*por Gil Luiz Mendes, do Baião de Dois
O Tapetense é um time que nunca conquistou um campeonato sequer, mas se orgulha de vergonhosas vitórias. E quando ganha, é sempre aquele jogo truncado e chato, que parece que nunca vai acabar. 0 a 0 na ida, na volta, na prorrogação e cobranças alternadas nos pênaltis. Para infelicidade dos adversários, quase sempre é decisivo nas fases finais das competições que disputa.
Não há torcedores fiéis do Tapetense, apenas os de ocasião, os também chamados modinhas. É compreensível tamanha infidelidade. O time não tem bandeira, não tem cores, nem uma sede definida. O uniforme, esse não muda. O padrão é escuro com detalhes em branco e nada de calçado colorido e chamativo. No estatuto do clube está previsto que todo o elenco tem que cobrir os pés com cores escuras.
Time itinerante, ele é abrigado onde lhe convém e vai embora quando lhe dá vontade. Com sua eficiência propagada aos ventos, sempre haverá quem o abrace. Os rivais de hoje podem ser os novos torcedores de outros. A troca de casaca nada tem a ver com o carisma desse time tão odiado.
O Tapetense joga pelo resultado. Quem ainda se importa em dar espetáculo em pleno século XXI?
Se tem uma coisa que a comissão técnica do Tapetense não se importa é na forma física dos seus craques. O que vale mesmo é trabalhar o psicológico do time e jogar no erro do adversário. Jogadas ofensivas para pegar defesas desprevenidas e nunca deixar brechas para contra-ataques. Sistema tático pragmático, teórico, chato e muitas vezes desleal.
A mais recente vitória emblemática do Tapetense foi no final de 2013 quando o time estava atuando no Rio de Janeiro. Foi pra cima do time da colônia portuguesa paulista com um ímpeto tão grande, que o adversário nunca foi mais o mesmo depois de tal derrota. A equipe costuma se dar muito bem em terras cariocas. Talvez a vitória mais expressiva tenha sido no final do século passado por aquelas bandas, mesmo em um campeonato de divisões de acesso.
Essa semana soube que Tapetense está jogando na Bahia. Partida dura, cheia de carrinhos, empurrões e divididas que nenhum zagueiro quer perder. Estou apostando em uma vitória do Tapetense. A equipe sempre leva vantagem quando joga em gramado sintético acarpetado.