Por Felipe El Biglia de la Gente Dominguez
As pranchetas da Copa Libertadores 2016, assim como nas edições anteriores, segue condicionada à escola argentina de treinadores com 13 dos 32 maestros da fase de grupos. O Uruguai, com 7 nomes, também marca presença, aguçando a força rioplatense no comando técnico das Américas. O Brasil terá apenas Marcelo Oliveira, Roger Machado e Tite como representantes.
Vários fatores atendem pelo fenômeno, o maior deles é o fato dos hermanos gozarem da intensa oferta de cursos de treinadores no país. O mais conhecido deles é a Escuela de Vicente López. Diego Simeone, Gustavo Costas, Néstor Gorosito, Ramón Diaz, Rodolfo Arruabarrena e Sergio Batista são alguns dos formados no município da Grande Buenos Aires.
Um dos alunos prodígios é Marcelo Gallardo, o último em libertar a América com o River Plate. El Muñeco foi fundamental no tricampeonato millonario ao
O Trujillanos, um dos adversários do River Plate nesta edição de La Copa, também conta com um pizarrón argentino. Horácio Matuszyczk, atuou nos anos 80 como centroavante do Boca Juniors e no Racing, radicando-se na Venezuela no final da sua carreira. No comando do time de Valera há duas temporadas, El Polaco levou os aurimarrones ao título do Apertura de 2014. Em entrevista recente ao diário Olé! deu pistas de sua equipe: “Somos um time muito aguerrido. Tenho um ano e meio no clube, onde consolidamos um funcionamento em base a uma intenção ofensiva. Sempre pressionamos alto, porém com o decorrer do tempo encontramos um equilíbrio defensivo que nos permite sustentar esta intenção”.
O Grupo 1 segue com Edgardo Bauza fechando o tripé argentino de treinador. A exceção é o The Stronguest de volta à principal competição do continente sob a batuta do paraguaio Pablo Caballero. O estrategista guaraní chegou ao clube paceño em junho de 2015 sob indicação do compatriota Pablo Escobar. O treinador, que vinha de bons trabalhos à frente de San Lorenzo e Sportivo Luqueño, não pôde conquistar o Apertura, ficando atrás do rival Bolívar e do campeão Sport Boys Warnes. Pablo Caballero foi exonerado na última semana após perder para o Real Potosí, cedendo o posto para Mauricio Soria, ex- treinador da seleção boliviana.
Por fim, ao ritmo do pizarrón y pases cortos, destacamos 5 DT’s que podem brilhar nesta Libertadores:
CÉSAR FARÍAS
O flamante treinador do Cerro Porteño pode ser considerado um dos principais responsáveis pela singela evolução da seleção venezuelana. Foram 6 anos à frente da Vinotinto. Aportando ordem e sistema defensivo sólido, César Farías conseguiu classificar a Venezuela pela primeira vez para o Mundial Sub-20, em 2009, no Egito. Já nas Eliminatórias Sul-Americanas, os venezuelanos estiveram duas vezes ao borde da classificação à Copa do Mundo. Já na Copa América de 2011, disputada na Argentina, conduziu a Vinotinto para a histórica campanha que culminou no inédito quatro lugar.
Quem pode perder espaço é o veterano Jonathan Fabbro, já que César Farías costuma abrir mão do enganche.
Eis a possível escalação azulgrana para estreia copeira hoje (22h) diante do Santa Fé: Antony Silva; Carlos Bonet, Victor Hugo Mareco, Bruno Valdez e Junior Alonso; Jonathan Santana, Fidencio Oviedo, Marcelo Estigarribia (Jonathan Fabbro) e Sergio Diaz; Guillermo Beltrán e Luis Leal (José Ortigoza).
EDUARDO COUDET
Como em sua etapa como jogador, Coudet vibra a cada lance, contagia a torcida, recuperando a alma do clube mais popular de Rosario. Nessa temporada perdeu o goleiro Mauricio Caranta e o volante Nery Dominguez. La Academia se reforçou com o experiente goleiro uruguaio Sebastián Sosa, zagueiro Mauro Cetto e o volante Gil Romero.
Depois de 18 meses e um título histórico, Diego Cocca decidiu deixar Avellaneda. O escolhido para assumir o comando técnico de La Acade é Facundo Sava, com passagem marcante como centroavante no clube durante a segunda metade da década passada. Sua curta carreira como treinador teve início em 2012, quando salvou o San Martin de San Juan vencendo a temida promoción. Passou pelo chileno O’Higgins, de Racangua, assim como pelo Unión de Santa Fé. Ambas sem êxito absoluto.
Por fim, El Colorado terá sua primeira experiência em um dos cinco grandes da Argentina. Na temporada passada assumiu o Quilmes na zona de rebaixamento. Sua estreia foi justamente contra o Racing, batendo os blanquicelestes por 2 a 1 no Monumental de Quilmes. Serio o começo fulminante de uma arrancada que evitou que o Cervecero perdesse a categoria novamente. Sava assumirá a base campeã de 2014 reforçada pela volta do centroavante Lisandro Lopez e a incorporação do volante Federico Vismara.
Seu sistema de jogo predileto é o 4-3-3, mas na vitória por 4 a 2 frente ao Boca pelo Torneio de Verão manteve o 4-2-2-2 da era Cocca, apostando pela dupla de ataque formada por Gustavo Bou e Diego Milito. Eis que na estreia frente ao Puebla, Sava posicionou La Acadé ao seu estilo com Bou sacrificado na ponta direita. O primeiro gol academico na edição da Libertadores de 2016, culminou em uma jogada por Marcos Acuña e conclusão de Bou às costas do lateral esquerdo rival. Porém, a recomposição defensiva esteve em cheque, já que Bou se manteve quase sempre como segundo centroavante, ao lado de Milito. O tripé com Fede Vismara, Luciano Aued e Francisco Cerro não funcionou, sacrificando o ex- Veléz para ocupar o flanco direito do meio de campo.
Na segunda etapa, após a nova vantagem mexicana, pudemos ver o Racing idealizado por Facundo Sava: um time com dois jogadores rápidos pelos lados e apenas um centroavante de área. As opções de ataque são vastas com a chegada de Licha López e Rodrigo de Paul, além de Bou, Milito, Marcos Acuña, Óscar Romero, Rodrigo Noir e Washington Camacho.
No partida de volta contra o Puebla, Facundo Sava voltou a posicionar o Racing no 4-2-2-2 da era Cocca; Vismara dando lugar a Camacho. O jogador uruguaio e o imparável Marcos Acuña fecharam a linha de meias pelos costados, com Aued e Cerro de doble 5. A entrada de Óscar Romero foi fundamental para que o time voltasse a gerar ocasiões de gol, dessa feita no 4-2-3-1, com Bou como única referência entre os zagueiros rivais.
PABLO GUEDE
O futebol argentino vive com grande entusiasmo a chegada de Pablo Guede ao San Lorenzo. Se os cuervos reclamavam do futebol pragmático da era Bauza, terão em seu novo comandante a antítese futebolística do time que trouxe a Libertadores para Boedo. Pablo Guede, em sua curta carreira, se caracterizou pelo futebol agressivo, gerando comparações com Marcelo Bielsa e Jorge Sampaoli.
Seu auge como centroavante se deu nas divisões menores da Espanha. Foi herói do acesso do Málaga em 1998 com gols agônicos e decisivos. Na península arrancou sua carreira como treinador, onde fez cursos ao lado do amigo Tito Villanova. Em 2014 foi o condutor do Nueva Chicago no título da Primera B Metropolitana, a terceira divisão argentina. O Torito de Mataderos encantou pelo seu estilo ultra-ofensivo que resultou numa arrancada espetacular.
No ano seguinte comandou o Palestino do Chile na Libertadores. O quadro de La Cisterna eliminou o Nacional em Montevidéu na primeira fase, além de bons duelos frente ao Boca Juniors, Montevideo Wanderers e Zamora na fase de grupos. Sua ideia de jogo consiste na pressão em campo rival, possessão e ataque permanente. Seu sistema predileto é o 3-3-1-3, o mesmo utilizado por El Loco Bielsa, um de seus referentes. Seu começo tem sido difícil. O San Lorenzo perdeu o clássico de verão para o Huracán, além do empate na estreia do Torneio Transición contra o Patronato em condição de visitante. Pablo Guede pediu as contratações de Marcos Angeleri, Fernando Belluschi e Ezequiel Cerutti. Teve sua primeira polêmica ao afastar Pichi Mercier, um dos emblemas do meio-campo azulgrana nos tempos do Patón. Recuperou a moral ao golear o Boca Juniors por 4 a 0 na última quarta-feira (10/02) em Córdoba, em jogo válido pela decisão da Supercopa Argentina.
REINALDO RUEDA
O Nacional de Medellín apostou na experiência de Reinaldo Rueda para substituir Juan Carlos Osorio e consolidar a hegemonia no futebol local. O título conquistado frente ao Junior de Barranquilla, em dezembro, foi o décimo quinto do conjunto verdolaga e o primeiro de Rueda em sua pátria natal. Seu primeiro trabalho reconhecido se deu no comando das categorias menores da seleção tricolor, quando venceu o torneio de Toulon em 2000.
Na seleção principal sua passagem foi marcada pelo passo em falso na tentativa de levar os cafeteros ao Mundial de 2006, terminando na 6ª colocação. Ganhou a fama ao levar Honduras para a Copa do Mundo de 2010 e o Equador para o Mundial seguinte. Assumiu o verde paisa no segundo semestre de 2015, após a renuncia de Osorio. Impondo seu estilo, acabou com o sistema de rotação no elenco e esquema predileto é o 4-4-2 com Orlando Berrio e Luiz Carlos Ruiz como referência de ataque. A seu pedido, o Nacional trouxe o experimentado meia Macnelly Torres, além da chegada do ponteiro Victor Ibarbo e o retorno de Sherman Cardenas. Em 2016, Reinaldo Rueda levou o Nacional ao título da Superliga batendo o Deportivo Cali – também classificado para a Libertadores – por 5 a 0 no placar global.