Pro time ficar completo, só falta Pezão na cadeia

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Dizem que o Rio de Janeiro continua lindo. Continua linda também a capacidade inigualável do eleitor fluminense eleger político malandro. Para desgraça brasileira, essa capacidade não é exclusiva do Rio de Janeiro: ela bastante democrática e tem representação no país todo. Senta direitinho, pega um café e leia só que coisa espetacular: TODOS os presidentes da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro desde que começou este século estão em cana. Mas não é só isso: com exceção de um governador, TODOS os outros governadores desde que começou este século também estão em cana. Só falta o Pezão para o time ficar completo.

Da Alerj. Jorge Picciani: presidente da Alerj entre 2003 e 2010, e de 2015 até agora. Está na cadeia. Paulo Melo: presidente da Alerj entre 2011 e 2014. Está na cadeia. Sérgio Cabral ganha o prêmio duplamente: além de presidente da Alerj entre 1999 e 2002, foi governador entre 2007 e 2014. Também está na cadeia. Completando o quadrilhão do PMDB na cadeia, foi em cana ainda o deputado Edson Albertassi (indicado por Pezão para uma vaga no Tribunal de Contas).

No Governo. Anthony Garotinho: governador entre 1999 e 2002. Está na cadeia, preso pela terceira e autorizado a pedir música no próximo domingo. Rosinha Garotinho: governadora entre 2003 e 2007. Também está na cadeia. Sérgio Cabral já foi para lista e eu fico me perguntando: quanto tempo até Pezão entrar nesta lista?
Por pouco não esqueço, mas é bom lembrar que dos sete conselheiros do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro, cinco foram presos e um cumpre prisão domiciliar. Para não perder as contas, anote os nomes na tabelinha: Aloysio Neves, Domingos Brazão, José Gomes Graciosa, Marco Antônio Alencar, José Maurício Nolasco e Aluísio Gama.

Essa é quadrilha que comanda o Rio de Janeiro há duas décadas e que levou o Estado à falência. Se segura na cadeira pra não cair: enquanto a Universidade Estadual do Rio de Janeiro amarga a penúria, o montante de recursos que a Polícia Federal apura APENAS no esquema da Operação Cadeia Velha é de R$ 183 BILHÕES. É difícil até ter noção do que isso significa. Vamos imaginar que com esse dinheiro o Brasil faria mais ou menos sete (07) Copas do Mundo.

Se for pensar em termos de hospital público… não quero nem fazer essa conta, mas lhe dou os dados: um grande hospital público pode custar cerca de R$ 110 milhões para ficar pronto. Agora faça as contas e divida 110.000.000 por 183.000.000.000 e veja a mágica acontecer diante dos seus olhos.

Será que a questão da corrupção é algo menor, ou uma questão apenas moral como dizem alguns amigos e amigas de esquerda? É bom refletirmos sobre esse assunto, porque dinheiro público não brota do chão e foi exatamente quando a esquerda parou de debater as pautas éticas, enfiada que estava até o pescoço em corrupção, que a turma do outro lado sequestrou essas pautas e começou a posar de paladina da ética e da moral – além dos bons costumes, seja lá que costumes forem esses.

Esse filme da falência do Rio de Janeiro é assustador. Mais assustador do que o palhaço Pennywise de “IT”. Quase tão assustador quanto o saudoso fantasma do metrô de “Ghost – do outro lado da vida”. Que aliás, é tenebrosamente parecido com o próprio Fernando Pezão – pode checar e depois volte aqui pra me dizer se não é verdade.

Por falar em fantasmas, lembrei agora de um causo curioso de bandidagem integralmente presa. Corria o já distante ano de 2016, quando meu Santa Cruz vivia novamente a glória de estar classificado para a Série A do campeonato brasileiro, quando TODOS os vereadores da Câmara Municipal de Centralina (MG) foram presos.

Os quatro funcionários da Casa ficaram sem receber salário. “O rapaz da contabilidade também é investigado”, disse meio choroso o assessor jurídico da Câmara. Sem o rapaz da contabilidade, não tinham como pagar os salários, nem a conta de água e nem a de energia. Talvez fosse melhor a Câmara ficar no escuro mesmo, pra ninguém ver que uma das vereadoras presas era a irmã do prefeito. “É uma pessoa idônea”, garantiu o prefeito sobre sua irmã, Sônia de Medeiros.

No final das contas, poucos meses depois o Ministério Público de Minas Gerais pediu o afastamento do próprio prefeito, Elson de Medeiros. Estava todo mundo envolvido nos esquemas e não se salvou nenhuma alma na Operação Viagem Fantasma.

 

*André Raboni é historiador, analista de comunicação e mídias digitais. Especialista em política e comunicação.

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