ESPECIAL: 100 histórias escondidas da Copa do Mundo – Parte 3

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Com a assinatura de Leandro Iamin, a Central3 apresenta a terceira parte do ESPECIAL COPA DO MUNDO. Nessa edição, separamos mais cinco histórias que demonstram um pouquinho da grandeza desse evento e que também ajudam a matar aquela saudade de Copas e jogos memoráveis.
Por que você não confere? Nostalgia, curiosidades e um certo grau de bizarrice sobre o maior evento esportivo do planeta. Tá na mão!

90 – A COPA SEM DOMINGO E O REI DO DIVÓRCIO

O ano é 1534. Faz tempo. O Rei Henrique Oitavo mandava na Inglaterra, e tomou uma decisão bombástica: rompeu com o Vaticano. O motivo? Ora, a Igreja Católica não permitiu que ele se divorciasse, e o Rei se negou a ouvir um “não” – compreendo, se eu fosse um rei também ficaria puto.

Sucede que depois dessa negativa que gerou o rompimento, o Rei Henrique Oitavo criou a Igreja Anglicana, que já nascia com ele mesmo como chefe e atendendo aos seus próprios anseios, como, claro, a liberação do divórcio.

Desnecessário dizer que, a princípio, a estrutura ideológica da Igreja Anglicana era quase idêntica à Católica. Mesmo assim, a nova ramificação religiosa falou forte aos ingleses, e se estabeleceu na sociedade de um país peculiar como a Inglaterra sempre foi.

E o que isso tem a ver com a Copa do Mundo? As tradições religiosas criaram, na Inglaterra, o hábito de não haver prática esportiva competitiva aos domingos. A cartilha do comportamento anglicano previa que este dia era para o descanso e a família, para a reza e a atividade episcopal. No entanto, domingo era dia nobre para Fifa, dia bom para falar de Copa e de colocar jogos graúdos – as finais de Copa eram normalmente aos domingos, como em 1962, a que antecedeu o mundial inglês.

Só que o mundial era mesmo inglês, e eles ganharam a discussão. Pela primeira vez, uma Copa do Mundo não teve jogos aos domingos. A final aconteceu em um sábado, e o jogo de abertura entre Inglaterra e Uruguai foi em um sábado. A Copa abriu um pouco, porém, a mente dos ingleses, e o futebol de domingo foi liberado a partir de 1973, o que não alterou a tradição local de partidas aos sábados e também às segundas. Quanto ao Rei Henrique Oitavo, aquele que criou uma Igreja para poder divorciar-se, bem, ele teve sete esposas diferentes.

Devia ser chato pra cacete, o Rei Henrique Oitavo.

 

89 – GOL + BRANCO + 94

O editor desta série queria falar sobre Brasil x Holanda, em 1994, e para isso buscou uma imagem do gol de falta, do Branco, o gol do desempate, da vitória e da classificação. A melhor imagem que ele conseguiu pesquisando “Gol + Branco + 94” foi esta.

 

88 – A PRORROGAÇÃO MAIS ESPETACULAR DAS COPAS

O Brasil de 1982 estava eliminado, mas ainda havia espaço para a arte naquele Mundial. A gente, claro, assistiu meio de nariz torcido, mas a semifinal entre Alemanha e França foi um dos maiores jogos da história das Copas – e, nele, mais uma vez o dono do futebol mais vistoso, bonito, se deu mal. Aquela França era uma beleza.

O time alemão estava mal na fita. A torcida espanhola, anfitriã, não perdoava o empate “suspeito” entre Alemanha e Áustria, vergonhoso momento que classificou ambas seleções. Enquanto isso, a França de Platini parecia gabaritada ao título pelo que jogou até ali. No decorrer deste jogo, um lance grotesco entre o goleiro alemão Schumacher e o meia francês Battiston causou fratura de vértebra e perda de dentes por parte do atleta da França, que ficou seis meses sem jogar. O juiz não deu cartão nem falta nem nada, e a torcida, revoltada, abraçou de vez o time de azul.

Foi 1×1 no tempo normal, e 2×2 na prorrogação, esta certamente a mais espetacular que o futebol já viu. Nos penais, deu Alemanha, que, por sinal, nunca perdeu uma disputa em pênaltis em uma Copa. Ela seria derrotada pela Itália na final dos algozes. Muitos anos depois, uma turma criativa de franceses chamada Pied la Biche produziu “Refait”, um curta-metragem que recriou a preparação para os pênaltis deste jogo usando a paisagem urbana de Lyon como cenário. A ideia e a execução são tão sensacionais quanto aquela seleção que deixou nos franceses uma marca semelhante à que ficou em nós brasileiros. Eles também acham que a Copa de 1982 é sinônimo de injustiça.

Então, a dica 1 é: assista esta prorrogação. E a dica 2 está linkada abaixo: assista Refait, uma das mais espirituosas produções relacionadas a futebol que conhecemos.

 

87 – A GUERRA FRIA E A FIFA “DIPLOMÁTICA”

A Copa do Mundo, ao voltar do período de Guerra, definiu suas três próximas sedes de uma tacada só: Brasil 50, Suiça 54, Suécia 58. Entre as Copas da Suiça e da Suécia, a FIFA perdeu Jules Rimet, o francês que criou a Copa. Uma lacuna política se abre. Arthur Drewry, inglês, se tornou o homem forte. E usou seu cargo para tentar promover, ou coisa parecida, uma possibilidade diplomática sem muito sentido.

O principal efeito colateral da Segunda Guerra Mundial foi a Guerra Fria, que colocava Estados Unidos e União Soviética, cada um com seus aliados e sua ideologia econômica, bélica e política, em um embate (quase) silencioso e indireto. E quando a FIFA colocou o soviético V. Granatkin no comitê organizador da Copa de 58, precisou agradar o outro lado, e por isso fez o mesmo com Jim McGuire, da Federação dos Estados Unidos.

Foi um gesto simbólico do que, em campo, o futebol veria como efeito do período. A seleção da Hungria, por exemplo, que encantou o mundo em 1954, foi dilapidada entre 56 e 58, com atletas pedindo asilo na Espanha e na Itália após invasão soviética em seus países. Nunca mais jogaram pela Hungria, que também nunca mais veria um time sequer parecido com aquele de 1954, protagonista e vítima de seu próprio tempo, o maior prejuízo técnico que o futebol teve com o período de guerra.

Perdidinha da Silva, a FIFA ainda enfrentaria problemas com Israel, estado autônomo com crivo da ONU desde 1947 e contra quem todos se recusavam a jogar. Os boicotes dariam a Israel uma vaga direta pra Copa, o que fez a entidade máxima criar uma repescagem mundial, na qual o País de Gales foi pescado por sorteio, deu um cacete em Israel e se habilitou para tomar um dos gols mais belos da Copa, de Pelé, nas quartas-de-final.

Foram as eliminatórias em que Gigghia, ele mesmo, defendeu a camisa italiana, e a Copa em que João Havelange assumiu a CBD, já de olho em coisa maior, até porque os cargos altos da FIFA estavam ocupados por um soviético e um estadunidense sem muita moral na freguesia. Mudava o mundo e suas fronteiras, mas a FIFA e sua cartolagem adjacente já dançava de acordo com a música – e sempre dançou muito mal.

 

86 – AS DUAS INVASÕES MEXICANAS, A OLA E A ESPERA

As oitavas-de-final do Mundial de 94 sacudiram Nova Iorque. Chegaram mexicanos de todo lado para acompanhar aquele México x Bulgária, e o estádio dos Giants recebeu uma das invasões mais festivas e notáveis da história das Copas. Mexicano é festivo e notável, mesmo. Em campo, o jogo, que teve um travessão rompido no meio (!) foi para os pênaltis, cuja disputa foi vencida pelos búlgaros. A derrota acendeu polêmica eterna naquele país: Hugo Sánchez, veterano e herói nacional, no banco de reservas, era o nome óbvio para entrar quando o atacante Luis Garcia foi expulso, mas o técnico não o colocou. Nova Iorque foi invadida em vão.

Nas oitavas-de-final do Mundial de 2014, nova invasão desta gente carismática, agora em Fortaleza, para um enfrentamento duro com a Holanda. Naquela mesma cidade, dez dias antes, os mexicanos eram mais ouvidos que os próprios brasileiros, donos da casa, em um Brasil 0x0 México, razão pela qual o entusiasmo daquele dia ensejou a repetição. Transatlânticos chegavam com bandeiras penduradas e uma multidão de mexicanos cantando “ai, ai, aiai, canta y no llores”. Em campo, a vitória, quase certa aos 42 do segundo tempo, virou virada relâmpago, com direito a um pênalti inexistente marcado para os holandeses, lance que se tornou lamento eterno naquele país. As invasões a Fortaleza não deram em nada.

Tanta alegria foi recompensada com duas Copas em casa, únicas oportunidades em que o México alcançou as quartas-de-final. Em ambas, craques se tornaram mitos, Pelé em 70, Maradona em 86. Apreciam a arte da bola, e foram capazes de aplaudir e apoiar os gênios de outras camisas. É em solo mexicano que a “Ôla”, monumento cultural futebolístico ideal para momentos ociosos de um jogo, se transformou em coreografia mundialmente repetida a partir da Copa de 86. E é o povo mexicano que, à parte os dois exemplos acima, estão sempre entre os maiores públicos de competições continentais ou mundiais.

Ainda lhes falta a seleção das seleções, o time dos times. Pep Guardiola, comentarista na Copa de 2010, afirmou na ocasião que o único time que fazia algo diferente e que lhe agradava taticamente era o México. Para 2018, a aposta deles é no Professor Osório, que definitivamente não pensa o jogo igual qualquer um pensaria. Em campo, eles tentam chegar lá. Nas arquibancadas e ruas, já chegaram faz tempo ao topo do mundo.

(na foto, Hugo Sanchez e Mejia Baron, o técnico que não o colocou em 94 e virou vilão)

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