaixotado até que o zagueiro Fred acertou a cobrança de falta, batendo por trás da barreira e contando com a colaboração de Sebastian Torrico. Cabe lembrar, que o camisa 12 cuervo havia sido a figura do San Lorenzo no confronto de 2014, assim como no último jogo frente ao Toluca, quando evitou a derrota com intervenções cirúrgicas. O San Loré seguiu melhor na partida, apesar do revés. Ezequiel Cerutti e Sebastián Blanco davam amplitude, abertos na linha do meio para combater os ineficazes avanços de Marcelo Oliveira e Wesley. O gol de empate deu justiça ao que foi a primeira etapa. cruzamento preciso de Belluschi para o cabeceio do yorugua Martín Cauteruccio.
Roger tem boas ideias e sabe que o Grêmio poderia desenvolver um melhor futebol. Douglas, Giuliano e Luan são figuras apagadas nesses primeiros jogos da temporada. Não se pode dizer que o time sentiu a falta de Miller Bolaños, devidos aos poucos minutos do equatoriano – que atuou como falso 9 no GreNal acidentado e na goleada frente os seus conterrâneos da LDU. A única fonte inspirada no ataque era o jovem Everton, que atormentava Buffarini pelo costado esquerdo. O treinador gaúcho decidiu pelas entradas de Bobô, Fernandinho e Henrique. O canhoto Everton foi atuar na ponta direita, ao passo que Fernandinho fazia a mesma função pelo lado oposto. a ideia era contar com ponteiros de pé invertido, como faz Guardiola no Bayern de Munique com Robben e Douglas Costa. Mais do que isso, Bobô e Henrique dariam presença de área empurrando Marcos Angeleri e Matías Caruzzo para dentro da meta defendida por Torrico. Contudo, o que vimos foi o Ciclón tomar de vez as rédeas do confronto com superioridade na meiuca. Guede demorou em mover as peças. trocou um centroavante por outro com o ingresso de Mauro Matos por Cauteruccio. O veterano Leandro Romagnoli ingressou apenas aos 38 minutos do 2º Tempo no lugar do intrépido Ezequiel Cerutti.
O San Lorenzo esteve perto da vitória em escapadas de Emanuel Más e Blanco pelo lado esquerdo. Por fim, sob vaias e a frieza de sua Arena, o Grêmio consumou uma noite infeliz do futebol brasileiro. Os Gauchos de Boedo seguem vivos apesar da lanterna da chave, tentando encontrar um novo estilo de jogo e que sabe repetir a classificação agônica, tal qual 2014 frente ao Botafogo.