Por Leonardo Lepri Ferro
E não é que a famigerada “geração Z” enfim chegou à idade adulta? Meio assim, aos trancos e barrancos, passou, sem se deter para uma melhor apreciação, pelas tardes de clássicos com estádio dividido, pelos volantes toda-cancha camuflados em chuteiras pretas e pelos ídolos forjados, antes que nada, no quintal de casa.
Talvez, apenas uma irremediável falha de formação no caráter do sujeito seja a explicação plausível para um jovem jogador de time grande ter, aos 19 anos e sem ainda ter demonstrado bola suficiente (ou pelo menos o mínimo que exige o sobrenome que enverga na própria camisa), tatuado o símbolo da CHAMPIONS LEAGUE no pulso.
Tudo bem se esse for o sonho do rapaz nessa vida. É um direito que pertence exclusivamente a ele e ninguém pode julgar qual sonho é o mais importante.
Porém, alguns detalhes jamais podem ser perdidos de vista. E algumas histórias merecem sempre serem contadas. Ainda bem que temos El Pelusa para reeducar uma geração que parece ter pulado alguma etapa. Ao mesmo tempo,ajuda a preparar a próxima, que ainda corre o risco de se afogar em meio às arenas, chuteiras coloridas e overdose de campeonato francês na televisão.
El Pelusa é um desenho animado inspirado em Maradona. Um garotinho simpático, vestindo o inconfundível uniforme da seleção que conquistou o mundo em 1986. O apelido carinhoso remete a um dos primeiros que Diego recebeu, herança dos cabelos compridos e desarrumados dos tempos de Cebolitas, o primeiro time a desfrutar dos serviços do eterno diez.
O desenho faz parte do programa De Zurda, conduzido por Maradona e pelo jornalista Victor Hugo Morales, aquele mesmo que narrou de maneira inesquecível o segundo gol de Diego contra os ingleses em 86. Pode ser assistido ao vivo todos os domingos através do canal estatal venezuelano Telesur. O ano de 2015 marca a segunda temporada de um programa que estreou no ano passado, durante a cobertura da Copa do Mundo.
El Pelusa participa de vez em quando, repassando momentos importantes da vida de Maradona. Ele aproveita para contar anedotas, relembrar frases de Diego e dizer algumas verdades a cada dia tão necessárias, mas que podem ser ditas apenas valendo-se da franqueza de um menino.
Agora a “geração Z” tem um motivo real para desligar o celular e ir para a frente da televisão.