Por Fernando Toro
Entendam, de uma vez por todas: lutar contra a nova ordem do mundo não é brincadeira. Não se faz piada com estas coisas, assim como com pedofilia, por exemplo. Festas? As desfruto, sem dúvidas. Mas, até quando? Para quem erguemos, hoje, nossas bandeiras? Quem se beneficia de nossas ações festivas (sejam no futebol, fora dele, tanto faz)? Por fim, um Império conquistou toda Terra – o da internet, globalização, robotização. Vivemos a era da pior escravidão, a mais aguda, a da consciência. A mais pura escravidão humana é nossa contemporânea, sinto muito. Chicoteiam nossas mentes, guiando-as para onde querem, como querem, por quanto querem, quando querem. Quando querem? Sempre, as vinte e quatro horas de cada novo dia que nasce. Como o fazem? A corrente apertada e a vigilância atenta. Pura bruxaria, certamente. Pois esta “peculiar” mistura de tecnologia e miséria extremas (ah, ‘Blade Runner’, como foste profeta!), violência no sexo, sexo na violência, violência e sexo para com e entre as crianças (agora devidamente tatuadas), com as pitadas “irresistíveis” de artifícios cibernéticos, a “interatividade”, a “inserção social”, nos levou a este quadro satânico, vivo e ativo. Carros turbinados, músculos turbinados, na orgia da confusão, no abandono da razão e emoção que, juntas, produzem “milagres”.
Pois toda a mistura maligna contagia e forma legiões de zumbis, que abdicam da luta simplesmente por nunca a ter conhecido. E esta mistura também aprisiona. Não é só um problema isolado, não, questão de “idade penal”, é geral! As crianças não podem (mesmo!) resistir à tentação de viver como adultos, o mais cedo possível em suas vidas; assim como, quando adultos, voltam à infância “perdida”, e partem a festejar como infantis, quando não o deviam mais, quando a obrigação adulta de lutar e curar desaparece. Fúteis, sujos pelas marcas que consomem com orgulho. Este falso orgulho, imposto de cima para baixo na sociedade, de fora para dentro das mentes, Dio mio! Toda escravidão começa já ao nascer, certo? A era atual, com os malditos aparelhinhos inseridos em vossas almas como aqueles “chips” que a “ficção cientifica” previa até pouco tempo, mostra a pior face do aprisionamento, da falta do ar livre e do compartilhamento entre a natureza e os seres. E, desta bizarra maneira, todos parecem como aquelas crianças que não largavam a mão da mamãe, mas com a outra ocupada com seu ‘GameBoy’, lembram? Já deixou de ser apenas um aparelho para comunicação emergencial, que ate justificaria discussão de sua posse ou não, para constituir no fator decisivo das ações que do portador urgirão.
E não agem mais em coletivo, em interações sem medo, carnais e naturais, claro. Não agem naturalmente, pois são os estímulos teleguiados que predominam a força-motriz de suas interações com os próximos, com quem compartilham o planeta e tudo o que há nele. E, assim, nos teleguiam para baixo (para baixo!), até uma situação de total controle mental, e logo, físico, também. Senhoras e senhores, os que agem naturalmente nunca se deixam levar por amos e suas vidas ocas, por favor. Estes “donos do mundo”, que exploram o ser humano com sadismo, pornografia, execuções para todos sentirem. Estranhas entranhas jorrando a superficial curiosidade de ver o que há dentro de nós, como se fosse o ápice do trabalho que nossos cérebros podem realizar. Há ainda a “maquiagem” social por trás desta “brincadeirinha” de comer bolinhas coloridas com suas digitais, de que não haveria divisões de classes mais. Os putos amos cravam, desde tenra idade, entre miseráveis e burgueses em iguais proporções, a marca que lhes apetecem – a deles, sempre, claro. Aquelas que excluem cada vez mais, cobram cada vez mais e escravizam. Através desta “mágica” combinação, as ruas imundas até parecem prazerosas, “cheias de si”, de “potência” em cada ego inflado pelo falso poder que esta vida cria.
E é tudo surreal. O chorinho “emocionado” de Cristiano Ronaldo, ao receber o tal prêmio de “melhor jogador do mundo”, fez parecer o das atrizes na celebração do cinema coisa de amador. Constrange-me, ó futebol mercantil! E até mesmo Don Pelé, a “boca que faz merda”, conseguiu definir o atual momento do futebol: “Cristiano Ronaldo não é craque, é só um finalizador”. E é óbvio, quem tem parâmetros sabe que este futebol de hoje (assim como seus “craques” que afinam na “hora H” e “golaços” sem quaisquer carrinhos ou trancos pesados que, antes, faziam os gols serem emocionantes a ponto de, justamente, serem golaços!) já não é mais o mesmo, portanto não há porque viver com este cabresto na consciência e ter estes pseudo craques como ídolos, por favor.
Assim como o “Rei”, os jornalistas “reais” da revista Veja também deixam escapar verdades por detrás de sua linha editorial fascista: “Ame-o ou deixe-o”, como tingiram em sua capa recente, sobre o menininho Cris. Pois é isto mesmo. Há quase vinte anos, já tomei minha decisão nesta luta. Pois na mesma capa mencionam uma tal de “polêmica” que o jogador causaria. Opa, eu vi Renato Gaúcho! Eu sei o que é polêmica no futebol (e fora dele, também – que o Cristo Redentor tape seus olhos!), e mantenho meus parâmetros tão intactos quanto minhas paixões. Depois leio que, pela aparição deste tal Ronaldo, entende-se porque mais mulheres hoje gostam de futebol. Fazem-me-rir! Desde Helenos de Freitas, passando pelas pernocas de Leão e tantos outros, o fascínio sexual por atletas já existia. O que há hoje é a putaria, o descalabro, a falta de respeito. Nisto, “Cris” e sua turma de putas turbinadas são pioneiros, sem duvidas!
Tudo virou moda junto com o futebol, para mulheres, crianças, ‘nerds’, góticos, putos e putas de todas as idades. “Mas o futebol não é de todos?”, vão me argumentar. Não, calma lá! Pode ser para todos, mas de fato, depende-se de muita dedicação e seriedade para haver a troca perfeita que o futebol pode proporcionar. Hoje, estes “todos” que participam do futebol, não fazem nada, de fato – sejam como torcedores zumbis, jogadores bailarinos, árbitros pasteurizados pela “Escola das Américas da FIFA” ou jornalistas prostituídos. Abriu-se a “caixa de pandora do futebol”. “Fodeu”, galera! E acha que não sei por qual lado eu luto? Pense melhor, e naturalmente, sem anteninhas de plástico de preferência. E, tampouco, pense que eu odeio cegamente os moicanos e chuteiras coloridas. O problema é que esta geração não vive mais sem os tais artifícios – é tudo surreal, tem de ser! Costumo dizer que, se houver problemas nos satélites que orbitam a Terra, esta geração vai acabar como, segundo mitologia grega, quem olhava diretamente nos olhos da Medusa, ou seja, petrificada, sem essência, morta. Entendam que o cabelo do Biro-Bíro, por si só, era ridículo também.
Mas o cara era puro “sangue, suor e lágrimas” e não havia como não se apaixonar e respeitá-lo! No fim, não é a estética que prevalece, é o carnal. Sei que sou chato, então não pense em mim, e sim, lembre-se do mestre Romário que, há dez anos (uma década, já, meu povo!), cravou: “o futebol tá mó bába, parcêro!”. Parâmetros, como é bom senti-los vivos na Terra! Parâmetros, como o futebol e a arte morrem sem ti. No futebol, há números que valem como tal, outros nem tanto. Ou você acha que Josimar tinha o dobro de capacidade de anotar pontos do que tinha Marco Van Basten, já que este não anotou nenhum gol em mundiais e aquele fez uma dupla deles na Copa do México (do México, não da FIFA!), em 1986 (aliás, ambos de tirar o fôlego de qualquer mortal)? Atentos, todos, fiquemos com estes amos espaçosos e desrespeitosos que nos cercam. Eles confundem um mundo simples em essência.
Há muito trabalho no futebol, nada pode ser apenas superficial nele, nunca deverá! Hoje o futebol virou esse ‘show’ preguiçoso,mimado como são as pessoas e seus egos inflados pelas maquinas em suas mãos. O “não me toque” tomando conta de miseráveis e burgueses. Socorro! Cá estou, sentindo-me um tanto perdido no “olho do furacão”, outro tanto tomado pelo ímpeto de sangrar este cancro ate expulsá-lo do ultimo irmão infectado. Quero viver, quero jogar, quero gozar! Só com liberdade poderemos novamente fazê-lo. E ela esta perto de cessar – se já não se foi e minha vontade de viver cega-me para esta face da realidade. Não vou falar muito de futebol por aqui, claro. Não há mais futebol. Se o Morumbi não pode mais receber cento e vinte mil pessoas livres, com bandeiras e paixões, e temos em seu lugar aquela “privada” chamada de “Arena Corinthians”, e seus próprios pilhados torcedores exibem faixas de apoio e orgulho a isto, de fato, nem mais os cento e vinte mil quero ver de novo no futebol. Estes novos cento e vinte mil, sem liberdade, com ou sem bandeiras, não representam mais o que fez do futebol algo maravilhoso.
A nova ordem cresce e toma conta das pessoas, suas acões robotizadas, mas tenhamos forza! Acredite no poder de negação, da renúncia, por favor, ele é mais forte do que toda esta bruxaria infernal. Dizer “não” lhe abrirá novas portas, como aquelas que seguiam constantemente abrindo-se antes da tormenta chegar junto com este novo milênio. Este ano, este “toro” aqui dentro atingirá maioridade, meus dezoito anos na luta. Garanto que há muita vida e prazer sem este futebolzinho mequetrefe vigente. Com ele, teremos desgraça, dor, crianças sendo negociadas como escravos por clubes que já se escravizaram pela sensação de poder sobre as pessoas, e não sobre adversários, o que era saudável e emocionante. Sem o escudo de clubes, e da força de senhores como Vicente Matheus e Bill Shankly, os clubes parecem bancos, com seus “fieis” clientes, prontos para marcharem juntos ao breu da vida, com a marca do individualismo, egoísmo e alegrias prostituídas que deve brotar de uma vida sem proteção e cuidado. Esta carnificina social, onde um vai matar o outro, ate não sobrar mais nada.
Peço que não se aborreçam com a abundância de aspas na minha mensagem. Em um mundo surreal, elas vão aparecer conforme esta inversão (de valores e até dos polos teremos) se mostra vitoriosa na vida. E também expressam a parte de confusão que trago, hoje. Estou, independente de minhas criticas, caminhando junto com vocês e não tenho a paciência do mestre Mandioca para explicar tudo. E estou pedindo ajuda a vocês, para que meu cansaço diminua no ato de pensar, pensar, pensar. Isto não é saudável. Não à toa, é no pensamento que agem os putos amos da vida. Assim como o alimento e o sono, o pensamento compõe a base de nossa boa saúde. Ele deve ser leve, como a energia que carregamos em nossos frágeis corpos. Mas nesta época guerrilheira, o pensamento deve ser explosivo, como um raio, focado, convicto. E dela virão respostas para estas dores horríveis, pois a ação é o corpo onde a cabeça é o pensamento. E devemos agir e, logo, negar, para lograr alegria no coração do mundo. E, também, quem pensa muito se complica, não sai do lugar, cai nas mãos dos putos amos. Já quem pensa como um raio descobre a resposta e goza ao fazê-lo pela possibilidade de salvar, mesmo que num futuro tão distante que nem estará mais aqui, um belo amanhecer, com liberdade e futebol, novamente. Hail and kill! Bom dia.