Por Felipe El Biglia de la Gente Dominguez
Boedo e Parque Patricios. Assim como a vizinha Nueva Pompeya, bairros de tango y arrabal. Foi então, que esta cálida noite porteña se desnudou na zona sul de Buenos Aires para ver a estreia copera de San Lorenzo e Huracán. Seus cafés, ora habitados por poetas, malevos y atorrantes , amargavam junto a seus habitués de plantão o triste desenlace de ambas pelejas, como sempre ao ritmo das notas de Quejas del Bandoneón tocadas por Aníbal Troílo e sua Orquestra Típica.
Copa Patón Bauza – LDU 2 x 0 San Lorenzo
O Ciclón voltava à Casa Blanca, em Quito, cancha da LDU. Reminiscências transbordavam com melancolia tanguera na retina azulgrana. Foi ali que o time de Ramon Diaz viu o sonho da Libertadores se esvair em pleno ano do centenário. em 2008, ao cair nas quartas-de-final. Um San Lorenzo que acabava de eliminar o River na jornada de todos os tempos, calando o Monumental com Gonzalo Bergessio imparável.
No banco dos mandantes estava ele, o intrépido Edgardo Bauza. O Libertador das Américas, que 6 primaveras depois traria la Copa para San Juan y Boedo pela primeira vez. Aquela LDU tinha um esquadrão e tanto, destacando-se Claudio Bieler, Damian Manso, Joffre Guerron e Patricio Urrutia até a conquista no Maraca frente ao Fluminense. Eis que, como naquele documentário de Pino Solanas, o San Lorenzo demonstrou um futebol opaco, pobre até a médula.
A esperança de um futebol agressivo e moderno são as premissas defendida por Pablo Guede em seu novo ciclo. Neste começo de noite na capital equatoriana vimos pouco e nada nessa primeira apresentação continental. Um time perdido, impreciso como os pés de Fernando Belluschi e Sebastián Blanco. Os albos dominavam, com campo e bola à disposição. Brahian Aleman, Diego Morales e José Cevallos eram senhores do meio-campo, acionando sempre o inoxidável Carlos Tenorio. O ex-vascaíno rompia a marcação de Marcos Angeleri e Matías Caruzzo com seu corpanzil, obrigando um par de intervenções de Sebastián Torrico. A ideia de Guede era ter o controle do jogo para evitar correria e a fadiga da altitude de Quito. Adiantou Néstor Ortigoza para a linha de armadores, deixando Franco Mussis como único carrapato no engessado 4-1-4-1. Um tiro pela culatra neste primeiro tempo que teve a LDU com 60% de posse e 10 arremates à meta de Torrico.
Na etapa complementar, Guede sacou o irreconhecível Belluschi. O ex- Newell’s e River havia sido a figura na goleada frente ao Boca pela decisão da Supercopa Argentina, em Cordoba. Em seu lugar ingressaria o lateral-direito Gonzalo Prosperi, deixando Julio Buffarini com liberdade para auxiliar Blanco, Ezequiel Cerutti e Ortigoza na meia cancha. Sem tempo para milongas e uma eventual recuperação do San Lorenzo, o meia argentino Cachete Morales vestiria o traje de herói, com uma jogada memorável, limpando todo o lado direito da defesa rival, dando justiça ao melhor futebol da LDU.
Guede ainda tentou buscar o puntito inteligente com as entradas de Nicolás Blandi e Pitu Barrientos, configurando um 4-3-1-2 tipicamente argentino. Os cuervos pobres de ideias, forçavam cruzamentos, buscando Blandi e Cauteruccio. O time de Bichi Borghi no conciso 4-2-3-1 seguia com domínio conceitual, porém abusando de preciosismo para ampliar o marcador. Eis que, numa nova ação maradoniana, Morales, deu fim ao cotejo com outro golaço agônico. No parelho Grupo 6, Grêmio e San Lorenzo sentiram o rigor de Toluca e LDU como mandantes, remando contra a maré e dando pouca margem de erro no restante da Libertadores.
Huracán 0 x 2 Nacional de Medellín
O que esperar de um time que viu a morte de perto e duas semanas depois está de volta ao Palacio Ducó para receber o atual campeão colombiano? Sem Diego Mendoza e Patricio Toranzo – os principais afetados pelo terrível acidente de Caracas – El Globo debutava na fase de grupos da Libertadores sob comovedor alento em Parque Patricios. O começo de jogo foi favorável ao quadro dirigido por Eduardo Dominguez. pressionando alto e forçando os constantes erros na saída verdolaga. Vale destacar que o Nacional de Reinaldo Rueda pouco lembra o time que encantou o continente sob a batuta de Juan Carlos Osorio. Aquele futebol envolvente, de possessão e jogo posicional, deu lugar a um 4-4-1-1 especulativo, que se fechava para o contra-ataque com ligações rápidas dirigidas aos ponteiros Andrés Ibargüen e Jonathan Copete. Não fosse a atuação segura de Franco Armani, o Huracán teria uma singela vantagem na primeira etapa. Pouco para um time que conta com Alexander Mejía, Daniel Bocanegra e Vicor Ibarbo – três peças que fazem parte do ciclo de José Pekerman na Selección Colombia.
A defesa na cobrança de falta de Rolfi Montenegro foi digna do herói na decisão da última Liga Águila frente ao Junior de Barranquilla. Foi então que apareceu o jovem Marlos Moreno. Na única estocada paisa na etapa inicial, o ponta de lança ganhou na velocidade do veterano Matias Fitzler, até fuzilar o arco defendido por Marcos Diaz. O placar adverso trouxe um sabor amargo e injusto no sul de Buenos Aires. Um duro golpe para uma equipe repleta de veteranos, que sentiu o rigor do tempo e o jogo físico do Nacional. O zagueiro Federico Mancinelli ainda seria expulso faltando menos de 20 minutos do tempo regulamentar, por uma machadada no camisa 29 adversário.
Antes disso, o Nacional mostrava sua melhor versão com Copete, Ibarbo e Moreno entrando com facilidade na última linha argentina.O segundo tento colombiano é para aplaudir de pé, com o verdadeiro selo cafeteiro del buen pie. São 6 toques da intermediária ao meio de campo, eclipsado por um passe cirúrgico de Marlos Moreno nas entrelinhas para Orlando Berrio; o ponta-esquerda parafraseando Jorge Ben” só não entrou com bola e tudo porque teve humildade em gol”. Uma dura queda para o Huracán após o acidente em Caracas. O conjunto antioqueño, com uma nova filosofia de jogo, tem um elenco vasto para brigar com Peñarol e Sporting Cristal pela liderança do Grupo 4.