Museu do Futebol joga pelo futebol feminino

Fim de primeiro tempo na várzea paulistana, zona leste da cidade, e o Autônomos FC, visitante, tem uma mulher em seu quadro. Ela aproveita o intervalo para se levantar do banco de reservas e bater bola no terrão, aquecer, se divertir, esperar a hora de ir a campo. O capitão adversário, que já perde a pelada por 4 a 1, implora: ‘coloca ela faltando só dez minutos, a gente veio pra jogar bola, não dá pra estragar colocando uma menina’. Ela joga, e o árbitro precisa assinalar um impedimento inexistente para que não saia um gol feminino.

Dia Internacional da Mulher, clássico Majestoso no Morumbi. Os corinthianos cantam ‘hoje não pode ter bater’, seguido de ‘Maria da Penha’; os são-paulinos respondem com ‘ô bicha louca dos gambás’ ou então ‘por que você gosta de beijar?, Ronaldo saiu com dois travecos, O Sheik selinho foi dar, Vampeta posou pra G, Dinei desmunhecou, na Fazenda de calcinha ele dançou, não adianta argumentar, todo mundo já falou, que o gavião virou um beija-flor’.
 
Clássico mineiro recente, reclamações diante da atuação da bandeirinha, e o então diretor do Cruzeiro, Alexandre Mattos, hoje no Palmeiras, solta: ‘se é bonitinha, que vá  sair na Playboy’.
 
Precisamos falar sobre tudo isso. Sobre entender a mulher no futebol, sobre a visibilidade do futebol feminino, sobre o machismo nos estádios que recebem jogos profissionais e nos domingos de amadorismo por todo o país.
 
Elas JÁ falam sobre isso. Quando a Central 3 chega para uma reunião no Museu do Futebol, em São Paulo, são cinco mulheres pensando todo um ano de eventos voltado para essa questão no principal pólo de discussão da cidade. O Pacaembu vai falar muito, muito mais delas, finalmente, a partir deste sábado.
 
O ano da Visibilidade para o Futebol Feminino começa com um ciclo de debates, mensal, a partir deste dia 14 de março, quando Arthur Elias (técnico do Centro Olímpico) Mayara Bordin (volante do Centro Olímpico), Thaís Picarte (goleira do São José) e Emily Lima (a primeira mulher a comandar uma seleção) conversam sobre o calendário e as fórmulas de disputa dos torneios para mulheres no país.
 
Nós, da Central 3, mais do que apoiamos essa ideia: produziremos vídeos de cada um desses encontros a serem publicados tanto em nossos canais como no das nossas amigas do Museu do Futebol. A partir da semana que vem, essa é a missão por aqui.
 
Parabéns ao Museu do Futebol, e vamos nessa. Feito a Marta driblando um sem mundo de marmanjos.
 
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