Por Igor Costoli
Era pouco mais de 16h quando chega a notificação no celular: “Já pode deixar a caneta cair e ir pro bar”? O atleticano nem disfarça mais: quando tem jogo, não adianta marcar reunião, cobrar e-mail ou esperar que ele fique para olhar aquela pendência. Impossível, porque ele nem sequer está ali. E seu espírito, ontem, estava no Chile.
Mas também é pelo celular, no início da noite, que chegaram as notícias que Robinho não jogaria. Se a primeira mensagem abria a porta para aquele confessionário coletivo contra a obrigação de trabalhar, a segunda notificação era a senha para colocar todos os grupos no mudo: todas as mensagens dali em diante eram previsíveis – e chatas.
Nada parece ser mais Libertadores que isso. Uma única alteração muda tudo. Acontece nos jogos, acontece com o ânimo das torcidas, acontece com campanhas inteiras que se transformam de hora pra outra. Das grandes marcas do continental sul-americano, sua dose tradicional de imprevisibilidade é fascinante.
De modo geral, o primeiro tempo de Cacique x Galo só teve uma finalização relevante dentro da grande área, uma cabeçada chilena que ficou nas mãos de Victor. O restante, bolas de média e longa distância que não eram causa, mas consequência.
As duas equipes buscaram rodar a bola, o que os brasileiros fizeram um pouco melhor, mas absolutamente nenhuma impaciência foi demonstrada. Tivesse 60 ou 120 minutos, ainda assim o primeiro tempo continuaria com os dois zeros no placar. E os dois lados estariam satisfeitos.
Foi quando Diego Aguirre calculou a vantagem que a equipe mostrou até ali e veio do intervalo dando um passo à frente. Com duas mexidas, tornou a melhor posse do time em supremacia por alguns minutos. Datolo e Hyuri tornaram mais agudas as chegadas do time e o gol parecia questão de tempo.
Até o inesperado dar suas caras. A contusão de Dátolo não apenas tirou de campo quem já era o melhor do jogo naqueles poucos minutos, como deixou Aguirre com a obrigação de dar um passo atrás. Valeria o risco de queimar a terceira substituição e manter o ímpeto? O uruguaio achou que não.
Nessa contusão, a partida virou outra. E esse outro jogo só deu Colo Colo. Quando o árbitro encerrou a partida, o Atlético tinha feito um giro completo sobre suas expectativas: entrou em campo sabendo que um empate era bom resultado, viu que ganhar os três pontos era muito possível, viveu a coisa ficando preta com a derrota rondando a grande área, até suspirar e comemorar um empate que foi ótimo.
Em resumo: atleticanos, visitem o cardiologista com o avançar da competição…