A visão de mundo bolsonarista é composta de três elementos principais. Em primeiro lugar, a Doutrina de Segurança Nacional que criou a figura do inimigo interno. Em segundo, uma obra obscura produzida pelo Exército nos anos 1980 chamada Orvil. Resposta contra a divulgação dos crimes cometidos pela ditadura, o documento expressa uma linha de pensamento segundo a qual o “comunismo”, a partir da derrota da luta armada, muda sua estratégia e passa a atuar na área cultural. Daí o ímpeto do governo atual de destruir instituições como as artes, as universidades etc., incrustradas de “inimigos internos”. O terceiro elemento seria o olavismo, que sofisticou e popularizou essa estrutura de pensamento conspiratória e formatou a, hoje cotidiana, retórica do ódio. Esta análise está em “Guerra cultural e retórica do ódio: crônicas de um Brasil pós-político” (Editora Caminhos – com lançamento previsto para agosto), novo livro do convidado de Bianca Pyl e Luís Brasilino neste episódio, o ensaísta e professor titular de Literatura Comparada da Uerj, João Cezar de Castro Rocha. Está imperdível.
*Links: Entrevista Jornal Opção (https://bit.ly/joão-cezar-jornal-opção); Privacidade hackeada (https://www.netflix.com/br/title/80117542); artigo João Moreira Salles (https://piaui.folha.uol.com.br/materia/a-morte-no-governo-bolsonaro/).
Trilha: Jackson do Pandeiro, “O canto da ema” (Ayres Vianna e João do Vale); e Odair José e As bahias e a cozinha mineira, “Chumbo grosso”.