Conexão Sudaca #205 Mengão Campeão

Nossos muchachos recebem novamente o rubro-negro Alexandre Matos, apresentador do It’s Time, que esteve em Lima e compartilhou conosco as alegrias e perrengues da finalíssima que garantiu o bicampeonato continental para o Flamengo.

Também tivemos o contraponto do amigo riverplatense Federico Peretti, que cobriu in loco a derrota dos millos para a revista 1986.

No mais, repassamos os últimos acontecimentos pelos campeonatos e copas nacionais continente adentro, com destaque para o encerramento precoce do PIÑERÃO – e a lembrança fim dos 25 anos de jejum da Universidad de Chile – além da remontada do Olímpia no Superclásico Paraguayo, com direito a 4 gols do veterano Roque Santa Cruz.

Por fim, recordamos os 50 anos do lançamento do álbum de estreia da icônica banda argentina Almendra, liderada pelo saudoso Luis Alberto Spinetta, encerrando esta edição com A Estos Hombres Tristes!

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O Galo de Schrödinger II: fechando a caixa

Republico aqui um texto que escrevi antes do último jogo do Atlético na Libertadores do ano passado. É no mínimo curioso que pouco mais de um ano depois o Galo se encontre numa situação tão parecida.

 

O Galo de Schrödinger e o Futebol Quântico

Popularizou-se na internet a história do gato de Schrödinger, aquela metáfora que explora algumas das consequências metafísicas das descobertas recentes e não completamente compreendidas da mecânica quântica. Funciona mais ou menos assim:

– Existe um gato numa caixa com uma bomba que tem 50% de chance de ter explodido (e matado o gato). Até abrirmos a caixa, não sabemos se a bomba explodiu ou não.

– No entanto, para a mecânica quântica, a bomba está constantemente explodindo e não explodindo ao mesmo tempo, até que alguém abra a caixa, quando uma das opções é definida. Ou seja, antes de abrirem a caixa o gato está simultaneamente vivo e morto.

– Assim, é a sua ação de abrir a caixa que define se a bomba tinha explodido (ANTES de você abrir a caixa) ou não.

 

É confuso e eu não sei se entendi (ou entendi e não entendi ao mesmo tempo?) o conceito do gato de Schrödinger, mas dada a situação do Atlético Mineiro, ouso mostrar como o jogo de hoje é análogo a este experimento. Espero, também, que assim possamos entender melhor esse ícone da cultura nerd-científica. Apresento-lhes, então, o Galo de Schrödinger.

– O Galo está dentro de uma caixinha de surpresas (desculpe, mas textos de futebol tem que ter pelo menos um clichê) dentro da qual há uma bomba que pode estourar, e dar o título ao Atlético, ou não. Nós não saberemos se isso aconteceu até o término do jogo.

– Para o futebol quântico, no entanto, o Atlético será eternamente campeão e derrotado ao mesmo tempo, até que o confronto chegue ao fim e alguém observe o que aconteceu “de fato”.

– A grande vantagem do Futebol Quântico em relação à sua prima mecânica quântica é que podemos assumir a postura do Gato (Galo, no caso). Ao estarmos dentro da caixa veremos o Atlético simultaneamente campeão e derrotado por 90 minutos, ora mais campeão, ora mais derrotado, mas ambos os estados juntos, ao vivo.

– No momento do apito final a caixa se abrirá e encontraremos um Galo campeão, como resultado inexorável daquele experimento, como se podia ver naquele pênalti do Tijuana, na virada histórica contra o Newell’s, na alegria do time na 1ª fase, na inteligência do Cuca que ora ou outra se sobreporia ao “azar”, na habilidade de Ronaldinho que sempre esteve lá, na malandragem do Kalil e na técnica menosprezada de Tardelli e Jô; OU encontraremos um Galo derrotado, como era óbvio que aconteceria dados todos os vacilos do time no mata-mata, resultado natural de uma equipe que toma tantos gols, consequência inescapável para quem joga um futebol arcaico e marca individualmente, castigo para quem acredita num fdp de um Ronaldinho, choque de realidade para os iludidos com o pé frio do Cuca e confirmação do que sempre se soube do Galo.

– Ao abrir a caixa você só vai encontrar UM desses Atléticos e por mais que saiba que o outro poderia estar lá, não vai mais conseguir vê-lo. Por isso, aproveite os 90 minutos dentro da caixa, oportunidade única e invariavelmente efêmera que o Futebol Quântico nos proporciona.

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