Junts Pel Espanyol

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Por Felipe El Biglia de la Gente Dominguez

São quase 15h. Sigo perdido num bar localizado nas cercanias da estação Castelldefels. Peço uma tortilla acompanha por uma boa caña, à espera do meu grande amigo Marc. Esta grande figura nos convidara para conhecer a pacata região metropolitana de Barcelona. Bandeiras da Catalunha por todas as partes. As eleições regionais pela renovação do parlamento – realizada no último domingo – pulsam em vermelho, amarelo e azul. Não se fala de outra coisa. Recebo o folheto da coligação Junts pel Sí – que engloba os partidos Convergència Democràtica de Catalunya (CDC), Demòcrates de Catalunya y Moviment d’Esquerres e Esquerra Republicana de Catalunya (ERC) – que lidera massivamente as pesquisas graças ao clamor sobre a independência da região: “De 1989 a 2009, o governo espanhol modernizou e ampliou em 65 km a malha ferroviária nas cercanias de Madrid. Ao passo que na Catalunha convivemos com atrasos e lotação nos trens. Por fim, as políticas ferroviárias do Estado prejudicam ao povo e as empresas da Catalunha. Necessitamos decidir o modelo que queremos. Contar coma gestão própria, integral e moderna. Todos os anos, 16.000 milhões de euros saem da Catalunha e não voltam. Precisamos recolher nossos próprios impostos. Apenas com a independência teremos a capacidade e os recursos necessários. Você decide: progresso ou retrocesso?”

Bandera

Eis que chega meu anfitrião, um catalão dos quatro costados, que se diz favorável a independência, apesar de elencar os casos de corrupção envolvendo o líder Artur Mas. Cruzamos Viladecans, o seu vilarejo, às margens do rio Llobregat. O município com 65 mil habitantes localizado à 20 km de Barcelona era uma das sedes nos Jogos Olímpicos de 1992, mais especificamente do beisebol. Pela rambla principal, Marc é figura popular. Cumprimenta a todos, amigos e ex-namoradas, sem antes passar pela associação canábica da cidade. A Catalunha possui por volta de 300 centros legalizados de auto cultivo e consumo da erva, o maior da Espanha – seguido pelo País Vasco – mostrando seu DNA progressista em relação ao país. Por fim, com sua colheita em mãos, Marc me faz uma surpresa: havia conseguido ingressos para ver Espanyol x Valencia em Cornella El Prat. Seu pai, que o fizera torcedor dos Pericos, havia repassado seu carnê da temporada. Para nosso puro deleite, a entrada estava garantida sem precisar desembolsar 30 euros – o valor da entrada para não-sócio.

Césped

“Ser do Espanyol é dureza” dizia Marc, logo assim que nos conhecemos em Buenos Aires. Nos dias em que estive por Barcelona, vi apenas um senhor de meia idade ostentando a camiseta blanquiazul. O Barça manda, como um verdadeiro imã de turista, com Messi e Neymar estampados em cada esquina. Falemos do Espanyol, um clube sofrido, que deixou Sarrià em 1997, perambulando pelo estádio Olímpico de Montjuic, até construir seu novo campo, localizado no município vizinho de Cornellá de Llobregat. Chegamos atrasados, aflitos. Por sorte, poucos quilômetros separam Viladecans e Cornellá. O entorno do estádio está tomado por carros. Uma região repleta de indústrias e galpões. Por fim, Marc consegue um lugar reservado aos sócios do clube. Logo na chegada, o gol solitário da partida. Um cruzamento preciso conectado pelo meia Victor Alvarez. O Espanyol vinha de uma vitória agônica sobre a Real Sociedad em San Sebastián, no País Vasco. Resultado este que tentava apagar o massacre da semana anterior, quando levou de 6 do Real Madrid, sendo 5 de Cristiano Ronaldo, em pleno Cornella El Prat.

O Público é pequeno, ocupando pouco mais da metade da nova arena. Os ultras do Espanyol, com aclamada fama direitista, se divide entre a Curva – localizada no setor Cornellá – e La Juvenil, que fica no canto alto do gol oposto. As duas torcidas se juntaram em protesto contra a Real Federación Española de Fútbol que proíbe bandeiras de mastro, faixas e megafones. No estilo espanhol, os cânticos são puxados por um líder que entona as marchas através de um aparelho. Ofensas aos culés são as prediletas. “O Barça é uma mentira. Se dizem mais catalães do que nós. Dizem que somos traidores, sendo que eles foram fundados por um suíço”. O Espanyol manda no jogo. A dupla de ataque formada por Felipe Caicedo e Marco Asensio promete bons frutos. O Valência de Nuno Espírito Santo é apenas um rascunho do time que fez um belo papel no campeonato passado, chegando inclusive a ganhar o direito de disputar a atual edição da Champions League. No final, a vitória do time mandante foi confirmada. Hora de me despedir dos amigos e da Catalunha. Fica a vontade de regressar e desfrutar dos bons ventos provenientes do Mediterrâneo em direção aos Pirineus.

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