Como seria bom para as classes dominantes se a explicação para a desigualdade e a pobreza da maioria da população passasse por causas naturais… Nenhum pensamento simbolizou de forma tão cristalina esse desejo quanto a eugenia, teoria com origem no século XVIII e que contou com forte financiamento de grandes indústrias até culminar no Holocausto. No Brasil, essa pseudociência despontou no período pós-abolição como justificativa para a situação dos negros, sem acesso à terra em razão da manutenção do latifúndio e excluídos do mercado de trabalho pelo estímulo à imigração branca europeia.
Neste episódio do Guilhotina, Bianca Pyl e Luís Brasilino recebem o professor Weber Lopes Goés, doutorando em Ciências Humanas e Sociais na Universidade Federal do ABC e autor do livro “Racismo e eugenia no pensamento conservador brasileiro: a proposta de povo em Renato Kehl” (http://bit.ly/racismoeeugenia), lançado em 2018 pela editora LiberArs.
Na conversa, as origens europeias da eugenia, sua aceitação e aplicação nos Estados Unidos, a chegada ao Brasil e o pensamento do médico Renato Kehl, principal expoente da teoria no país. Além, claro, da atualidade e das expressões contemporâneas da eugenia por essas bandas…
*Trilha: Ba Kimbuta, “Não sucumbir”; e Ba Kimbuta, “Conceito”.
*E-mail: guilhotina@diplomatique.org.br.