Praça Roberto Gomes Pedrosa, 19h30. Cheguei ao portão principal do Estádio Cícero Pompeu de Toledo junto com a garoa. Me surpreendi com o público presente nas avenidas que circundam o Morumbi, levando em conta a frustração da última noche copera.
A expectativa para “abraçar” a equipe era grandes e muitos ali atenderam a convocação da principal torcida organizada de “Fazemos aqui fora a festa que nos proíbem lá dentro”. Mas o clima festivo foi sendo substituído, pouco a pouco, pela frustração.
Os bravos, valorosos e destemidos homens do Batalhão de Choque, citando o rivale Forza Palestra ,foram afastando os torcedores por aproximadamente 100 metros do percurso da delegação tricolor. Um verdadeiro teste de paciência aos abnegados que chegaram cerca de duas horas antes do apito inicial.
Algo semelhante ao ocorridona estreia em casa do Internacional, no mês passado, quando os colorados foram duramente reprimidos pela Brigada Militar ao tentar recepcionar calorosamente o plantel com a tradicional “Ruas de Fogo” na Padre Cacique, tendo como saldo final quatro feridos, todos torcedores.
Por fim, a guerra de nervos foi vencida pela torcida que esperou pacientemente o ônibus do clube estacionar e tomou o perímetro da praça munida de bandeiras, fumaças, piscas e rojões. O canto de “Ódio Eterno ao Futebol Moderno” – que foi introduzido no Brasil pelo Setor 2 do Juventus, importado dos Bukaneros do Rayo Vallecano – ecoou pelo aristocrático bairro do Morumbi.
Parte considerável dos que fizeram a festa fora não puderam repeti-la dentro da sua segunda casa. Pouco mais de 26 mil pagantes para uma renda de quase 1,6 milhão de reais, sendo o bilhete médio vendido por 61 dinheiros. Mais um golpe no bolso do consumidor torcedor, na mesma semana em que a nova fornecedora de material esportiva do clube anunciou os valores das camisas, que serão vendidas a partir de maio. De R$229 (versão torcedor) a R$349 (versão de jogo). Medida esta que foi ressaltada por um panfleto distribuído nas imediações.
Dentro da cancha, os milhares presentes só festejaram de fato quando Michel Bastos estufou as redes de Torrico aos 44 minutos do 2º Tempo, abrindo e fechando o placar que garantiram os três pontos e uma boa noite de sono.
