Jonathan Calleri foi apresentado oficialmente ontem (01/02) no São Paulo FC e vestirá a camisa 12, tradicionalmente reservada aos goleiros suplentes, para fazer média com a torcida do seu clube anterior. Em 1925, o Boca Juniors realizou uma turnê pela Europa e a delegação era composta por dezessete atletas, dois dirigentes, um jornalista do diário Crítica e um torcedor: Victoriano Caffarena, que foi apelidado pelos futebolistas de “El Jugador Número 12”. Setenta anos depois, a barra brava do clube que desde a década de 1960 levava o apodo dado à Caffarena, criou a Fundación El Jugador Número 12 para tentar limpar o nome da organização.
Federico Mancuello também foi apresentado na Gávea com a camisa 12, mas logo solicitou a camisa 23 em alusão ao número de vitórias do Independiente no confronto histórico diante do Racing. E no último triunfo rojo sobrou até para o ídolo blanquiceleste Diego Milito.
Por falar na Academia, sua principal brava brava – La Guardia Imperial – se autodenomina La Nº1, enquanto outra torcida que divide espaço no setor popular do Cilindro é conhecida por La 95. O motivo? É o prefixo da linha de ônibus que vai de Palermo até Avellaneda.
Do traçado urbano da Grande Buenos Aires pegamos a Ruta Nacional 1 e chegamos até a capital da província: La Plata, conhecida como Ciudad de las Diagonales. Por ser uma cidade planejada, suas vias são designadas por números. E foi no encontro da Avenida 1 com a calle 57 que o Estudiantes ergueu sua cancha no começo do século passado. Quase cem anos depois o Estadio Jorge Luis Hirschi foi demolido por questões burocráticas, mas o desejo dos pincharratas é voltar ao local onde o clube conquistou grande parte dos seus títulos.
Ainda em La Plata, a barra brava do arquirrival Gimnasia é a famigerada La 22, mas neste caso não é por conta de nenhum logradouro. Marcelo Amuchastegui, líder da torcida entre os anos 80 e 90, era conhecido no submundo platense como El Loco Fierro, e na Quiniela – jogo de azar popular na Argentina, semelhante ao Bicho – o 22 é o número do Loco.
Outro número famoso na Quiniela é o 14, que designa o Borracho. Por este motivo diversas barras bravas na Argentina se identificaram: Cambaceres, Lanús, Morón e, principalmente, River Plate. Ao que tudo indica a escolha da camisa por Javier Mascherano na Albiceleste e no Barcelona é por conta da proximidade do Jefecito com Los Borrachos del Tablón.
Do outro lado da Cordilheira, quando o ídolo Esteban Paredes voltou ao Colo Colo, no começo de 2014, pediu para usar a camisa 30 sonhando com a possibilidade de conquistar o trigésimo campeonato chileno. Na ocasião, El Bendito del Área foi fundamental para o título do Clausura anotando 16 gols.
Já no Uruguai o número 5 tem um gosto especial para os carboneros, afinal são 5 títulos da Copa Libertadores e 2 quinquênios. No último pentacampeonato nacional (1993-7), o Peñarol era capitaneado por Pablo Bengoechea e o seu gesto com todos os dedos da mão abertos virou uma estátua de bronze em Los Aromos.
Recentemente, o Manya aplicou uma goleada por 5 a 0 no Bolso em partida válida pelo Clausura 2014. No ano seguinte, El Profesor Bengoechea foi contratado como treinador do Peñarol e em pouco mais de uma temporada à frente da equipe não conseguiu ganhar nenhum dos 7 clássicos (4d, 3e) que dirigiu diante do Nacional, motivo que lhe custou o cargo às vésperas da Libertadores e Clausura 2016.