Cerca de 2h antes da bola rolar no Morumbi, membros das torcidas organizadas dos São Paulo FC marcavam presença na praça Roberto Gomes Pedrosa. Não se tratava de um protesto por conta da crise, dentro e fora de campo, ao qual o clube foi tomado nos últimos meses, mas sim um grito de sobrevivência.
Desde 1995, diversas medidas restritivas – demagogas em sua maioria – foram tomadas por diversos setores do poder público para tentar conter a violência no futebol paulista. Uma geração inteira de torcedores cresceu nas arquibancadas sem poder tremular bandeiras, tocar instrumentos e tomar cerveja enquanto apoiavam seus respectivos times, por conta de brigas que aconteciam há quilômetros das praças de jogo.
Foi a mesma situação que se repetiu no domingo (03/04), seguida de mais uma onda de proibicionismo nos estádios paulistas. A Secretária de Segurança Pública determinou que os clássicos a partir desta segunda-feira (04/04) serão realizados apenas com o público local – medida que se demonstrou falha na Argentina, Colômbia e Turquia, para citar alguns exemplos – e as T.O’s não poderão levar nenhum adereço que as identifiquem – repetindo erros do passado.
Coincidentemente, o cerco tem se fechado aos torcedores organizados desde que parte deles começaram a se manifestar contra a FPF e também o deputado estadual Fernando Capez (PSDB), presidente da Assembleia Legislativa e acusado de participar do “Esquema da Merenda”, que ganhou fama em sua cruzada contra as T.O’s, quando atuava no Ministério Público.
Gritos de “Prende o Capez, que roubou o Leite Ninho”, “Governador, cadê o meu Metrô?” e, novamente, “Ódio Eterno ao Futebol Moderno” ecoaram em frente ao portal principal, acompanhados da bateria e sinalizadores, logo após a chegada do ônibus que transportava o plantel são-paulino. Os 6 gols diante do Trujillanos foram comemorados no gogó e nas palmas, como a maioria dos presentes se (mal) acostumaram desde pequenos, entre eles o ex-volante Renan. No intervalo da partida, como é de costume no setor onde está localizada a Torcida Independente, se escutou o samba “Ninguém vai calar minha voz, jamais poderão me deter”, demonstrando que o protesto de ontem não será o último.