Mais uma semana na terra enfeitiçada dos humanoides

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Meu “parça” Bury, indignado, me repassou a legenda de uma dessas incontáveis fotos de frente a um espelho (geração do vidro!), que dizia assim: “nunca fiz cirurgia plástica, tenho apenas próteses de silicone”. Era domingo chuvoso de 25 de agosto de 1996, quando este mesmo Bury recebeu minha ligação, em desespero: “você ta vendo isso?!”, quando Ronaldo estreava no Barcelona e a mentira estreava, realmente como que um fenômeno na humanidade, de dentro pra fora do campo, e abria um vasto e sombrio espaço para mais (e agora venais, microcelulares, infalíveis e alienantes mentiras) não “só” no futebol, idem na vida de modo geral. Aquilo que era nu e cru, que recebia o impenetrável, íntegro e justo (achava eu, ate então…) julgamento popular, tinha o vírus invisível como novo amigo. Sabíamos, desde aquele domingo, que a coisa ia ficar muito feia, assim como o cientista quando recebe a confirmação de que o meteoro vai se chocar com sua casa.

 

Parecia uma antevisão, dezoito anos antes, das aberrações humanas que vemos a todo instante, do lado direito, esquerdo, atrás, na frente, a noite, de dia, no metro, nas calçadas, nos almoços, nos carros (motoristas e passageiros em igual, claro)… O desespero aumenta… Os humanoides estão vivos, ativos (para eles mesmos e seus putos amos, que não param de lucrar seus “creditos”), mas totalmente passivos uns com os outros. Não há absolutamente um pingo de respeito mais na cidade de São Paulo. Se esta cidade já nasceu infernal e assim foi ate hoje, chegamos num ponto (quase) insuportável.  É o fenômeno maldito da confusão, das antenas de plástico que estão sendo priorizadas, em detrimento de toda riqueza natural que devemos gerar. O império, que há uns 10 anos, parecia abalado aonde ele realmente sabe viver, ou seja, no psicológico, voltou com tudo com esta nova escravidão, e há mais sinais nas roupas, bolsas (e capinhas, claro) com bandeiras do império, que se proliferaram, como que num milagre do deus do capital venenoso, na fotografia miseráveis das metrópoles coloniais, uma vez mais… Horas antes de ler esta mensagem, voltava à Mooca pelo trem. Três humanoides, escravos felizes dos putos amo como são, brincavam com suas correntes iluminadas, riam de qualquer idiotice que um mostrava pro outro (e percebia-se claramente que mal olhavam, de fato, para a tela do “amigo”), a todo instante ajeitavam mais ainda seus babadinhos na roupa, ou seus topetinhos, se admirando pelo reflexo daquela minúscula tela (tudo parece tão minúsculo no universo deles, Dio mio…). E ainda tem as capinhas de celular “hipster”, que eles mesmos teimam em chamar assim com “ironia”, como se isso fosse possível. Se você tem um celular, tem uma capinha “hipster”, você não é o critico, você é a crítica, você realmente “tem um celular hispster”, e isto é muito, e cada vez mais, do que define tua existência. Seria como eu tirar uma foto com a camisa do Neymar no auge de uma bebedeira, legendar que “sou parça”, mas sair dali e correr pra frente da TV e torcer, de fato, pelo menino da Vila famosa e seus valores.

 

Podres frutos do fenômeno que inverteu polos, prioridades e muito mais… Este é o cenário desta cena e de tantas outras diariamente. E entendam, não sou contra brincadeiras fúteis por vezes (pelo contrário), cuidar de um detalhe de sua imagem, seja na roupa, no corpo. Mas desde que tudo isso esteja bem guardado no campo de sua liberdade, que acaba quando a do próximo começa. Então é no tratamento humano entre todos nós que vamos definir quem faz chorar ou rir. E estes casos vêm sempre com a falha do lado humano, por isso os chamo de humanoides, com todo amor possível. Voltando ao caso, seguiu-se a confirmação, uma vez mais. Um mendigo, velho e visivelmente mal de saúde, entrou e passou a caminhar entre todos, pedindo qualquer coisa na total ausência de tudo que lhe vestia, nu e cru a frente de todos ali (humanos, claro). Pois ao chegar no bando, não somente foi ignorado, como recebeu uma chuva de risos histéricos e ignóbeis, alem de saliva também de um deles. Cabelinho lindo? Sim! Capinha linda? Temos, sim senhor, claro! Educação, compaixão, irmandade, o mínimo de uma gota do que um dia a criança sonhou existir entre nós, vivos homenzinhos na terra? Não temos, não, véi! O verdadeiro motivo da miséria é um ser íntegro ter que compartilhar o planeta com outros como aqueles três infelizes, que não tem prioridades dentro de si e vão fazer funcionar o sistema de vida doentio e movido por putos amos, seja o capitalismo, o feudalismo, ou qualquer outro, com sua falta de amor e vibração natural – não a toa vivemos a era dos vibra-calls, pois algo tem que inflar a existência, dia após dia, nos humanoides e eles não conseguem mais por suas forças.

 

Eu queria mata-los. Queria ser Hitler. Mas sou Thuler, e estou farto. E estar farto nem significa mais agir como fazíamos, levantar aqueles três de cabelinhos pela gola. Mas já estamos fartos deste exemplo, também. Já sabemos que não é na força que se arranca o demônio, é no amor de Gandhi, de Che, de Tim (nunca desta tal de TIM!)… Então, acampamos na era do sufoco de nosso grito indignado, na era da vitoria das micro-ondas que dominaram tudo e todos. Vamos sobrevivendo, apesar disso e tudo e muito mais. Devemos seguir. Cá estou, mais uma semana. Lamuriando, sim. E sempre sonhando.

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