*Por Maurício Targino
Uma rápida passada por alguns fatos envolvendo o futebol brasileiro no último fim de semana de março de 2017 dá bem a medida do atual estado de coisas no ludopédio tupiniquim, seja nas quatro linhas ou além delas:
1) No clássico paulista entre São Paulo e Corinthians, o jogador tricolor comemora o gol imitando uma galinha para provocar a torcida rival… que não estava no estádio. E no fim do jogo não tem coragem de assumir o que fez e ainda faz pose de bravo;
2) No mesmo jogo, um torcedor do São Paulo que foi ao estádio do Morumbi pela primeira vez resolve pular a grade do anel superior para mudar de setor e cai de uma altura de quase 30 metros;
3) O clássico carioca entre Flamengo e Vasco é disputado em Brasília mesmo com o Rio de Janeiro tendo estádios como Maracanã e Engenhão;
4) Na mesma partida, o árbitro simula uma agressão – sim, foi isso mesmo que você leu – para expulsar um jogador do Vasco e depois inventa um pênalti na cara dura para compensar;
5) Por falar em arbitragem, uma mulher apita um clássico em Pernambuco pela primeira vez em quase 25 anos e não escapa de xingamentos e ofensas machistas mesmo com uma atuação correta;
6) E por falar em mulher, uma quase teve sua camisa do Paysandu arrancada por torcedores do Remo em Belém. E se você acha que ela “assumiu o risco” por passar no meio dos rivais, pare de ler esse texto e vá se tratar
São apenas meia duzia de tópicos ocorridos em quatro jogos entre as centenas que aconteceram no fim de semana. Violência de torcidas, torcida única, mandos de campo itinerantes, machismo, arbitragens bisonhas, organização patética…
… Mesmo assim, dois dias depois quase 45 mil pessoas deixaram mais de 12 milhões de reais nas bilheterias do Itaquerão para ver a Seleção Brasileira, pagando em média R$ 277 por ingresso.
Tudo isso pra gritar “Bicha” cada vez que o goleiro adversário cobrava um tiro de meta.
Fracassamos.
*Maurício Targino é jornalista e faz parte da bancada do Baião de Dois, na Central3