Carta aberta a Taison, Fred e companhia

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por: Daniel Brito

Fala, moçada. Tudo certo?

Resolvi escrever essa carta porque li por esses dias que vocês ficaram chateados com aquele áudio que vazou do Rafinha, em que ele contou pra uns amigos algumas histórias suas depois do time de vocês tomar aquele sacode do Bayern.

Vocês falaram que ele precisa se retratar, que isso não se faz, e este é um direito de vocês. Mas não precisa disso. Vocês têm a oportunidade encarar esse episódio com maturidade, de serem respeitados por isso e, principalmente, de deixar esse esporte que a gente tanto ama um pouco menos chato. Vou falar como.

Bem, ele falou que o Taison, o Fred e o Luiz Adriano disseram antes do segundo jogo que o Bayern era um time comum. Também disse que o Douglas Costa perguntou ao Schweinsteiger durante o jogo quem ele era (aliás, parabéns por isso, moleque). Ok, ele exagerou, meteu umas outras histórias menores no meio, mas pô, compreendam, era uma conversa entre ele e os amigos dele.

Eu sei que vocês chamam isso de trairagem, que a maioria das coisas que acontecem no campo devem ficar no campo. Mas há exceções. E histórias ótimas como essas devem ser contadas e encaradas como se deve. Olha só:

O trio Fred, Luiz Adriano e Taison, que teria falado que o Bayern é um time comum. E daí? Qual o problema nisso? Vocês vão enfrentar os caras, Deus e o mundo paga pau pro estilo de jogo do Guardiola, que obrigação vocês têm de entrar nessa onda? – ainda mais sendo adversários.

E você, Douglas Costa, provocar o Schweinsteiger em campo devia ser motivo de orgulho, bicho. O cara é campeão de Copa do Mundo, fez parte do time do 7 a 1, já é consagrado por onde passa, então faço a mesma pergunta de cima: por que diabos você, como adversário, tem que entrar na mesma pagação de pau? Pra mim, se você errou em alguma coisa foi em ter pedido a camisa depois.

Se vocês não entenderam ainda o que estou falando, deixa eu contar uma história. Não sei se vocês conhecem um pouco de basquete. Se sim, talvez devam ter ouvido falar no Reggie Miller, o cara foi um dos melhores de todos os tempos. Bom, mesmo que vocês não conheçam muito basquete ou o Reggie Miller, provavelmente vocês ouviram falar no Michael Jordan, o maior jogador de todos os tempos, o atleta e ex-atleta mais bem pago do mundo, enfim, dispensa apresentações.

Pois então, esse Reggie Miller foi um provocador durante toda sua carreira – tem até um documentário sobre um jogo em que ele irritou Nova Iorque inteira. Pra vocês terem uma ideia, antes dele começar a jogar, a irmã dele era a melhor jogadora de basquete dos EUA, ou seja, dá pra imaginar o quanto o cara foi sacaneado na vida pela irmã ser melhor que ele.

Bem, ele deu uma entrevista recentemente contando uma história do começo da carreira. Moleque novo, jogando muito, num amistoso contra o Chicago Bulls dele, do hómi, Michael Jordan. No primeiro quarto, Reggie Miller estava com 10 pontos, deitando, e Jordan só com 4. Eis que um colega do Reggie dá uma ideia: “cara, você tá jantando o Jordan, tem mais é que provocar”, e ele vai na onda. Chega no Jordan e diz (vou traduzir mais ou menos o que ele disse nessa entrevista):

– Michael, quem você pensa que é (alô, Douglas)?! O “grande Michael Jordan”? É isso mesmo, agora tem um cara novo na área.

Depois de ouvir isso, o Jordan só olhou pra ele e ficou pensativo. No fim do jogo, Reggie Miller conseguiu fazer só mais dois pontos; o Jordan, em compensação, terminou com, vejam só, 44. E, claro, ele respondeu Reggie Miller:

– Garoto, tenha cuidado. Nunca fale com o Jesus negro desse jeito.

Essa história não atrapalhou o Reggie Miller: o cara teve uma carreira brilhante na NBA e ficou conhecido como um dos maiores provocadores de todo o esporte. Ok, ele nunca mais provocou o Michael Jordan, mas convenhamos, o Schweinsteiger tá bem longe de ser o maior de todos os tempos. Então eu volto a perguntar: qual é o problema? Por que vocês não riem disso, como fez o Reggie Miller nessa entrevista?

Histórias como essas não são trairagens, nem falta de respeito, muito menos motivo pra ficarem envergonhados ou chateados. São histórias do esporte, que acontecem com todo mundo que joga. E sabe o melhor? Saber dessas histórias envolvendo profissionais aproxima vocês, jogadores profissionais de futebol, dos torcedores que acompanham o esporte, o que é fundamental num momento como esse, pós 7a 1.

Eu sei que deve ser foda. Sei que a imprensa vai querer repercutir isso pra polemizar, mas repito, vocês têm nesse momento a oportunidade de encarar isso de um jeito tão maduro. Basta não se importarem, assumirem o que fizeram, rirem disso se for o caso e, principalmente, continuarem provocando.

Vocês podem não agradar a imprensa, o Rafinha, mas com certeza estarão falando a mesma língua de quem mais importa no futebol, o torcedor.

Abração!

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