A cada gol da Inglaterra na manhã brasileira de domingo pipocavam mensagens, comentários e pensatas sobre o que poderia se esperar de uma Copa do Mundo com 48 seleções, visto que com 32 a diferença técnica de alguns jogos já é bastante evidente.
Mas a atratividade de um jogo não se mede também só pelo placar eternizado na tabela, até porque não é preciso ir muito longe para lembrar a última vez que um time fez cinco gols num primeiro tempo de Copa do Mundo, pelo contrário, é bem perto, só dar um pulo ali na Pampulha e voltar no tempo uns vinte e poucos jogos de Mundial atrás. E nem vamos entrar num dilema sobre dignidade entre panamenhos de 2018 e brasileiros de 2014.
É claro também que dá para desfrutar da comemoração do gol de Baloy, imagem para sempre nas caixas de DVDs do maior torneio de todos, e ser contrário a uma Copa tão inchada. Muito da festa do país estreante vem exatamente da forte disputa nas eliminatórias, que para ter um Panamá deixa em casa uns Estados Unidos – ainda que de qualquer maneira continuará existindo, claro, mas num nível muito mais abrangente, com quase um quarto das seleções do mundo viajando para disputar a taça.
Agora, antes o Panamá que a Polônia. Fazendo uso de uma constrangedora frieza em analisar a participação no ranking da Fifa e evitar amistosos para se manter nos primeiros lugares da supérflua lista e seu sistema de pontuação esdrúxulo, o time polonês foi eliminado como equipe mais condenada ao esquecimento neste Mundial. Levou o maior totó da Copa em duas rodadas, com a Colômbia se impondo física, técnica, tática, mental e qualquer outro mente que vier à cabeça.
Pior: não tem nem um gol de Baloy para chamar de seu.
A menos atraente cabeça de chave da história se enforca no próprio pragmatismo de tabelas de Excel que a fez escapar de grupos como o de Brasil e Argentina. Pior para… Brasil e Argentina, que tiveram em seus rivais europeus muito mais repertório e força que no tedioso time de Lewandowski – antes tivessem encontra os poloneses, ao invés de Suiça, Sérvia, Islândia ou Croácia.
O pior time europeu da Copa nos faz pensar que se o evento dos 48 pode desabrochar uma série de times sorridentes mesmo goleados, ao menos será capaz de tirar o foco sobre Polônias sem graça alguma.
Fica de lição, por que não. O grupo assinalado como o menos formoso, renegado pela própria letra às últimas páginas dos guias da Copa, premiou a primeira metade do Mundial com as duas mais bonitas vitórias da África e da América do Sul na Rússia. Valeu, Polônia.