Por Felipe el Bigla de la Gente Dominguez
Despertador em alerta. domingo de aflição e Globo Rural eclipsam a jornada decisiva para o E.C. Santo André. Após um semestre inativo, o Ramalhão encarou a série A-2 mergulhado em salários atrasados, contratações desesperadas e troca de comando técnico. Eis que, sem pena nem gloria, o único campeão nacional do ABC chegava a última rodada dependendo de suas próprias forças, graças a vitória frente ao Velo Clube na última quarta feira.
Uma noite repleta d Boom Boom Kid, cerveja e Steinhaeger confundia os sentidos. Uma limonada morna em jejum para desintoxicar o fígado era o ponto de partida rumo a estação Prefeito Saladino da CPTM. Ali aguardava o amigo Rodolgo Zago, um fiel e tradicional torcedor do Paulista F.C., que deixara Jundiaí no começo da manhã com uma ponta de esperança para a jornada derradeira da série A-2. Cruzamos as avenidas Industrial e Queirós do Santos preparando a dramática prévia do cotejo. Zago nos conta os infortúnios dos últimos meses, quando o tradicionalíssimo clube interiorano também conviveu com atrasos de salários, escassos triunfos no Jayme Cintra e a ameaça de não ter grana para a inscrição no referido torneio. A possível queda para a A-3 poderia definir o encerramento das atividades de mais um clube tradicional engolido pela política predatória da FPF.
Nas mediações do estádio Bruno José Daniel, cada um foi para o seu canto. Os votos de “bom jogo” nos parece impossível. Zago chega à paisana em frente a entrada visitante sem grande alarde. A rivalidade entre as torcidas é grande e antiga. Um recente confronto em Jundiaí foi marcado por chuvas de pedra em Jundiaí envolvendo Fúria Andreense e Raça Tricolor num arranca-rabo de almanaque.
Enfim, um bom número de torcedores na Vila América – dobrando o público médio durante a primeira fase – madrugou para alentar o time da cidade. A diretoria ramalhina colocou os ingressos com valor de 5 reais para aqueles que envergassem o manto do E.C Santo André. Vale lembrar que a torcida andreeense teve que perambular pelos estádios dos rivais graças a escandalosa “reforma” do Brunão. Sem parte coberta e refletores, nossa casa foi habilitada apenas na quarta rodada.
Com o sol incessante às 10 da matina, o jogo começa errático e indigesto. O Paulista se fecha, jogando por um contra-ataque ou uma bola parada marota; essa que apareça claramente para os seus atacantes em duas oportunidades. A torcida do Santo André homenageia o camisa 7 adversário. Sim, ele, o volante Ramalho, uma glória do clube, que defendia as três cores do rival de turno, sem antes ter o seu nome cantado pelas três organizadas do Santo André – Esquadrão Andreense, Fúria Andreense, T.U.D.A. O goleiro Zé Carlos mantem o zero no placar para deleite geral. Os minutos se passam e o empate agrada as duas agremiações. O Galo da Japi depende do empate da Penapolense na luta contra o Z6. Na arquibancada, todos seguem aflitos por notícias do que acontece em Campinas e Penápolis. Um gol do Guarani frente ao Barretos no Brinco de Ouro tira o Santo André do G8. O mesmo aconteceria se o Velo Clube anotasse no Tenente Carriço. Tensão e angústia no concreto andreense.
Aos 37 minutos da etapa inicial chega a Raça Tricolor, a principal organizada do Tricolor Jundiaiense. Um poutpourri frenético entonado pela Fúria d as boas vindas aos visitantes: ” Ei você ai correu em Jundiaí, correu em Jundiaí” e ” Eu tinha uma galinha que se chamava Raça Cú…”. O jogo se arrasta numa ruindade sem fim. As melhores chances são do conjunto interiorano. O Santo André se arrasta nessa segunda metade da fase de grupos com problemas físicos e a condução cautelosa de Toninho Cecílio. Um esquema com 3 volantes era bastante criticado pelos locais. A única fonte de esperança atendia pelos pés calibrados de Branquinho. O meia vice-campeão Paulista de 2010 é o artilheiro da equipe com 8 gols. Atuando na meia, Branquinho tem a missão de servir o centroavante argentino Mariano Trípodi – umas das contratações desesperadas do Santo André que chegou em meio à disputa.
No intervalo é hora de desfrutar de uma porção servida pelo tradicional Galinha do Amendoim, um ícone das arquibancadas do ABC. Tudo no zero. Os dois campeões da Copa do Brasil seguem aliviados. O Galo permanecendo na categoria, enquanto o Ramalhão vai se classificando, ainda sonha com o retorno à elite do futebol paulista. Começa a etapa complementar e o alto falante anuncia o gol do Juventus em Bragança Paulista. O São Caetano já vencia o Taubaté no Anacleto Campanela por 4 a 3, assumindo a liderança e configurando o clássico da região nas quartas de final. O Paulista segue melhor na partida. O lateral Jean se lesiona e Dudu é improvisado no setor. Justamente às suas costas surgem as principais jogadas dos visitantes. O gol insiste em não sair. Eis que, aos 37 minutos finais, a Penapolense anota seu gol salvador contra o Velo Clube. O Paulista corre contra o tempo. O rebaixamento se aproxima. Em Campinas, o Barretos anota seu gol, deixando o Bugre ao borde da eliminação. A torcida local festeja ” ão ão ão terceira divisão” ecoa da nova/velha arquibancada do Bruno José Daniel. O juiz sopra o apito pela última vez, alguns poucos jogadores do Paulista caem no gramado. O arqueiro chora.
Somos impedidos pela PM de deixar o estádio durante 10 minutos. Os ônibus de Jundiaí partem pela avenida Capitão Mario Toledo de Camargo numa triste viagem de retorno. Ainda tive tempo de adquirir o EP dos Visitantes, banda formada por ilustres torcedores do E.C Santo André, que como sempre cantam as angustias e alegrias andreenses em cancionerio street punk.
Zago já nos aguardava em frente a parada do Expresso Guarará. Lamentações e reminiscencias da Copa do Brasil de 2005. Com olhos mareados a escalação surge naturalmente com a devida disposição tática. Hora de adentrar ao Bar do Barroso, bebericar algumas cervejas, falar da vida, da falência de nosso clubes, o possível retorno a zaga do Autônmos F.C., de ligamentos cruzados do joelho esquerdo e outras intempéries da vida.
CONFRONTOS DAS QUARTAS DE FINAL:
São Caetano (1º) x Santo André (8º)
Bragantino (2º) x Batatais (7º)
Mirassol (3º) x União Barbarense (6º)
Barretos (4º) x Taubaté (5º)
REBAIXADOS PARA A SÉRIE A-3:
Paulista (15º)
Monte Azul (16º)
Independente de Limeira (17º)
Atlético Sorocaba (18º)
Marília (19º)
Rio Branco de Americana (20º)