A Tragédia de Superga

Semana que vem o famigerado desastre aéreo do Gran Torino vai completar 66 anos. Resolvi republicar um post meu, do Blog do Birner, para relembrar o triste fim de um time que encantou o mundo e que até hoje marca a memória dos tifosi do time grená.

No dia 4 de maio de 1949, às 17 horas e 05 minutos, sob forte nevoeiro, o avião FIAT G212 da companhia italiana Aeritalia chocou-se contra a fachada da basílica que domina a colina de Superga, situada nos arredores de Turim.

O avião transportava a equipe e toda comissão técnica do glorioso Torino ( 31 pessoas).

Também faleceram, além de toda a delegação do clube piemontês, jornalistas esportivos e dirigentes do Torino.

O acidente ficou conhecido como a “Tragédia de Superga”.

O time grená estava voltando de Lisboa onde participara do amistoso contra o Benfica, em homenagem ao jogador português Francisco Ferreira.

A noticia do desastre repercutiu rapidamente em toda a Bota.

Vittorio Pozzo, treinador da Azzurra, vencedor das copas de 1934 e 1938, teve a dura missão de reconhecer os corpos daqueles que foram chamados “i caduti di Superga”.

500.000 pessoas acompanharam o cortejo que teve inicio na Piazza Castello e percorreu as principais ruas de Turim.

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Não foi apenas o trauma de uma tragédia envolvendo celebridades que caracterizou o luto da capital piemontesa e de toda Itália, mas o súbito e inesperado desaparecimento do time símbolo de uma época,  detentor de recordes impressionantes.

Fundado em 1906, o Torino conheceu suas primeiras glórias com a conquista de dois campeonatos italianos, um em 1927, título esse retirado por denúncia de corrupção (mais adiante irei abordar esse caso em outro post) e outro em 1928.

Entretanto, foi o pequeno industrial piemontês Ferruccio Novo, eleito presidente em 1939, que construiu o “Grande Torino”, graças as contratações do centroavante do rival Juventus, Gabetto e dos dois craques do Venezia, Mazzola e Liok.

torino

O Torino ganhou o titulo de 1943, e já no pós guerra, conquistou quatro scudetticonsecutivos, de 1946 a 1949, sendo que esse último lhe foi entregue como título póstumo.

Durante esse período, o Torino dominou o futebol italiano e seus principais rivais, Juventus e  Inter.

A equipe de Turim terminou a temporada de 1946-1947 com uma vantagem de 10 pontos sobre o segundo colocado, Na temporada anterior, a diferença foi de 16 pontos.

Seu jogo ofensivo ia de encontro com a tradição do futebol italiano (naquela época já defensivo), iniciada pela Juventus, já no início dos anos 30. Os jogadores do Torino adoravam placares dilatados como, por exemplo, a goleada histórica sobre a Roma, 7 a 1, fora de casa e o 5 a 0 contra a Inter, durante a temporada 1947-1948.

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Embarque para o Brasil em 1948

Todo esse sucesso estava inscrito dentro de um contexto histórico difícil, que era o da reconstrução de uma Itália derrotada, deuma cidade que padeceu com os bombardeios aliados e vivenciou as atrocidades da ocupação nazista.

As conquistas do Torino e seus recordes ajudavam a esquecer, de certo modo, as dificuldades do momento e os horrores de um passado recente e alvitrava uma imagem otimista sobre o futuro da Itália.

Os sucessos do Grande Torino reforçavam junto aos operários da capital piemontesa a áurea granata (grená) de uma equipe que lhes permitiam, duas vezes ao ano, se vingar do time do patrão: a Juventus da Fiat.

Logo após a tragédia, os cadutti foram homenageados em todo planeta.

A FIFA ordenou um minuto de silencio nos campos de futebol do todo mundo.

Na Argentina, o River Plate fez alguns jogos em beneficio às viúvas e órfãos das vitimas do desastre.

No Brasil, não foi diferente, como ilustrou, com propriedade, Antonio Roque Citadini em seu site: “Em 8 de maio, no Estádio do Pacaembu, o Corinthians jogou com a Portuguesa e a renda foi destinada às famílias dos jogadores vítimas da tragédia. O Pacaembu lotado refletia a solidariedade dos paulistanos. O presidente do Conselho Deliberativo do Corinthians, Sr. Maximiliano Ximenes, fez um discurso que provocou lágrimas na platéia. Na fila olímpica formada pelos atletas uma novidade que elevou a tensão no estádio: os jogadores do Corinthians vestiam o uniforme grená do Torino”.

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As glórias:

5 títulos italianos 42/43, 45/46, 46/47, 47/48 e 48/49.

Pontuação máxima na tabela 65 pontos (1947/48)

Vitória em casa com maior placar 10-0 Alessandria (1947/48)

Vitória fora de casa com maior placar 7-0 Roma (1945/46)

Vitórias em casa 19 – 20 (1947/48)

Números de pontos conquistados em casa 39 de 40 (1947/48)

Número de gols marcados 125 (1947/48)

Recorde de jogadores na seleção italiana – 10 jogadores 11/05/47 Italia-Hungria 3-2

Turnê no Brasil em 1948:

18/07/1948 – ESTÁDIO DO PACAEMBU
TORINO 1 X 1 PALMEIRAS
Arbitro: Ermano Silvano (Italia). Publico: 40.872
Gols: Gabetto 29? (T), Lula 43? (P).

Torino: Bacigalupo, Ballarin, Tomà, Grezar, Rigamonti, Martelli, Menti, Loik, ( 65? Martelli), Gabetto, Mazzola, Ossola. Técnico: Mario Sperone.

Palmeiras: Oberdan, Caieira, Turcão, Og.Moreira, Túlio, Waldemar Fiúme, Lula, Arturzinho, Bóvio, Lima ( 61? Oswaldinho), Canhotinho. Técnico: Cláudio Cardoso.

21/07/1948 – ESTÁDIO DO PACAEMBU
TORINO 1 X 2 CORINTHIANS
Arbitro: Ermanno Silvano (Italia). Publico: 45.946
Gols: Baltazar 43? (C), Colombo 71? (C), Gabetto 81?(T).

Torino: Bacigalupo ( 43? Piani), Ballarin, Tomá, Martelli, Rigamonti, Castigliano (Grezar), Menti, Loik, Gabetto, Mazzola, Ferraris. Técnico: Mario Sperone.

Corinthians: Bino, Rubens, Belacosa, Palmer, Hélio, Newton, Cláudio, Baltazar, Severo ( 65? Edélcio), Ruy, Colombo. Tecnico: Jorge Gomes de Lima.

25/07/1948- ESTÁDIO DO PACAEMBU
TORINO 4 X 1 PORTUGUESA
Arbitro: Alberto da Gama Malcher (Brasil). Publico: 30.000
Gols: Mazzola 16? (T), Pinguinha 42? (P), Gabetto 59?, 81? (T), Castigliano 61? (T)

Torino: Bacigalupo, Ballarin, Tomá, Martelli, Rigamonti (Rosetta), Castigliano (Grezar), Menti, Loik (Castigliano), Gabetto, Mazzola, Ossola. Tecnico: Mario Sperone.

Portuguesa: Caxambu, Lorico e Nino (Sapolinho), Luizinho, Silveira, Helio, Renato, Pinguinha, Nininho, Pinga, Teixeirinha (Djalma). Técnico: Conrado Ross.

28/07/1948 – ESTÁDIO DO PACAEMBU
TORINO 2 X 2 SÃO PAULO
Arbitro: Mario Gardelli (Italia). Publico: 42.500
Gols: Gabetto 11? (T), Ponce de Leon 15? (S), Menti 33? (T), Lelé 57? (S).

Torino: Bacigalupo, Ballarin, Tomá, Martelli, Rigamonti ( 52? Roseta), Grezar, Menti II, Castigliano ( 56? Piani), Gabetto, Mazzola, Ossola. Técnico: Mario Sperone.

Sao Paulo: Mario, Saverio, Mauro, Rui, Bauer, Noronha, Antoninho, Ponce de Leon ( 56? Lelé), Leonidas, Remo, Teixeirinha. Técnico: Vicente Feola.

Fontes: Archivio Toro e www.ilgrandetorino.net

 

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Os atletas mortos em acidentes aéreos

O esporte francês está em luto.

Dez pessoas morreram em um acidente aéreo envolvendo dois helicópteros, nesta segunda-feira, 9 de março, na Argentina, sendo três importantes atletas franceses.

Florence Arthaud (vela) , Camille Muffat (natação) e Alexis Vastine (boxe).

Os três campeões estavam gravando um reality show no país vizinho, chamado Dropped. A produção é do maior canal privado da TV francesa, a TF1.

Este não foi o primeiro caso de atletas mortos em catástrofes aéreas. O jornal Le Monde listou as principais tragédias na edição desta semana. Lembramos os principais dramas do esporte.

Torino (1949)

superga

A famosa catástrofe de Superga do dia 04 de maio de 1949 mudou o futebol italiano. Naquele dia, o FIAT G212 (sim havia avião da marca FIAT) da companhia Aeritalia eclodiu-se na colina de Superga, localizada nos arredores de Turim. No avião estava todo o time de futebol do Torino, o clube da classe operária da capital do Piemonte. Era a época do “Gran Torino”. Desde a segunda guerra mundial, o futebol ofensivo do time treinado pelo húngaro Ernest Edstein era imbatível. O time grená venceu cinco scudetti em 1943, 1946, 1947, 1948 e 1949. Dezoito jogadores morreram no acidente. O Torino voltava de uma amistoso realizado em Lisboa. O artilheiro húngaro László Kubala, que deveria estar no avião, não foi ao jogo por causa da doença de sua filho.

Marcel Cerdan (1949)

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Cerdan contra LaMotta em 1949

O boxeur estrela dos anos 40 era um dos passageiros do voo Paris – Nova Iorque da Air France. O avião bateu numa montanha nos Açores, no dia 28 de outubro 1949. 48 pessoas morreram. Ele estava indo encontrar a sua namorada, a famosa cantora francesa Edith Piaf nos Estados Unidos. Cerdan estava na espera da revanche contra o grande Jake LaMotta, prevista no Madison Square Garden em dezembro, seis meses após a derrota contra o americano em Detroit. O “bombardeiro marroquino” tinha se consagrado um ano antes tornando-se campeão mundial dos pesos médios ao vencer Tony Zale.

Os “Busby Babes” (1958)

Sport. Football. England. 1957. Manchester United FC (League Champions and FA Cup Finalists). Back Row: Matt Busby (Manager), Eddie Colman, Ray Wood, Mark Jones, Bill Foulkes, David Pegg, Duncan Edwards, Jimmy Murphy (Assistant Manager). Front Row: Johnny

Como o Torino nove anos antes, o time do Manchester United morreu em um acidente aéreo em 1958. Os Busby Babes, a geração treinada pelo treinador Matt Busby, desapareceu. Ela voltava de um jogo pela Copa da Europa em Belgrado e fazia escala na Bavária. Na decolagem, o avião caiu no final da pista matando vinte pessoas, oito eram jogadores. Os Busby Babes eram chamados assim por causa da baixa média de idade. Duncan Edwards, o menino prodígio da época, foi uma das vitimas fatais do acidente. Bobby Charlton, que conduziu a Inglaterra à conquista do seu primeiro título de Copa do Mundo, escapou do acidente.

Equipe de patinação artística norte-americana (1961)

Toda a equipe norte-americana de patinação artística morreu no acidente do voo 548 que ia de Sabena a Berg, na Belgíca, no dia 15 de fevereiro de 1961. A delegação iria disputar o campeonato mundial na Eslovênia, o qual foi anulado pela federação internacional após o acidente do Boeing 707. A patinação artística norte-americana estava no auge e teve que esperar alguns anos para conquistar novamente títulos internacionais.

Equipe de Green Cross (1961)

O Douglas DC-3 da LAN Chile, transportava 24 pessoas, dentre eles, oito jogadores de futebol do time chileno Green Cross. O avião caiu na cordilheira dos Andes no dia 3 de abril de 1961. Uma equipe de alpinistas achou restos de fuselagens e roupas das vítimas, longe do local do acidente. Dentre os mortos estava o craque argentino Eliseo Mouriño.

Os Sobreviventes (1972)

Esta catástrofe aérea tornou-se célebre graças ao romance publicado em 1974 e depois sua adaptação, em 1993, para o cinema. No dia 13 de outubro de 1972, um Fairchild ligando Montevidéu à Santiago do Chile caiu nas cordilheiras dos Andes. Das 45 pessoas a bordo, 12 morreram de imediato e 17 de graves ferimentos logo em seguida. Porém 16 sobreviveram após se alimentarem dos cadáveres de seus colegas, preservados pelo frio. Esta história de canibalismo moderno ficou marcada para sempre.

Acidente do Paris-Dakar (1986)

O acidente de helicóptero no centro do Mali durante o Paris-Dakar de 1986 ficou marcado na memória dos franceses pelo nome de uma das vítimas: Daniel Balavoine. Naquele ano, o cantor não tinha participado da corrida ao contrário das edições 1983 e 1985, mas estava presente em uma ação humanitária. O helicóptero que o transportava caiu durante a noite nas dunas do deserto. A bordo também estava o fundador e organizador do rali, Thierry Sabine.

A Seleção da Zambia (1993)

Kalusha Bwalya at the graves of Zambian national team

Os “Chipolopolos” estavam no seu auge no início dos anos 90, quando toda seleção morreu em abril de 1990 num acidente do avião militar que os levava ao Senegal, para disputar um jogo das eliminatórias da Copa do Mundo de 1994. O avião caiu no oceano Atlântico. Nenhum dos trinta passageiros sobreviveram, sendo 18 jogadores.

Seleção de hóquei da Rússia (2011)

O Yak42 que transportava a seleção de hóquei russa caiu à 300 km ao noroeste de Moscou. 43 dos 45 passageiros morreram no acidente, sendo vários jogadores da Liga norte-americana (NHL). O sueco Stefan Liv, o eslovaco Pavol Demitra ou ainda o tcheco Josef Vasicek.

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