A principal contradição do processo político durante os governos do PT não foi, como indicaria uma leitura mais superficial, entre capital e trabalho, mas sim entre a grande burguesia interna brasileira e o capital internacional (mais a burguesia local a ele associada).
A leitura é do professor titular de Ciência Política da Unicamp, Armando Boito, convidado deste episódio número 50 do Guilhotina. Editor da revista Crítica Marxista e autor de diversos artigos e livros, ele expõe esta tese em sua mais recente obra, “Reforma e crise política no Brasil: os conflitos de classe nos governos do PT” (http://bit.ly/reformaecrise), lançado em 2018 pelas editoras Unesp e Unicamp.
Boito conversa com Bianca Pyl e Luís Brasilino sobre o arco de alianças que deu sustentação aos governos de Lula e Dilma (para além das articulações partidárias, claro), a postura das organizações da classe trabalhadora e o fim da contradição intraburguesa – e a consequente unidade entre capital interno e internacional – que levou ao golpe de 2016 e ao cenário atual.
Links:
Guilhotina #29 sobre meritocracia, corrupção e classe média, com Sávio Cavalcante: https://diplomatique.org.br/guilhotina-29-savio-cavalcante/.
Trilha:
Gal Costa, “Divino maravilhoso” (Caetano Veloso e Gilberto Gil); e Mombojó, “Deixe-se acreditar” (Felipe S e China).