Há uma linha clara que liga as mortes e torturas cometidas pela ditadura militar nos anos 1960 e 1970 e o assassinato pela polícia de cerca de 600 pessoas da periferia de São Paulo e na Baixada Santista em 2006, no episódio conhecido como Crimes de Maio. Essa conexão está sendo evidenciada pelo trabalho do convidado deste episódio do Guilhotina, o professor Edson Teles. Autor de diversos livros, dentre eles o mais recente é “O abismo na história” (http://bit.ly/abismo-na-historia), e militante da Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos da Ditadura, ele coordena desde janeiro o Centro de Antropologia e Arqueologia Forense (Caaf) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
O órgão realiza estudos com remanescentes ósseos da Vala de Perus, onde foram enterrados os corpos de diversos desaparecidos políticos do regime autoritário, e analisa as circunstâncias de 60 casos de assassinatos cometidos em maio de 2006 na Baixada Santista. Os traços de violência policial em cada caso são marcantes.
Na entrevista, Edson analisa os impactos da impunidade das violações cometidas por agentes de Estado durante a ditadura. De acordo com ele, a anistia de crimes contra a humanidade não só não faz sentido enquanto etapa de consolidação da democracia, no que se convencionou chamar de “reconciliação nacional”, como abre brechas para a sua própria corrosão. Realidade evidenciada pela correlação entre os crimes dos anos 1960 e 1970 e as chacinas de hoje.
*Links: Dissertação de mestrado de Marielle Franco (http://bit.ly/tese_marielle); endereços do Caaf: site (https://www.unifesp.br/reitoria/caaf/), facebook (http://bit.ly/caaf_fb) e podcast (http://bit.ly/caaf_podcast).
Trilha: Depoimento de Debora Maria da Silva para o clipe de Emicida, “Chapa ft. Batucaderas do Terreiro dos Orgãos”; Racionais MCs, Mil Faces de um Homem Leal (Marighella).