Cíntia Barlem e Lívia Laranjeira
É sempre muito válido e importante debater e valorizar as mulheres que trabalham com jornalismo esportivo, uma editoria onde a presença masculina é dominante e o preconceito é muito presente.
Falamos com repórteres experientes e que contribuem com a quebra do paradigma de que “mulher não entende de futebol”. Do Rio de Janeiro, Cíntia Barlem, repórter do Globoesporte.com falou conosco sobre sua trajetória profissional, que começou em Porto Alegre, cobrindo o futebol masculino até os dias de hoje, onde passou a se dedicar ao futebol feminino e a comentar os jogos das mulheres pelo SporTv. A jornalista citou as diferenças entre cobrir o esporte dos homens e das mulheres: “Não há blindagem para entrevistar jogadoras. Tudo é mais acessível, as histórias são mais comoventes”, afirmou.
Cíntia também reforçou que a mulher que deseja trabalhar com jornalismo esportivo precisa se preparar muito mais do que os homens por conta da desconfiança. “Se eu tenho uma dúvida, eu nunca pergunto para um homem. Eu pesquiso a resposta sozinha para não demonstrar que não tenho conhecimento sobre tal assunto. A gente precisa provar 10 vezes mais que é capaz, checamos várias vezes a informação, é complicado e cansativo”.
De São Paulo, Lívia Laranjeira também nos contou sobre sua carreira, onde passou por revistas, editorias de comportamento e chegou ao esporte por meio do projeto “Passaporte Sportv”, que recruta jovens jornalistas para participar das principais coberturas do mundo do esporte.
Lívia ganhou projeção nacional ao realizar a cobertura do acidente com o avião da Chapecoense na Colômbia, onde estava em novembro do ano passado. “De repente, uma cobertura que era para ser de festa, virou de tragédia. E não estava preparada para aquilo, mas da noite par ao dia, apareci em todos os jornais da Globo. Não foi fácil”, afirmou a jornalista que estava acompanhando o time de Chapecó por semanas, durante toda Sulamericana. Lívia ainda comentou que ouve insultos impublicáveis vindo das arquibancadas quando está realizando seu trabalho e o preconceito também está presente dentro das redações.
Além delas, a jornalista Kelly Costa, repórter do Globo Esporte do Rio Grande do Sul, que ganhou repercussão após o episódio vivido durante uma entrevista coletiva com o treinador Guto Ferreira, nos enviou uma declaração sobre o assunto e sobre como é ser mulher e trabalhar no jornalismo esportivo.
No ar, uma aula de competência!