AlphaGo vs Deep Blue

Em 1997, o computador Deep Blue, projetado pela IBM, chocou o mundo ao vencer um match contra o maior enxadrista do mundo, Gary Kasparov. Reconhecido não apenas pelo talento nos tabuleiros, mas também por ser uma figura midiática e com um ego avantajado, o jogador tratou de aumentar ainda mais a repercussão do caso ao acusar os engenheiros por detrás de seu adversário virtual de fraude. Inconformado com a derrota, ele estava seguro de que havia um enxadrista profissional atuando em conjunto com o computador, somando a intuição e percepção humanas a enorme capacidade de cálculo da máquina.

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A desconfiança era justificada: apenas um ano antes, o enxadrista havia disputado contra a mesma máquina. Apesar de ter sido surpreendido com uma derrota na primeira partida, Kasparov logo se sobressaiu com três vitórias seguras, vencendo o match por larga vantagem. Parecia impossível que no espaço de apenas um ano a máquina tivesse evoluído tanto.

Vinte anos depois, em 2016, um desafio semelhante aconteceu em Seul; AlphaGo – um software projetado por engenheiros do Google – disputou um match de Go contra maior campeão da história da modalide, o sul-coreano Lee Sedol. O confronto, amplamente televisionado em países orientais, repetia o velho embate entre homem e máquina que já havia causado comoção nos anos 90.

Ambos os confrontos renderam grandes documentários. A disputa de Garry Kasparov contra Deep Blue é tema do excelente Game Over, lançado em 2003; Já a disputa entre Lee Sedol e Alpha Go ganhou as telas dos cinemas em 2017. Vale a pena fazer uma sessão dupla para ver o grande salto ocorrido na tecnologia  de “inteligência artificial” no meio tempo entre as duas produções.

Deep Blue era um super-computador. Contava com 256 processadores, sendo capaz de analisar aproximadamente 200 milhões de posições por segundo, e possuía armazenadas em sua memória mais de 700 mil partidas de Grandes Mestres do xadrez. Também contava a seu favor o fato do xadrez ser um jogo amplamente conhecido e jogado, mesmo por amadores; os programadores tinham uma boa noção do que estavam fazendo, além de receberem consultoria de jogadores profissionais e terem uma enorme base de dados à disposição.

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Apesar da quantidade de variações possíveis em um jogo de xadrez ser enorme, esse número ainda está bem distante do atingido pelo Go. Há mais combinações possíveis para o jogo oriental do que átomos no universo. Embora as peças se movam de apenas uma maneira – ao contrário do xadrez -, o tabuleiro é consideravelmente maior e o modo de se jogar muito mais aberto e abstrato. Pode-se colocar uma peça em qualquer posição, a qualquer momento. Não se trata apenas de capacidade de cálculo. A intuição, interpretação e, principalmente, a criatividade, são características vitais para um grande jogador de Go. Parecia um jogo muito mais complexo de ser dominado por uma máquina. Talvez fosse relativamente simples fazê-la aprender a jogar, mas seria possível fazer com que ela demonstrasse algo próximo a intuição e a criatividade de jogadores humanos? Foi exatamente esse desafio que atraiu David Silver, líder do projeto AlphaGo.

O AlphaGo não é um supercomputador, como era o Deep Blue. Trata-se de um software simples, que roda em um notebook comum. Seus programadores não eram especialistas em Go; pelo contrário, alguns ainda tem dificuldade com o jogo mesmo após anos de trabalho. O grande trunfo da máquina é um sistema de inteligência artificial que a permite aprender com os próprios erros e com as partidas com as quais sua memória é alimentada. Mais do que apenas calcular e copiar, a virtude do AlphaGo é compreender o jogo, seus objetivos e a melhor forma de alcançá-los.

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Também há uma diferença importante entre os dois filmes – e entre as disputas: em AlphaGo, o projeto é acompanhado pelo cineasta Greg Kohs desde o princípio, de forma totalmente aberta e colaborativa. Vemos AlphaGo sendo criado e evoluindo, inclusive vencendo outro adversário antes de chegar ao campeão mundial, Lee Sedol. Há um interesse em mostrar o modo de funcionamento do software, sua equipe e as razões que os levam a trabalhar no projeto. O grande objetivo é testar os limites e potencialidades da inteligência artificial. Em “Game Over”, o filme é uma investigação posterior da partida entre Deep Blue e Kasparov. A máquina produzida pela IBM era uma grande “caixa preta”, cheia de segredos e criada com a finalidades de marketing. As ações da empresa dispararam na bolsa após o resultado final da partida, acentuando as suspeitas que até hoje pairam sobre a disputa. Os arquivos gerados pelo computador durante os jogos nunca foram abertos ao público, e a máquina foi aposentada no ano seguinte à histórica vitória.

Em ambos os filmes, nos pegamos torcendo com fervor pelo jogador humano. Em AlphaGo, uma das programadoras por detrás do projeto chega a admitir para as câmeras que não consegue torcer contra Lee Sedol na disputa, mesmo fazendo parte da equipe responsável por criar seu adversário virtual. É como se torcêssemos pela humanidade, tomados por um medo secreto de que essas máquinas capazes de jogar Xadrez ou Go sejam apenas o primeiro passo de uma caminhada que resultará em uma realidade próxima a vista em “O Exterminador do Futuro 2”.

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Ambos os documentários são fascinantes histórias de super-computadores e super-homens; tanto pelo olhar curioso que lançam sobre a tecnologia quanto, principalmente, por suas figuras humanas. Acompanhamos seus dramas, angústias e conflitos enquanto são vistos pelo mundo inteiro através da televisão. Por detrás de softwares engenhosos ou do frio semblante de jogador profissional, vemos gênios da programação, da matemática e da lógica envoltos em acirradas disputas. Deep Blue, AlphaGo, Kasparov, e Lee Sedol são personagens que marcaram a história. Sente-se na cadeira, dê o play e escolha seu lado: humanos ou máquinas?

Ambos os filmes são encontrados facilmente na internet. Gameover tem exibições na tv a cabo e está disponível até no Youtube; já AlphaGo acaba de ser adicionado ao catálogo do Netflix.

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As cagadas do Netflix com a série Hot Girls Wanted

*Por Thiago Borbolla

Hot Girls Wanted, enquanto era só um documentário que foi exibido em 2015 no Festival de Sundance e, depois, se tornou um dos chamados “Originais Netflix” que criticava a indústria da pornografia nos EUA, nunca foi, digamos assim, bem visto pelos chamados trabalhadores sexuais – homens e, especialmente, mulheres que trabalham com sexo. Pornografia, prostituição, erotismo… Enfim. 😛

Enquanto Rashida Jones, uma das produtoras do filme, dizia em entrevistas que esta indústria não poderia ser boa por ser “performativa, as mulheres não ficam felizes com aquilo”, trabalhadores sexuais e defensores ironizavam. “O que me dava ‘alegria’ na pornografia (como a maioria dos trabalhos que eu tive) era ser pago”, afirmou uma. “Me desculpe, barista. Eu preciso te devolver esse latte. Eu não vi nenhuma alegria da sua parte enquanto você fazia” respondeu outra.

Hot Girls Wanted não foi feito por ninguém que trabalha na indústria do sexo e foi planejado muito obviamente pra cumprir uma agenda, que era fazer este negócio parecer ruim”, disse a “prolífica perversa profana poliamorosa pansexual política dominatrix profissional e escritora” Mistress Matisse. “Esse filme não foi uma chamada pra fortalecer os direitos das modelos/atrizes, foi uma história pra assustá-las sobre o que poderia e o que vai, inevitavelmente, acontecer se elas tentarem seguir o caminho da liberdade econômica. Não havia nada no filme que sequer indicasse algo que a indústria poderia mudar”.

“Essas meninas estão sendo exploradas, sim. O filme sugere que é porque a pornografia existe em primeiro lugar. Mas eu não culpo a pornografia” afirmou Casey Calvert, atriz pornô desde 2012, ao Daily Dot. “Eu culpo ‘agentes’ e companhias que não enxergam essas adolescentes como seres humanos, mas como cifrões. Se você mostra uns dois mil dólares na frente de uma garota de 18 anos que fugiu de casa, é óbvio que ela não vai dizer não”.

Brooklyn Daniels, uma das garotas que aparecem no documentário – enquanto posa pro seu primeiro ensaio sensual ouvindo do fotógrafo que a cara que ela fez em determinado momento fez “a sua ereção desaparecer” – e que continuou, pelo menos até o fim de 2015 trabalhando na pornografia, disse também ao Daily Dot que a produção capturou corretamente certos aspectos da indústria e que “fez exatamente o que precisava ser feito pra conscientizar”.

“Eu não acho que estavam tentando fazer a indústria parecer pior”, disse ela. “Eu acredito que tudo o que eles fizeram foi mostrar um pouco melhor o lado ‘amador’ da pornografia, não falando dos grandes produtores e estrelas porque, convenhamos, eles fazem tudo muito mais certo do que os produtores amadores. Esse documentário apenas mostrou pras pessoas o que realmente acontece com a maioria das garotas na indústria. Não com todas.”

Como muito bem diz a matéria do Daily Dot, “as diferentes reações a Hot Girls Wanted, de diferentes segmentos das indústrias pornográfica e sexual, ilustra como são variados seus trabalhos e experiências. É impossível pra uma pessoa, aparentemente, mostrar corretamente que a indústria do sexo ou pornografia é ‘boa’ ou ‘ruim’ quando existem milhões de pessoas trabalhando em um monte de empregos diferentes, cada um navegando num conjunto profundamente pessoal de valores, reações, relações e backgrounds econômicos”.

É um fato e isso não vale apenas dessas duas indústrias. Na real, vale pra provavelmente todas, especialmente as que lidam com entretenimento de qualquer tipo. Trabalhar sempre têm seus lados bastante ruins e outros muito bons, tudo depende da narrativa. E tudo bem, também, se focar em algo específico, como Hot Girls Wanted fez com as teens amadoras da Flórida, ou como Um Homem entre Gigantes fez com a NFL.

O problema é que não ficou nisso.

Com o sucesso do filme, o Netflix encomendou para Jill Bauer e Ronna Gradus, diretoras do filme, uma série pra continuar contando aquela história: Hot Girls Wanted: Turned On, que estreou no serviço em 21 de Abril, dessa vez adicionando uma coisa um pouco mais de Black Mirror, mostrando a INTERSECÇÃO entre a tecnologia e a putaria.

Embora tenha aberto um pouco o seu foco, entrevistando uma galera da, digamos assim, “parte boa” da pornografia, a produção deu uma escorregada monstra: pouco depois da estreia, várias pessoas retratadas por lá vieram a público reclamar por se sentirem exploradas pela série.

Effy Elizabeth e Autumn Kayy, por exemplo, só descobriram que estavam no documentário quando um amigo as avisou pelo twitter. “Eu odiei precisar avisar minha família”, afirmou Effy que, embora tenha dito que eles já soubessem do seu trabalho, sentiu que precisava avisá-los. “Eu não tenho problemas em aparecer, mas minha família não merece nenhum backlash por conta do trabalho que eu escolhi pra mim” disse ela em entrevista ao Vocativ.

Kayy afirmou que tentou entrar em contato com os produtores também via twitter, mas recebeu uma resposta dizendo que “nós podemos colocar você em contato com nossa produtora pra eles explicarem o fair use”, uma parada BASTANTE subjetiva que, em resumo, permite que nos EUA materiais públicos possam ser usados por outros.

“A narrativa meio que foi sequestrada, dizendo que nós expusemos trabalhadores sexuais e que os colocamos em perigo por dizer ao mundo que eram trabalhadores sexuais, quando na verdade nós nunca fizemos isso”, afirmou Ronna Gradus à Variety.

“Elas se viram e, no twitter, como elas, usando seus próprios handles, twittaram ‘Meu deus, estamos no Netflix. Meu deus ninguém nos avisou. Meu deus, nós somos trabalhadoras sexuais e aparecemos no Netflix'”, ironizou. “Elas se identificam como trabalhadoras sexuais. E essa é a informação que se perdeu nessa história. Nós não sabíamos quem elas eram. Nós nunca saberíamos, quem assiste nunca saberia, a não ser que elas se identificassem”.

Bom, Ronna Gradus só se esqueceu, como apontou a própria Effy Elizabeth, que “todo mundo está no Netflix”, incluindo familiares, amigos e conhecidos que poderiam identificá-las, ao contrário do Twitter, onde inclusive é possível evitar que certas pessoas vejam seu perfil.

Gia Paige protagoniza ainda um caso que não chegou a ser mencionado, explicado ou retratado. Além de ter mudado de ideia quanto a sua participação no filme depois de ter assinado a autorização para uso de imagem por conta do rumo que a sua entrevista estava levando e isso não ter sido respeitado (“Lembram quando vocês me prometeram cortar minha parte porque vocês estavam tentando me fazer falar sobre minha família e eu me senti desconfortável?” perguntou em seu twitter. “Porque eu lembro. Obrigado por manter sua palavra. Cobras”), seu primeiro nome real foi exibido em um dos episódios e, bom, o nome real talvez seja a coisa mais intocável da indústria pornográfica.

Aí já viu.

Na época de toda essa discussão, a Free Speech Coalition, a associação comercial da indústria pornográfica, enviou uma carta aberta ao Netflix exigindo que a série fosse tirada do ar, afirmando que era “irônico – e perturbador – que uma série mainstream que pretende falar sobre ética trabalhista entre atores de filmes adultos e focar em questões de empoderamento parece explorá-los para seus próprios ganhos”. E completam: “Se as alegações contra esse projeto tiverem substância, os produtores podem estar perpetuando práticas trabalhistas injustas contra atores pornográficos em sua própria produção”

Sem resposta, no dia 16 de maio uma nova carta foi enviada, dessa vez assinada por mais de 50 ativistas, atores, doutores, acadêmicos e organizações de direitos dos trabalhadores sexuais exigindo uma reunião pra tratar dos problemas e pedindo que nomes e quaisquer outras fotos que possam identificar quem não autorizou o uso das suas imagens sejam apagados de alguma maneira.

“A atriz que teve seu nome legal exposto no documentário contra sua vontade, apesar das promessas verbais dos produtores, teve sua família sofrendo assédios desde a nossa última carta. Correspondências com imagens explícitas do seu trabalho foram enviadas para a casa da sua mãe, enquanto familiares em diversos endereços receberam coisas parecidas, além de ela ter sido ameaçada online”, diz um trecho da carta aberta, que pode ser lida na íntegra aqui.

“Ao contrário do que os produtores assumem, nem toda exposição é boa. Modelos têm o direito de limitar os estados ou países onde seus shows podem ser vistos, para que suas famílias, vizinhos, dono dos imóveis onde moram e outros não possam acessá-los ou identificá-los. Quando a série mostra um cliente acessando na área de membros de sites de webcam, várias faces, nomes e outras características identificáveis de modelos estão claramente visíveis. Ao exibir esses materiais para uma audiência internacional, o Netflix os expôs, atravessando os padrões da indústria usados para protegê-los”.

Até o momento, nem o Netflix nem os produtores de Hot Girls Wanted: Turned On responderam à carta ou fizeram qualquer mudança na série. Meio que… tá ficando feio, né?

 

*Por Thiago Borbolla é editor do Judão 

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Dê uma chance ao Saul

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*Por Luiz Thunderbird

Eu sempre convivi com os vilões. Eles sempre estiveram presentes no cinema, na TV, na política, na escola, no trabalho, em alguns momentos até na vizinhança. Claro que eu tenho um certo olhar benevolente pros vilões vingadores. Aqueles que fazem justiça, reivindicam vingança aparentemente justa e tal. Não estou falando daquele juiz do STF que veste sua capa do Batman e tem uma aposentadoria confortável.

Lembro do primeiro episódio de “Relatos Selvagens”, quando o protagonista consegue colocar num avião todos os que lhe desgraçaram a vida. É trágico, mas é cômico também. Quando o psiquiatra, a bordo, declara que a culpa de tudo era dos pais do sequestrador, ele mostra que está ciente disso. Tanto que joga o avião em cima do jardim onde estão os genitores. O filme segue com outras vinganças espetaculares. Recomendo muito! O filme, naturalmente. Não recomendo vinganças sanguinárias, por favor! O filme está disponível no site HBO-GO.

Tem um personagem da ficção televisiva on demand que considero muito injustiçado. O nome dele é Saul Goodman. Na verdade, o nome é James McGill, mas ele abandona o nome de batismo por questões práticas, ainda a saber nas próximas temporadas da série Better Call Saul.

James McGill era conhecido na sua cidade natal como Jimmy Sabonete. Ele aplicava golpes e era respeitado por isso. Seu irmão, este sim, um respeitado advogado, sempre livrava a cara dele. Até o dia em que ele desistiu da vida fácil e foi trabalhar na firma de advocacia desse irmão. Secretamente, fez um curso de direito por correspondência, acreditando que teria uma chance nessa mesma firma. Isso nunca aconteceu.

Pra entender a coisa toda é recomendável assistir outra série, “Breaking Bad”. Ali, Jimmy, já transformado em Saul Goodman aparece e divide situações com os protagonistas. Então, vamos a um breve resumo Breaking Bad.

Breaking Bad- Disponível na Netflix

Um professor de química, Walter White, resolve ganhar uma grana com seus dotes profissionais e se transforma no melhor produtor de metanfetamina do mundo. A primeira justificativa é a de que ele precisa do dinheiro pra pagar seu tratamento de câncer. Com o tempo, percebe-se que a motivação é outra. Poder, controle, até mesmo se vingar dos antigos sócios que se tornaram milionários com uma ideia que era dele. Walter White inicia uma parceria com Jesse Pinckman, seu ex- aluno, e vai alcançando sucesso no objetivo de ser um bilionário das drogas. Mas a obsessão do Sr. White vai além disso. Ele sente ciúmes do seu produto quimicamente perfeito. Ele vai progressivamente eliminando seus inimigos, um a um, as vezes de forma bastante violenta. Ele se torna cada vez mais frio na execução do seu plano de dominação e egolatria. O que me chamou a atenção é que eu me vi torcendo por ele. A cada superação de obstáculo eu respirava fundo, junto com o personagem. Ele sempre tinha uma justificativa, fosse a família, a honra, a doença, mesmo um patrão mil vezes mais maligno que ele próprio. Breaking Bad é uma da minhas séries preferidas. Já assisti várias vezes todas as temporadas.

Aqui, o trailer da primeira temporada:

A trilha de abertura é ótima, e a que fecha os episódios, varia nos arranjos, sempre incríveis. Músicas incidentais também são muito bacanas. Esse cuidado com a trilha sonora, pra mim, é importantíssimo. Tem passagens que são verdadeiros videoclipes musicais.

Tem essa cena numa boate com o personagem Jesse Pinckman…

E uma das cenas prediletas, quando o assistente do Walter White, Mr. Gale, faz um karaokê de Crapa Pelada…

Num total de 62 episódios em 5 temporadas, a trama se desenvolve muito bem. O protagonista vai mudando de status, de professor de química obrigado a fazer bicos num lava-rápido, a multi-milionário que não consegue guardar, lavar ou contar a própria fortuna. O final é trágico, mas deixa a possibilidade de uma continuação. Eu sempre torço por isso. Mas existe uma alternativa: a vida do advogado que era associado ao chefão do tráfico em Albuquerque, Gustavo Fring e passou a “cuidar dos negócios” de Mr. White, Saul Goodman. A maioria dos amigos que assistiram Breaking Bad não conseguiu assistir Better Call Saul. O personagem era secundário, o ator (Bob Odenkirk) era ofuscado pelas interpretações de Brian Cranston e Aaron Paul (vide o episódio onde Walter White fica trancado no laboratório alucinando, obcecado por caçar uma mosca que invade as instalações impecáveis que ele comanda. Num determinado momento, os atores desenvolvem um diálogo fantástico, intenso, dramático, avassalador!

Esse é só um trecho deste momento espetacular:

Mas quem ficou na obsessão pela série, como eu, precisava de uma continuação. E ela veio com Better Call Saul.

Better Call Saul- Saul Goodman aparece nas primeiras temporadas de Breaking Bad. Ele é advogado criminalista e faz de tudo por seus clientes suspeitos. Quando eu pedia a continuação de Breaking Bad, meus pedidos foram atendidos com a biografia de um dos personagens mais cômicos da série.

Aqui, um teaser:

O primeiro episódio faz a transição de Breaking Bad para Better Call Saul. Mostra como o advogado se tornou atendente de uma lojinha num shopping center, para escapar das garras da polícia. Mas essa é só a introdução, pois o roteirista te faz voltar no tempo, na época em que James Morgan McGill trabalhava como advogado porta de cadeia e cuidava do irmão com uma misteriosa doença. No primeiro episódio vemos Jonathan Banks no papel de Mike Ehrmantraut, o chefe de segurança que trabalhava em Breaking Bad. Tuco, o traficante mexicano psicopata de Breaking Bad, chega no segundo episódio.

De cara, percebe-se que Jimmy McGill é um bom sujeito. Espertinho, mas um cara bom. A vida o empurra pra situações em que ele escorrega pra desonestidade. Mas ele é gente boa, um sacana gente fina, digamos. Quando ele consegue engrenar uma onda de trabalho honesto, ainda como James McGill, ele começa a atender idosos. Serve potinhos de gelatina aos clientes, onde no fundo da embalagem se lê Need a will? Call McGill! Genial!

Trailer da segunda temporada:

Na Série The Sopranos aconteceu algo estranho. O protagonista era um tremendo mau caráter!
Tony Soprano, um gângster inescrupuloso, comandava negócios escusos, era um mafioso destemido, ameaçava a psicoterapeuta, intimidava pessoas violentamente. Cheguei a ter um ponta de simpatia por ele, mas não muita!

Dexter, personagem da série homônima, por outro lado, era um serial killer que fazia picadinho de pessoas más. Torci por ele varias vezes.

Voltando para Better Call Saul, o mesmo tem acontecido com James McGill, um picareta adorável. Ele é tão sacaneado pelo irmão, pela vida, que desperta um sentimento de admiração por sua arte de trapacear e tentar se vingar do destino.

Com o tempo, eu percebi que ele teve uma situação que o levou a ser desonesto. Uma passagem com seu pai, na loja administrada por ele, quando é trapaceado por um vigarista e o jovenzinho Jimmy percebe o truque, alerta o pai, que prefere acreditar no ser humano. O adulto Jimmy reuniu forças pra tentar se redimir do passado desonesto. Mas, pasmem, ele foi sacaneado pelo próprio irmão certinho. Mas o que fez James McGill se transformar em Saul Goodman?

Essa curiosidade está me matando!

Acontece que a terceira temporada de Better Call Saul estreia nesta terça-feira, dia 11 de abril, na Netflix, quando supostamente ele conhecerá Gus Fring e a empresa Los Pollos Hermanos (ambos de Breaking Bad).

Gustavo Fring vai, provavelmente, ajudar na transição de Jimmy McGill para Saul Goodman, ainda não tenho certeza. E, se soubesse, não daria a mancada de um spoiller aqui.

E eu não vejo a hora de assistir os próximos capítulos dessa trama.

Apenas uma recomendação! Assista primeiro todas as temporadas de Breaking Bad. Só depois, se jogue em Better Call Saul.

Se você começou e desistiu, faça uma forcinha. Vale a pena.

Dê uma chance para Saul Goodman!
It’s all good, man!

 

*Luiz Thunderbird é músico, apresentador de TV e comanda o Thunder Rádio Show na Central3.

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