Clássico, na acepção

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Enquanto o continente olha para a Copa América, realizada no Chile, esse domingo também viu a decisão do Campeonato Uruguaio, que terminou com título do Club Nacional de Football sobre o eterno rival Peñarol, em um daqueles jogos que aparentemente não veremos nunca mais por nossas bandas.

Para nossa felicidade, a partida foi televisionada ao Brasil. Deu gosto ver, logo na primeira tomada, as torcidas separadas pela linha do meio campo, no velho estilo dos clássicos sem um dono exclusivo do pedaço.

Ambos os times são a estação final da carreira de jogadores veteranos. Por outro lado, estamos falando de torcedores que envergam a camisa do time de coração.

Antes de desprezar as condições dos dois gigantes, é melhor olhar o próprio umbigo. Nos três confrontos recentemente transmitidos pela ESPN Brasil, não vi uma disputa tão inferior tecnicamente em relação aos principais clássicos brasileiros. A recente final entre Santos x Palmeiras, por exemplo, não teve jogos melhores.

Além disso, nossos sonhos de verão propiciados pela enxurrada de dinheiro dos últimos anos não viram a elevação de patamar do Campeonato Brasileiro. A bonança serviu, exatamente, pra repatriar uma penca de jogadores veteranos, sob altíssimos custos.

E o pior é que, em meio a tanto holofote e badalação, um jogador como Zé Roberto é quem dá cátedra, ao passo que sobram grossuras e correria pelos modernosos campos brasileiros e seu exército de jovens atletas com o corte de cabelo da moda.

Isto posto, a semifinal/final uruguaia* teve bastante emoção. Com mais energia e qualidade, o Nacional abriu 2-0 no primeiro tempo e encaminhou o título.

Porém, a mística carbonera daria o ar de sua graça. Primeiro, o velho de guerra Aguiar emulou Bengoechea, atual treinador aurinegro, na final da Copa América de 1995, no mesmo palco, e diminuiu. Superior, o Nacional pagou pelo excesso de confiança, especialmente depois da expulsão de Jorge Rodriguez. Foi a senha pro imponderável, ainda mais para uma camisa acostumada a tais façanhas.

Nos instantes finais, uma bola alçada na área voou sob olhares descuidados do sistema defensivo do Bolso e terminou em pênalti bastante desnecessário. Aguiar, novamente, assumiu a responsa e mandou um balaço bonito de ver no ângulo.

Delírio manya, silêncio total na torcida tricolor, inconformada com a prorrogação que viria. No entanto, os comandados de Álvaro Gutierrez, já com Recoba em campo, assumiram o que o momento exigia, voltaram a dominar o jogo e, num perfeito escanteio do Chino, Romero cabeceou para o gol do título.

Na sequência, viria outro velho ingrediente desses momentos decisivos que opõem grandes rivais: o descalabro. Em contra-ataque, o Nacional conseguiu um pênalti, perfeito pra Recoba se aposentar em grande estilo.

No entanto, velhas catimbas e loucuras deram o ar da graça. Furiosa e já se sentindo derrotada, a Barra Amsterdan começou a atirar de tudo em campo, nos policiais e parou o jogo. Os homens de farda, por sua vez, tentaram conter os ânimos, sem muito sucesso. Alguns torcedores se penduravam no alto da grade, tais como presas que sobem na árvore para fugir de seu predador. Insólito, cômico, mas também um tanto estúpido no geral.

São os problemas e comportamentos que fazem parte da nossa sociedade. Não adianta só criticar”, foi mais ou menos o que disse Mauro Cezar Pereira. Visão saudável, em tempos onde só se vomitam punições, mas raramente se compreende o contexto geral do que cerca o ambiente.

No fim das contas, nada de mortos e feridos. E a confusão deu relativamente certo, digamos, pois Recoba voltou à cal depois de 10 minutos e parou no argentino Migliore – por sinal, membro de La 12 durante a juventude e que chegou a ser preso, em 2013, por acolher Maximiliano Mazzaro, eminência parda da barra brava do Boca, quando este se encontrava foragido da polícia.

Estranhamente, o juiz evitou os acréscimos necessários e encerrou o jogo, para indignação de time e comissão técnica do Peñarol. Jogo formalmente suspenso, mas festa desatada em metade das arquibancadas do Centenário e suas 40 mil almas presentes.

Na segunda-feira, a AUF confirmaria o 45º título do Nacional. Cansado, Jorge Campomar, representante do Peñarol, disse que “o Ministério do Interior sabe de tudo perfeitamente. Não querem investigar. Sabem tudo e olham pro outro lado”, a respeito dos causadores do encerramento do jogo.

Sem saudosismo, tratou-se de um clássico à boa moda e no sentido mais amplo da palavra se pensarmos na quantidade de veteranos em campo e toda a rivalidade que jamais arrefecerá. Com saudosismo, ficam na mente as imagens de duas massas fazendo o duelo fora das quatro linhas, gastando a garganta e economizando a bateria do celular.

https://www.youtube.com/watch?v=5A04lgc9hxU

*Apesar de decisivo, somente o Nacional (campeão do Torneio Apertura) poderia sair campeão neste domingo. O Peñarol (vencedor do Clausura) precisava ganhar para forçar a verdadeira final, em jogos de ida e volta, posto que na soma da temporada o Nacional fez mais pontos e tinha essa vantagem especial. Afinal, regulamentos bizarros também são marca consagrada por aqui.

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