Por Felipe “El Biglia de la Gente” Dominguez
Juan Carlos Osorio, cercado de expectativa e otimismo, estreou com uma vitória contundente diante do Grêmio no Morumbi. O paladar futebolístico do Profe já pôde ser observado, como o próprio explanou no final da partida: “O que eu mais gostei foi o controle de jogo, através da circulação. A sequência longa de passes consecutivos permitia ao nosso time estar curto e poder competir pela bola quando a perdíamos. Devemos melhorar em muitas coisas. Mas, em termos gerais, eu fico feliz e satisfeito”, afirmou. Os 16 mil torcedores que estiveram no Cícero Pompeu de Toledo puderam notar algumas diferenças em campo em relação a vitória contra o Santos, na última quarta feira. O colombiano decidiu iniciar o ciclo com seu esquema fetiche: O 4-3-3 que vira 4-1-4-1 na recomposição defensiva. No novo sistema, Souza ganhou liberdade, ao passo que Ganso retornava para ser o terceiro homem do meio, batendo contra a marcação de Maicon, o “xodó” da torcida tricolor. Michel Bastos e Wesley eram os ponteiros, com Luis Fabiano, notoriamente mais participativo, posicionado como a única referência de ataque.
Um primeiro tempo onde o São Paulo controlou o Grêmio com passes curtos, marcação pressão e linha defensiva adiantada, com Dória e Rodrigo Caio posicionados no terceiro quatro do campo. Apesar da posse de bola altíssima, que teve picos de 65%, o tricolor paulista ressentia da falta de arremates e profundidade. O gol de Luis Fabiano foi uma síntese da falta de criatividade, oriundo de uma bola alçada e da chegada sagaz de Rodrigo Caio na área. Todas as jogadas efetivas do São Paulo aconteciam pela esquerda, com o avanço de Carlinhos e o sempre insinuante Michel Bastos participando efetivamente ao vencer o duelo contra Felipe Bastos – improvisado na lateral devido à lesão de Galhardo. O Grêmio foi ao Morumbi no 4-2-3-1 habitual, com o tridente Luan- Giuliano-Pedro Rocha trocando sempre de posição, sem muito êxito. A única boa chance gremista em todo o cotejo, veio 3 minutos após o gol de Luis Fabiano, quando Giuliano enxergou Pedro Rocha entrando em diagonal, às costas de Bruno, para definir o lance rente ao poste de Rogério Ceni. Pouco, muito pouco. O Grêmio arrematou 8 vezes ao gol do São Paulo, sem acertar o alvo durante todo o confronto. O São Paulo chutou 5 vezes a meta defendida por Tiago; efetividade discutível para o time que trocou 567 passes contra 359 do rival.
No segundo tempo, Roger Machado trouxe Marcelo Oliveira para o meio de campo, ao lado de Maicon, equilibrando a posse de bola no Morumbi. Braian Rodriguez assumiu o comando de ataque no lugar no lugar do apagado Yuri Mamute, sem mudar o desenho tático. O São Paulo encontraria o gol em pênalti polemico, assinalado por Péricles Bassols, no principio da etapa derradeira. Rogério Ceni não desperdiçou, ultrapassando Raí na artilharia histórica do Clube da Fé com 129 gols. Osorio deu novo gás ao quadro paulista, com as entradas de Hudson e Thiago Mendes, nos lugares de Denílson e Souza – sem mudar o desenho do 4-1-4-1. Reinaldo, sempre criticado pela torcida, entrou na lateral esquerda, com Carlinhos assumindo a posição de Michel Bastos no lado esquerdo do meio de campo. O São Paulo perdeu ritmo, cedeu campo e bola, mas soube administrar um jogo no qual jamais foi ameaçado. A posse de bola final foi de 56 % em favor do São Paulo. Os destaques individuais ficaram por conta de Rodrigo Caio, rápido e concentrado para atuar como ultimo homem de uma linha defensiva adiantada, quase sempre no limite do perigo. Souza, mais liberado, mostrou qualidade na armação, enquanto Denílson, como nos tempos de Arsenal, foi fundamental na cobertura e no primeira passe. Por fim, um triunfo importante, que dá alento e abre a possibilidade de uma boa campanha no Brasileirão sob a batuta do novo treinador.