As melhores músicas (internacionais) de (meu) 2021

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Por Luiz Felipe de Carvalho

Depois das melhores músicas nacionais de meu 2021 (que podem ser conferidas aqui https://www.central3.com.br/as-melhores-musicas-nacionais-de-meu-2021/), chegou a hora das melhores músicas internacionais de meu 2021.

Antes de partir pras músicas, algumas considerações que faço todo ano: não consumo música por streaming, apenas por CDs, que coleciono e compro em quantidade maior do que deveria, e menor do que gostaria. Também quase nunca ouço álbuns lançados no mesmo ano, em geral faço uma “comprona” de CDs a cada ano ou dois, compro alguns em sebos quando estou viajando, mas quase nunca são discos recém lançados. Também raramente ouço coletâneas, tento me ater a discos de carreira.

Ouvi 68 discos no ano passado, sendo 37 internacionais e 31 nacionais. Abaixo segue um pequeno texto sobre cada uma das faixas, e depois a playlist do Spotify.

Também fiz umas traduções meio mandrakes das letras, e coloquei em um arquivo do Google Drive, que pode ser acessado aqui :

https://docs.google.com/document/d/1FEJIrNx7vp2RjUVg2iEFnxPDlcUNmq9JuJy39NK_Qxc/edit?usp=sharing

1 – Kindness – Artista: Ben Glover – Composição: Ben Glover – Álbum: Shorebound (2018)

Violão acústico, bastante slide, bateria “ringoniana”, no sentido da simplicidade bem feita, um pouco de cello aqui e acolá, algumas harmonias vocais, e muita, muita melodia, à frente de tudo. Essa é a receita do disco “Shorebound”, de Ben Glover. Para mim é uma receita infalível. “Kindness”, que escolhi para colocar aqui, é uma prece, uma das coisas mais lindas que já ouvi (ok, posso estar sendo hiperbólico, mas é linda mesmo). Desde a primeira vez em que ouvi, já tive certeza de que ela estaria na minha lista de melhores do ano.

2 – Not in Kansas – Artista: The National – Composição: Aaron Dessner/Bryce Dessner/Matt Berninger/Carin Besser/Mike Mills – Álbum: I Am Easy To Find (2019)

Quase sempre quando ouço um disco, vou procurar algumas críticas feitas sobre ele. É bastante curioso como, de maneira geral, as minhas músicas preferidas não são as preferidas da crítica. Por exemplo, li uns quatro ou cinco textos sobre este álbum, e nenhum escriba cita “Not in Kansas” como um dos destaques do disco. E para mim ela é, sem sombra de dúvidas, a melhor faixa do trabalho. Bela melodia, ótima letra, cheia de citações à cultura pop, uma guitarrinha linda e hipnótica de fundo, um bom refrão, incursões de um coral feminino totalmente harmaniosas com o clima. Enfim, para mim é uma pérola, remetendo muito a Leonard Cohen.

3 – Everyday – Artista: Weyes Blood – Composição: Natalie Mering – Álbum: Titanic Rising (2019)

“Everyday” não é exatamente uma música de festa, mas é a mais animada de “Titanic Rising”, trabalho que Weyes Blood (nome artístico de Natalie Mering) lançou em 2019. A atmosfera do disco é melancólica, até um pouco lúgubre, lembrando muito os Carpenters, nas melodias e arranjos e, especialmente, no timbre de voz grave e emocional da artista, que lembra o de Karen Carpenter. Desse modo, até uma canção razoavelmente agitada como “Everyday” ganha um tom doce-amargo, em que a alegria nunca parece plena, está sempre por um fio. Isso pode ser exasperante na vida, mas na arte é uma característica preciosa.

4 – Play For Today – Artista: Belle & Sebastian – Composição: Richard Colburn/Christopher Geddes/Robert Kildea/Stephen Jackson/Stuart Murdoch/Sarah Martin – Álbum: Girls in Peacetime Want to Dance (2015)

Excetuando os Beatles, o Belle & Sebastian é minha banda favorita (já escrevi sobre eles aqui https://www.central3.com.br/belle-sebastian-sim-senhoras-e-sim-senhores/). Por conta disso, sempre comprei os discos deles assim que saíam. Mas com este “Girls in Peacetime Want to Dance” eu demorei um pouquinho mais, já que o álbum foi lançado em 2015 e só fui ouvir agora. Talvez eu tenha lido algumas coisas sobre o trabalho, dizendo que estava mais dançante, e não me animei muito. Mas na verdade esse é um disco com composições clássicas do B&S, mas que usa como pano de fundo, em alguns casos, as batidas eletrônicas. O que acontece eventualmente, também, é um riff feito com sintetizador, ao invés de uma flauta, ou violino. “Play for today”, a faixa que escolhi, tem mais de 7 minutos de duração. Mas é muito dinâmica, por conta da melodia, da letra, do arranjo e também da cantora convidada, Dee Dee Penny, das Dum Dum Girls.

5 – Please Don´t Die – Artista: Father John Misty – Composição: Tillman – Álbum: God´s Favorite Customer (2018)

Como bem disse o Billy Joel, não tem nenhum branco que faça rock sem ser derivativo. No caso de Father John Misty, a semelhança com outros artistas, especialmente Elton John, é muito grande. No entanto, as melhores músicas dele se parecem com as melhores coisas que Elton já fez. Ou seja, não é pouca coisa. Então ele está mais do que perdoado, e este disco é um trabalho quase sem falhas – embora, como já ficou claro, sem quase nada de inovador. “Please don´t die” é bonita para um caralho – com o perdão do português. Parece falar de alguém preocupado com uma outra pessoa, porque ela está se perdendo, e o narrador não quer que ela morra. Mas no clipe, feito em animação, o que dá a entender é que essa pessoa que está se perdendo é o próprio artista, que termina visitando o próprio túmulo. Vale a pena procurar o clipe no YouTube.

6 – Hope Is a Dangerous Thing For a Woman Like Me To Have – But I Have It – Artista: Lana Del Rey – Composição: Lana Del Rey/Jack Antonoff – Álbum: NFR! (2019)

“NFR!” não é apenas um disco. Lana te convida a adentrar um universo particular. É um álbum conceitual, com 14 faixas, e nenhuma fora do lugar. Eu, que costumo gostar de discos mais enxutos, teria muita dificuldade em escolher alguma faixa para tirar daqui. O mundo que somos chamados para habitar pelos 68 minutos do álbum é decadente, poético, triste, e incrivelmente belo. O disco é guiado pelo piano, tocado pelo produtor Jack Antonoff, também co-autor das faixas. Esta faixa – com nome enorme! – que escolhi é a que finaliza o trabalho, com chave de platina. De maneira geral as faixas são repletas de texturas, mas esta aqui é só voz e piano. Não é preciso mais nada.

7 – Settle For Nothing – Artista: Rage Against The Machine – Composição: Rage Against The Machine – Álbum: Rage Against The Machine (1992)

Embora esta lista esteja repleta de canções com belas melodias e vocais cheios de harmonias, esta foi a faixa que mais me emocionou no momento em que estava fazendo a tradução da letra. Não só por conta da letra em si, mas especialmente pela interpretação de Zack De La Rocha, que aqui alterna momentos mais sussurados com gritos sentidos no momento do refrão. De maneira geral, é um disco com muita energia. E o nome dessa energia é raiva. Isso fica claro em todos os componentes do grupo, na guitarra cheia de vozes do Morello, no baixo gritado do Timmy, na bateria martelada do Brad. Mas é claro que fica ainda mais claro nos impressionantes vocais de Zach de la Rocha, que não tem uma voz grave nem poderosa, mas compensa isso com muita força na interpretação.

8 – Elevator Operator – Artista: Courtney Barnett – Composição: Courtney Barnett – Álbum: Sometimes I Sit And Think, And Sometimes I Just Sit (2015)

“Elevator operator” é a primeira faixa do primeiro disco de Courtney. E eu diria que é uma excelente maneira de começar uma carreira fonográfica. Nada de introdução, os instrumentos e a voz de Courtney entram juntos, e agarram o ouvinte, em uma faixa dinâmica, com letra narrativa, lembrando muito Lou Reed, pelo jeito informal de cantar, nada emocional. A letra traz um narrador cujo sonho é ser um operador de elevador. Dá para imaginar alguém andando por um calçadão à beira mar e cantando, bem cool.

9 – Amor de Loca Juventud – Artista: Compay Segundo – Composição: Rafael Pascual Ortiz Rodriguez – Álbum: Las Flores de La Vida (2000)

O nome artístico de Compay vem de quando ele participava de um duo chamado Los Compadres, onde se especializou em fazer a segunda voz. Por isso, ficou conhecido como Compay Segundo, ou “segundo compadre”. Portanto, ao ouvir suas faixas, devemos procurar pelo belo barítono ao fundo, e não pela primeira voz mais aguda, para encontrar o artista. “Amor de loca juventud” é bonitinha que só ela, com seu arranjo singelo de clarinetes, e uma parte falada em inglês, bem debochada, como que traduzindo o que é cantado em espanhol, que parece ter sido gravada telo Tom Waits, pela voz rasgada, mas que na verdade foi feito por um cantor chamado Basilio.

10 – Milonga Del Moro Judío – Artista: Jorge Drexler – Composição: Jorge Drexler/Chico Sánchez Ferlosio – Álbum: Eco (2004)

Embora a composição desta música seja dividida, em verdade Chico Sánchez Ferlosio é responsável apenas pelos versos do refrão (“Eu sou um mouro judeu/Que vive com os cristãos/Não sei qual é meu deus/Nem quais são meus irmãos”), e por ter apresentado um desafio a Jorge: compor os versos restantes em forma de décimas, uma forma de poesia clássica espanhola, feita com dez versos de oito sílabas cada, com rimas entre alguns dos versos. Forma à parte, é uma bela canção, que fala sobre as religiões de maneira bastante questionadora.

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