*Editado após o anúncio da demissão do técnico às 00h45 desta sexta.
Lucas acaba de mandar o último melão do jogo na trave do Nacional, e assim que o árbitro apitar vão dizer que ‘tem dia que a bola não entra’, olha lá, já disse o Robinho na saída do campo, disse o próprio Lucas também, no túnel. Dos jogadores do Palmeiras, tem de se respeitar o calor do momento pós-jogo, e se lhes faltou inteligência e capacidade para armar um ataque com mais movimentação e qualidade contra o time uruguaio que tinha um jogador a menos, não lhes falta entrega. Já sobre quem dirige o Palmeiras, não daria mais para tolerar essa espera de que a equipe se arrume por inércia. Marcelo Oliveira, nove meses e mais de 50 jogos, não montou um time. Não reagiu na adversidade. E foi demitido antes que essa perda de tempo – um turno de primeira fase de Libertadores e futebol sofrível – se tornasse irreversível, após a derrota por 2 a 1, em casa, para o rival do Uruguai, pela terceira rodada da Libertadores.
O Palmeiras foi campeão da Copa do Brasil quando o grande mérito do time recém-montado foi reagir com vontade e disposição nos jogos grandes. Assim passou por Internacional, Fluminense e Santos, confrontos em que raramente conseguia enfileirar minutos de domínio técnico. Mas time grande, camisa grande e estádio cheio às vezes rende títulos como esse, um elenco de poucos jogadores acima da média, mas com todo mundo, sendo claro, na pegada.
Acontecido isso, Marcelo Oliveira, um semestre e campeão do Brasil, tinha a chance de começar o ano na Academia de Futebol. Não perdeu jogadores, e ainda se deu ao luxo de dar uma rodada pelo país e contratar mais uma dezena. E o time? Nada. Absolutamente nada. Um raro caso de treinador campeão que, num dos gigantes do futebol brasileiro, não melhora a equipe em nenhum aspecto.
Os jogadores bons, mas não craques – Lucas, Egídio, Arouca, Rafael Marques etc – têm dificuldade em manter boas atuações. Os jovens – Matheus Salles, João Pedro e, principalmente, Gabriel Jesus -, ele não fez evoluir. O tripé Fernando Prass, Victor Hugo e Dudu, via de regra, é quem consegue fazer o torcedor lembrar que se trata de uma equipe grande, com nomes de qualidade. Do técnico? Nenhuma sacada, nenhuma inversão, nenhum dedo, nenhum jogo ganho. E aí, outra façanha de Marcelo: um caso raro de equipe montada por um dos grandes do futebol brasileiro que não se fala em falta de raça, união, talento, sorte, torcida, problemas externos. Se fala em time. É puramente tático e técnico. E restou trocar o treinador já. Ou era esperar uma possível eliminação na primeira fase da Libertadores.
Também não tiro totalmente a culpa dos jogadores nessa fase passiva do escrete verde. Falta personalidade para sugerir mudanças. Falta envolvimento com o jogo para, depois de 42 passes num tempo contra o Rosário ou uma etapa final em que abriu uma fábrica de chuveiros contra o recuado Nacional, tentar algo novo, sugerir uma mudança, encontrar um respiro em meio ao caos.
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Palmeiras 1 – 2 Nacional
O Palmeiras parecia começar a partida contra os uruguaios com mais tranquilidade e criatividade , mas quem brilhou na segunda metade do primeiro tempo foi o Nacional. Nico López, cujo toque de calcanhar beijou a trave aos 35′, aproveitou bola mal tirada pela defesa palmeirense para varrer a área do gol da Matarazzo e abrir o placar aos 37′. Três minutos depois, Leandro Barcia saiu sozinho na frente de Prass para ampliar – os palmeirenses reclamam falta em Cristaldo no início do lance, aquele puxa-puxa com o zagueiro que às vezes é, às vezes não. Fucile foi expulso pelo segundo amarelo numa falta em Gabriel Jesus, que nos acréscimos diminuiu para 2 a 1 antes do intervalo.
No segundo tempo, com um jogador a mais, o Palmeiras passou 45 minutos procurando por criatividade. Não achou em todo o bairro da Pompeia. No desespero, com Robinho de quarterback lançando bolas do círculo central e Victor Hugo de centroavante, quase sai o empate no lance final, o já citado chute de Lucas que explodiu na trave. Mais de 34 cruzamentos, cornetados inclusive pelo auxiliar Tico dos Santos, que substituiu Marcelo Oliveira, suspenso.
Fim de jogo com vitória do Nacional em São Paulo, que se segurou com muita marcação, disposição e boas doses de cera. Para encaminhar a classificação do Bolso na Libertadores da América, pela qual fará os três últimos jogos no Uruguai – recebe Palmeiras e Rosário Central, e visita o local River Plate-URU.