Dia 24 – Bode
por Gabriel Brito
Inglaterra 2 x 0 Suécia – Atropelo inglês
Primeiro dia da Copa onde só restaram europeus, lembrando 2006 e aqueles dias cinzas que encerraram minhas férias duramente organizadas em torno do Mundial.
Confesso que foi difícil manter atenção total à partida em que os ingleses facilmente despacharam os suecos e voltaram a uma semifinal depois de 28 anos.
A um passo da final, o renovado english team recupera boa parte da moral perdida dos últimos anos.
A quantidade de gols na bola aérea é marcante, mas seria injusto atrelar o sucesso do time apenas a um velho expediente de sua old school.
Trata-se de um time leve e com bons recursos técnicos. A eficiência de um surpreendente Jordan Henderson na cabeça de área se soma à habilidade dos bons Dele Ali, Sterling e Lingard. Estes, impõem um bom volume de jogo e explicam em parte as seguidas oportunidades a partir de faltas e escanteios.
Last, but not least, uma zaga forte, com fome de glória, tem sido um importante sustentáculo de um time que finalmente se desapegou das linhas de 4 como referência única em sua organização.
Opaca, a Suécia foi engolida pela engrenagem inglesa que embala na hora certa e soma duas boas apresentações nas partidas eliminatórias – a Colômbia, por mais que amemos, sequer merecera aquela prorrogação.
O jogo é daqueles que deixa claro que talentos individuais ainda valem mais que uma boa prancheta – esta deve complementar os primeiros, jamais o inverso.
Neste sentido, só podemos assinar embaixo a observação do colega Paulo Junior a respeito dos grandes meio-campistas e organizadores de time que marcam a campanha de vários europeus.
Antigos mestres nesta arte, os sul-americanos se especializaram demais em bons defensores e jogadores de lado de campo, matéria-prima sempre demandada pelo mercado externo, a reproduzir velhas sinas da história do continente. Duríssimas ironias da vida, que o futebol magistralmente reencena.
Organizado, o time nórdico não conseguiu se impor e oferecer perigo em momento algum, basicamente porque nenhum de seus atletas alcança o nível dos britânicos.
2 a 0 foi pouco e, apesar das boas surpresas semifinalistas, pinta a final entre duas camisas de peso e um novo bicampeão.
Rússia 2 (3) x 2 (4) Croácia – Fim do conto russo
Ainda baqueados, nos postamos preguiçosamente diante da TV para a última quarta de final.
Atrativo até havia, tanto pela possível extensão do devaneio russo de chegar numa semifinal de Copa do Mundo com um time precário como pelo bom time croata.
Este, ainda não repetiu a primeira fase e avançou com dois empates que não podemos dizer amargos, dado o peso da camisa, mas que ficaram abaixo das expectativas.
De forma muito menos brilhante, o quadro axadrezado repete a façanha de 1998, com a diferença de que não terá pela frente o dono da casa na disputa pela vaga na final.
Cheryshev entra pra história como um daqueles jogadores que brilha numa Copa e “mais nada” na vida. Golaço que encheu de esperança sua torcida – também uma torcida de Copa, nada a ver com o que vemos nos jogos dos clubes russos.
Mais rica tecnicamente, a Croácia achou o caminho do empate ainda antes do intervalo e não sei como não virou o jogo no segundo tempo.
Rakitic e Modric continuam sendo os esteios de um time cujos atacantes revezam momentos de brilho, mas deixam a sensação de que falta uma inspiração a mais.
Veio a prorrogação que seria o primeiro tempo extra com gols, neste caso de dois defensores que fizeram heroica Copa do Mundo.
Mario Fernandes manteve o Brasil vivo por mais algumas horas no Mundial, mas emulou os heróis do tempo normal que erram miseravelmente sua penalidade. Rakitic teve o inédito prazer de fechar pela segunda vez uma série de pênaltis.
Rivalidade política à parte, para a Rússia ficou de ótimo tamanho. Caiu de pé, como gostam de dizer. A Croácia aproveita as brechas e chega longe pela segunda vez. Mas terá de jogar mais do que fez contra Dinamarca e Rússia se quiser estender seu épico.