Eles estão lá desde 1998, quando América e Chivas Guadalajara foram os primeiros times mexicanos a disputarem uma edição de Copa Libertadores. Chegaram na condição de convidados, mas foram ficando, ficando, ficando… e ficaram. Ao que parece, definitivamente.
Em 2015 completam-se 18 temporadas de viagens intermináveis a um lugar futebolisticamente pouco conhecido por nós, sudacas de boa fé. Além das inúmeras partidas que sempre são disputadas, curiosamente, sob a castigante luz do sol.
Mas não é por acaso que os aztecas continuam se envolvendo em solavancos por canchas sul-americanas afora. A razão é fácil e simples de ser explicada: Plata! A CONMEBOL, na figura turva de seu ex-presidente Nicolás Leoz, enxergou uma tremenda fonte de dinheiro no mercado do futebol mexicano, o segundo maior da América Latina.
A Liga MX – primeira divisão daquele país – é a única no mundo que reúne equipes que disputam torneios de duas confederações continentais diferentes; CONCACAF e a já citada CONMEBOL. E algo assim, mais do que motivo de orgulho, acaba criando uma situação bizarra e que desacredita mais ainda a Confederação Sul-Americana de Futebol.
O simples fato dos clubes mexicanos disputarem a Libertadores, com a possibilidade cada vez mais real de título, mas não ficarem com a vaga ao Mundial de Clubes, praticamente obriga o sucesso do time que disputar uma hipotética final contra América, Tijuana, ou Tigres.
Essa é a atual crise existencial que vive o River Plate. A dívida moral que os argentinos carregam para dentro de campo pode pesar mais que os 19 anos de seca na maior competição continental. O Millonario não quer entrar no Mundial do Japão pela porta dos fundos (e aqui não vai nenhuma crítica ao Corinthians, que fique bem claro).
Nas outras duas vezes que chegaram às instâncias decisivas da competição, Cruz Azul e Chivas caíram para Boca e Internacional, em 2001 e 2010, respectivamente. E a CONMEBOL torceu muito para que isso acontecesse.
Só que agora a história é bem diferente.
A equipe da Universidad Autónoma de Nuevo León abandonou por completo o campeonato local, no primeiro semestre. Pensa apenas e unicamente na conquista do título que os meios de imprensa norteños já definem como a possível “maior feito do futebol mexicano”.
E o dinheiro, novamente, é o fator que reforça tal argumento. São jogadores de OITO nacionalidades diferentes compondo o qualificado plantel tigrado. São brasileiros, argentinos e uruguaios que carregam a equipe de ALMA Y CORAZÓN (porque todos sabemos que apenas futebol não é o suficiente para se levantar uma Copa Libertadores).
Os sudacas entram com o lastro e os dirigentes-empresários mexicanos com a verba. O mesmo orçamento que tirou o francês Gignac, do Olympique de Marseille, por assustadores 12 milhões de dólares. Leia-se 12 MILHÕES DE DOLETAS por um ex-gordinho que Marcelo Bielsa convenceu a fazer dieta.
Por isso, a chance de assistirmos pela primeira vez um clube mexicano campeão da Copa mais importante do NOSSO continente é bem real.
E que não soe como uma defesa sul-americana desesperada por um escanteio aos quarenta e oito do 2º Tempo. Até porque se eles vierem sempre com esse espírito e vontade serão muito bem-vindos. Mas, então, exigimos que se mude o sistema classificatório ao Mundial de Clubes. E isso já é pauta desde 1998.
Que sirva simplesmente como – mais – um alerta pelo bem da própria Libertadores.
E também de todos nós, torcedores sudacas.