De Gallinas a Bicampeones

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Por Felipe El Biglia de la Gente Dominguez

Tão mistico como um ano bissexto, a trajetória do River Plate na Copa Libertadores – para delírio dos fãs de Iron Maiden – esta marcada pelo número da besta. Buscamos o calendário e nos sentimos em 2016, pois Libertadores em ano terminado com algarismo 6 clama pelo quadro de Nuñez em decisões. Em 1966, contra o Peñarol de Roque Maspoli, surgiria o apelido de gallina em seu primeiro revés copero. Uma final folclórica , sofrida e humilhante. O River com os irmãos Onega, Oscar Pinino Más e Jorge Solari cedeu uma virada improvável no jogo desempate, realizado no Estadio Nacional em Santiago. Um 4 a 2 doloroso, amargo até a médula, refletida na imagem do emblemático goleiro Amadeo Carrizo defendendo uma bola com o peito, reascendendo um time eclipsado por Alberto Spencer e Pedro Rocha. Na rodada seguinte pelo torneio local, os torcedores do Banfield atiraram galinhas no campo de jogo do Florencio Sola, em referência a falta de huevos do River frente aos uruguaios; assim, ironicamente, surgiu o apelido pejorativo em referência aos hinchas millonarios.

A Libertadores de 1976 se desnudava com sabor a revanche em uma nova final. O time dirigido por Ángel Labruna – que havia tirado o River de uma fila de 18 invernadas ao conquistar o Torneo Metropolitano de 75 – chegou a decisão contra o Cruzeiro de Piazza, Nelinho e Jairzinho. Após uma vitória para cada lado em condição de local, River e Cruzeiro definiram a Libertadores em campo neutro. Novamente na capital chilena, o River viu a Copa escapar com um gol de Joãozinho de falta aos 43 do segundo tempo.

Naquele time repleto de jovens como Alejandro Sabella, J.J Lopez e Mostaza Merlo, um meia habilidoso e temperamental teria sua revanche 10 anos depois como condutor do time campeão da América em 1986. Falamos de Norberto Alonso. O River começou a ser moldado em 84 com a chegada de Hector Veira como Diretor Técnico. Um homem excêntrico, identificado com o San Lorenzo, amante da boa vida e, principalmente, do bom futebol. O título argentino da temporada 1985-86 veio com sobras, graças ao primoroso talento da dupla formada por Enzo Francescoli e Beto Alonso. Com a partida do craque uruguaio para o futebol francês, El Bambino Veira apostou em outro charrua impetuoso e goleador: Antonio Alzamendi. Ao lado de Juan Gilberto Funes, Alzamendi formou uma dupla de ataque dos sonhos, imortalizada na Libertadores de 1986 e posteriormente na decisão do Mundial Interclubes contra o Steaua Bucaresti.

1986

Uma campanha forte, que teve inicio como vitorias frente a Boca Juniors, Montevideo Wanderers e Peñarol na fase de grupos. No triangular semifinal o conjunto de La Banda Roja teve que encarar o Barcelona de Guayaquil e também o Argentinos Juniors, então campeão sul-americano. Um embate acirrado com Los Bichos de La Paternal, classificou o River para a final por diferença mínima no saldo de gols. O River tinha em sua equipe 3 titulares da seleção argentina que conquistara a Copa do Mundo em junho daquele ano: o goleiro Nery Pumpido, o zagueiro Oscar Ruggeri e o meia Hector El Negro Enrique. A defesa tinha dois jovens laterais oriundos das inferiores: Alejandro Montenegro e Jorge Gordillo. O uruguaio Nelson Gutierrez, que disputou o Mundial pela Celeste, completava uma zaga pra lá de viril ao lado do Cabezón. Américo El Tolo Gallego, campeão mundial de 78, era o caudilho do meio de campo; Alonso, Enrique e Roque Alfaro formavam um tridente que mesclava experiência, força e categoria. Na frente, Alzamendi e Funes, com rapidez e fúria goleadora, foram os heróis da conquista.

O rival na decisão era o fortíssimo América de Cali, financiando pelos irmãos Rodriguez Orejuela. Com a grana dos capos do cartel de Cali, o Mecha chegava a sua segunda final consecutiva com Julio Cesar Falcioni no gol, Carlos Ischia conduzindo o meio e Ricardo Gareca como goleador. Na ida, no Pascoal Guerrero, vitória millonaria por 2 a 1 com gols de Funes e Beto Alonso. Na volta, em um Monumental esplendoroso, o River levantou sua primeira Libertadores com um golaço do Bufalo Funes.

O River de 1996 foi uma poesia futebolística composta pela pena de Ramon Ángel Diaz. Capitaneado por Enzo Francescoli e Leonardo Astrada, uma safra de ouro foi lapidada da cantera de Nuñez para construir um esquadrão imortal. O goleiro German Mono Burgos era um dos emblemas, fundamental nas instâncias decisivas, principalmente  para evitar uma goleada letal do Sporting Cristal de Flavio Maestri, Julinho, Nolberto Solano na abertura das oitavas-de-final. A defesa tinha dois laterais de ofício e temperamento: Hernán Diaz e Ricardo Altamirano. O miolo de zaga, não menos temperamental, tinha o paraguaio Celso Ayala ao lado de Guillermo Rivarola. O River passou com sobras na fase de grupos com 4 vitórias e dois empates contra o San Lorenzo de Bambino Veira, flamante campeão argentino com Claudio Biaggio, Ruggeri e Silas. Justamente contra o Ciclón se daria o grande confronto daquela edição. O jogo de ida das quartas ficou marcado pelo gol da vitória de Burrito Ortega e sua posterior expulsão após festejar no alambrado visitante do Nuevo Gasómetro.

1996

 

O meio campo era de luxo. El Negro Astrada era o cabeça de área. Matias Almeyda jogava como meia direita com vertigem e vitalidade; o seu gol contra a Universidad de Chile no jogo de volta das semifinais segue no imaginário riverplatense, numa série dura contra La U de Miguel Ángel Russo, que tinha entre suas figuras Léo Rodríguez e Marcelo Salas. Pelo lado esquerdo do meio de campo, El Pelado Díaz alternava entre Juan Pablo Sorin nos jogos como visitante e o uruguaio Gabriel Cedrés nos confrontos em casa. Ariel Ortega era o condutor ao lado do Príncipe, sempre com sua categoria ímpar, gols e jogadas deliciosas. El Muñeco Gallardo, não menos brilhante, era seu real substituto na meia cancha, assim como o  seu tocayo Marcelo Escudero que jogou a decisão no lugar de Astrada. Hernán Crespo vestiria o traje de herói, com dez gols, sendo que os dois últimos na grande decisão contra o América de Cali, que voltava a Buenos Aires uma década após o vice-campeonato. Uma noite inesquecível, com o recebimento mais espetacular de uma final de Libertadores por parte de Los Borrachos del Tablón, em um Monumental de trajado de boninas, fogos de artifício e papel picado.

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