Meu Time de Botão: Bora, Bahêa! Nem o Santos de Pelé segurou o inédito campeão do Brasil em 1959
Primeiro campeão brasileiro de todos os tempos, estampou O Globo da manhã seguinte da vitória do Bahia sobre o Santos no Maracanã, em março de 1960, que sacramentou o título da Taça Brasil 1959 para o clube baiano naquele que é considerado o inédito torneio de caráter nacional da história do nosso futebol. E é aquele Esporte Clube Bahia o tema do Meu Time de Botão desta semana. Clique aqui para ouvir, baixar e compartilhar.
Antes, cabem duas explicações: primeiro, que esse programa não tem a pretensão de entrar na discussão sobre a unificação dos títulos reconhecida pela CBF recentemente. Aqui pouco nos importa, sinceramente, como a entidade resolve listar seus campeões e campeonatos.
Segundo, como chegou-se à Taça Brasil: com a criação da Copa Libertadores da América para 1960, o país precisava definir seu representante para a disputa continental, e por isso a CBD reuniu 16 campeões estaduais na corrida pelo status de campeão brasileiro. Antes, em 1937, a Federação Brasileira de Futebol (FBF) havia promovido a Copa dos Campeões, reunindo seis campeões locais e terminando com título do Atlético-MG sobre o Fluminense.
Em campo, o Bahia começou a fase regional batendo o CSA para depois eliminar o Ceará e o Sport. Na semifinal, veio o poderoso Vasco da Gama, com vitória no Maracanã, mas vaga apenas no terceiro jogo, na Fonte Nova. E a grande decisão diante do histórico Santos de Jair Rosa Pinto, Dorval, Coutinho, Pelé e Pepe.
No primeiro jogo, a surpresa: apesar dos gols de Pelé e Pepe, o Bahia venceu por 3 a 2 na Vila Belmiro. Mas o grande Santos era o grande Santos e estragou a festa na Fonte Nova ganhando por 2 a 0, matando o jogo logo no início. E aí surge uma das grandes histórias da campanha do tricolor baiano.
Na virada para 1960 – o Santos, em excursão internacional, adiou a terceira partida para o final de março -, o técnico Geninho optou por deixar o cargo e quem assumiu para os 90 minutos finais foi Carlos Volante, argentino cujo sobrenome virou posição em campo no Brasil. No Maracanã, em jogo com cinco cartões vermelhos e quatro gols, o Bahia venceu o Santos, com Pelé machucado após as partidas na Europa, por 3 a 1.
Na Libertadores, não deu para os brasileiros, que pararam logo no primeiro confronto eliminatório frente ao San Lorenzo. Nada que diminua a grande história de nomes como Nadinho, considerado o melhor goleiro a jogar pelo clube; Leone, Vicente e Beto, os pilares da defesa; Marito e Biriba, dupla de pontas velozes e infernais naquela campanha; e Léo Briglia, artilheiro do campeonato que tinha a grande missão de ser o novo matador do clube com a aproximação da aposentadoria de Carlito, maior goleador da história da camisa tricolor.
O Meu Time de Botão ainda recomenda o documentário Bahêa Minha Vida, do diretor Márcio Cavalcante, que promoveu um emocionante encontro entre Nadinho, Marito, Vicente e Léo, se tornando um dos principais acervos sobre a época. E o livro Os Dez Mais do Bahia, de Clara Albuquerque, que traz o perfil de dois desses nomes: Nadinho e Marito.