Por João Ferraz
Vamos separar o Joio do Trigo. De fato – e a respeito disso não há a menor dúvida – o público que freqüentou a abertura da Copa do Mundo era um publico muito elitizado.
Por quê? Em primeiro lugar o ingresso era sim muito caro, mais caro do que os ingressos já inflacionados dos jogos da Copa Libertadores. Em segundo lugar, os ingressos deveriam ser comprados através da internet, num sistema de sorteio. Mesmo considerando a aleatoriedade do sorteio, existem ai dois poréns: você deve TER O DINHEIRO e também dispor de capacidade técnica e recursos materiais para usar a internet. O terceiro ponto é que, ainda que observadas as condições mencionadas, isso se restringe ao estado de São Paulo e, no máximo, o sudeste. Devido às condições ligadas à capacidade de viajar, tempo necessário e recursos para comprar passagens aéreas.
Por fim, apenas 22 mil ingressos foram vendidos, de um total de 65 mil. Ou seja, 43 mil ingressos foram distribuídos para convidados da FIFA e de seus patrocinadores. E não, eles não foram distribuídos em Heliopolis ou em Ferraz de Vasconcelos, nem mesmo no Marsilac.
Mas há um segundo aspecto. Considerando que o público era de fato elitizado, não há problema algum que ele vaie a Dilma ou a quem quer que seja. Evidentemente, cada um pode fazer seu juízo de valor de nossos políticos e expressá-lo livremente (a PM não gosta muito dessa coisa de expressar livremente, mas vivemos na maior parte do tempo em um regime democrático). Poderíamos argumentar que há um desrespeito ao chefe de Estado diante do mundo todo. Ainda assim, prevaleceram as liberdades democráticas, ainda bem.
Qual o questionamento então? Ora, essa é a mais fácil. Por que será, então, que nas ultimas pesquisas de opinião, realizadas dias antes do jogo, a presidente do pais esteja ganhando em primeiro turno, com folga em relação a seus adversários? Ah, e não vale desqualificar a parcela menos educada do pais, dizer que eles não entendem que a Petrobrás isso, que a taxa de câmbio aquilo… Lembremos que tudo isso faz parte DO MESMO SISTEMA DEMOCRÁTICO, que em outro aspecto aceita as vaias dentro do estádio. Ou seja, o que vale para um, vale para o outro.
Agora só falta despir o ódio do debate político, quem sabe isso não traz inputs mais qualificados para os próximos eleitos.