ZAL #03 Guerras Híbridas

A terceira edição do Zona Autônoma Literária, o podcast pirata das editoras independentes, teve como tema ‘Guerras Híbridas, Golpes e Revoluções Coloridas’, muito apoiado no atual momento da política e sociedade brasileiras, claro. A bancada recebeu os seguintes convidados:

Igor Fuser, professor do curso de Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC (UFABC). Está participando de uma série de debates para apresenta o livro “Guerras Híbridas: das revoluções coloridas ao golpes” (editora Expressão Popular), escrito pelo jornalista Andrew Korybko, no Brasil.

Pedro Marin, autor do livro “Golpe é Guerra” (editora Baioneta). Cobriu as eleições regionais na Venezuela para a Revista Opera, onde é editor. O site foi o primeiro no Brasil a ter um correspondente na guerra civil ucraniana.

Aldo Sauda, tradutor do livro “Como esmagar o fascismo”. Cobriu os conflitos na Primavera Árabe no Egito e na Síria para a grande imprensa.

O podcast teve apresentação de Paulo Junior, condução de Cauê Ameni e Hugo Albuquerque, leitura de Manuela Beloni e o quadro de poesia com Guilherme Ziggy. Até a próxima!

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Amigos mudam

 

 

Há quem goste. Confesso que já fui até meio viciado nesse negócio chamado nostalgia, mas nãos essas de colecionar e acumular coisa velha, ou antiga – como preferem chamar os apegados. Meu museu era só de memórias mesmo. Ainda sofro um pouco disso. Minha Candeias que o diga. Não há um mero dia que não me lembre do odor de sargaço e das ruas sem asfalto. Chega dói.

Matava essa miserável chamada saudade, que só serve morta, com os velhos amigos de bairro e escola. Mas na minha memória toda a rapaziada ainda era a mesma. Magros, de roupas largas, tênis coloridos e nenhuma carta chegando em nossos nomes nas caixas de correios. Mas a realidade é mais inconveniente do que qualquer doce lembrança. Ao olhar no espelho, nem eu sou o mesmo, quem dirá aqueles com quem perdi o contato diário há mais de 20 anos.

A amada tecnologia apareceu por aí dia desses como quem não quer nada e resolveu diminuir distâncias. A falsa proximidade é um alento no começo, mas com o tempo, esse implacável, as coisas se mostram como realmente elas são. Não tem rede social no mundo que faça aproximar diferenças que foram formadas no meio dos hiatos. As pessoas mudam e nem sempre é para melhor.

O Whatsapp é o propagador de tudo que não presta nesses períodos que antecedem o pleito eleitoral deste ano. É por lá que a horda favorável ao capitão peidão propaga todos os tipos de mentira que atingem os cérebros menos questionadores. Eu, que me acredito cético, desacreditei ao ver proferido no grupo dos meus amigos de adolescência, no mesmo aplicativo de mensagens, os bordões tagarelados e sem visão crítica amplamente difundidos pela direita acéfala. Acreditem, até o famigerado “vai pra Cuba” foi propagado lá. Juro.

E ai que a dúvida bateu mais no peito mais do que na cabeça. Em que momento pessoas que tiveram a mesma formação que eu viraram essas criaturas que aplaudem atitudes facistas e adoram adoradores de torturadores? Viemos do mesmo lugar e tivemos ensinamentos na mesma sala de aula. Quantas fitas k7 do Racionais MC’s, do Devotos do Ódio, DFC, Chico Science & Nação Zumbi, Rage Against The Machine, Pink Floyd trocamos entre nós e mesmo assim nada do que era dito nas letras dessas bandas ficou para essas pessoas.

Detalhe que nenhuma delas virou um mega empresário pró-capitalismo ou um grande acadêmico liberal. Se fossem, talvez não repetissem tantos chavões. Não. São meras pessoas da classe média, de pensamento mediano e que creem que pensamento crítico é chamar a Rede Globo de comunista ou xingar qualquer de esquerda e blasfemar tudo que seja vermelho. Não me espantaria que cortassem o tomate de sua dieta simplesmente por conta da cor do vegetal.

Certas coisas e pessoas precisam ser deixadas para trás. Para nossa saúde mental. É necessário. Tempo suficiente já foi passado longe delas e até hoje a vida permaneceu a mesma. Termino esse texto com um trecho da música “Canção Para Amigos”, do Dead Fish, mais uma dessas bandas que ouvíamos juntos enquanto nos empurrávamos em alguma roda de pogo ao 14 anos de idade. Duvido que ainda hoje eles entendam o que essa música queria dizer. Talvez nem entendam essa crônica.

“Acho que crescemos demais
Aconteceu o que temíamos
Não vamos mais nos entender
Se foi a natureza ou o sistema, só o tempo, dirá”.

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Post impulsionado é o novo tempo de TV

A legislação eleitoral das campanhas no Brasil para as redes sociais é sempre um amontoado de regras confusas que mudam a cada eleição. Este ano mais mudanças estão causando incertezas e deixando brechas para abusos de todo tipo: de poder econômico por candidatos, partidos e coligações, até abuso de autoridade por juízes seletivos que manipulam a legislação de acordo com suas convicções particulares. Um exemplo é a legislação sobre posts patrocinados nas redes sociais. Proibidos nos períodos eleitorais anteriores, o patrocínio de postagens foi liberado este ano.

Com isso, as candidaturas mais ricas terão um poder de exposição publicitária infinitamente maior do que candidaturas com poucos recursos. Se antes era o bom conteúdo (bom não significa “do bem”) que engajava o público, agora com dinheiro qualquer lixo poderá ganhar bastante visibilidade. Prepare seu mural para uma superexposição de políticos este ano.

A distribuição de verba do fundo partidário acontece de acordo com o tamanho das bancadas federais. Os cinco maiores partidos do Congresso receberão metade de todos os recursos do fundo eleitoral: PMDB, PT, PSDB, PP e PSD receberão, sozinhos, um montante de R$ 838 milhões. Serão R$ 215 milhões para o PMDB, R$ 199 milhões para o PT e R$ 175 milhões para o PSDB. Partidos como o PV, PSOL e PCdoB ficarão com cerca de 1 % destes recursos.

Com a permissão de posts e anúncios pagos nas redes sociais, a distorção publicitária, que já enorme nas televisões e rádios, será imensa também na internet. Como alertou o pesquisador e analista de redes, Fábio Malini, o impulsionamento de posts será o novo tempo de tevê. O aparato do sistema eleitoral estará a serviço do poder econômico de partidos e candidaturas, consolidando um processo eleitoral extremamente capitalizado e com potencial manipulativo.

Deveria ser, mas não é a livre circulação de ideias o que garante o bom funcionamento da nossa democracia. É a grana, muita grana na mão do departamento financeiro, código eleitoral na mão do departamento jurídico e todos de mãos dadas com o departamento de marketing. É assim se produz os nossos processos eleitorais, e não é por acaso que o Caixa 2 e as mutretas financeiras toma conta das campanhas com muitos recursos.

As ferramentas de gerenciamento de posts e anúncios pagos, como o Power Editor do Facebook, possuem capacidade de refinar volumes imensos de dados para que as equipes de publicitários e especialistas em mídia direcionem anúncios para públicos específicos com precisão cirúrgica. E quanto mais dinheiro, claro, maior o alcance das postagens.

Semana passada o ministro do Tribunal Superior Eleitoral, Admar Gonzaga Neto, deu entrevista informando que, embora permitido, os patrocínios de postagens no período da pré-campanha podem configurar propaganda antecipada. Como tenho recebido na minha timeline diversos posts impulsionados, é de imaginar que possivelmente algumas multas vão acontecer aqui e ali.

Mas quem será multado?

Não acredito que o impulsionamento de posts deveria ser permitido. Ou melhor, se é pra ser permitido, que se permita a campanha explícita fora do período eleitoral propriamente dito. É uma forma de evitar o cinismo dos candidatos que fazem campanha antecipada fingindo que não estão fazendo. O que acontece com frequência, e ainda mais nas candidaturas com suporte jurídico milionário de advogados.

Temos um duplo problema: a propaganda paga na internet produzindo distorções do princípio de igualdade e abrindo margem para o abuso do poder econômico; e a falta de clareza das regras eleitorais tornando o quadro ainda mais nebuloso ao colocar mais poder na mão de juízes.

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Notícias falsas e pouco debate

Era o ano de 2005 quando embarcamos para um encontro nacional de estudantes de história na Universidade Federal de Sergipe. Chegamos por lá no sábado e o congresso duraria até o outro fim de semana. Já no domingo correu o campus de Aracaju a notícia sobre a morte de um ator famoso. Teria passado no Faustão.

“Tony Ramos morreu!”

Na época não existia smartphone ou qualquer tipo de acesso remoto à internet e a rede social do momento era o Orkut. Naquele isolamento quente do congresso ninguém estava muito preocupado em procurar detalhes sobre a morte de Tony Ramos. As preocupações eram mais etílicas, afetivas e acadêmicas.

Uma semana se passou e quando cheguei em casa comentei com meu pai sobre aquele fato lamentável. “Tony Ramos morreu tão novo, né?” Meu pai me olhou com estranhamento e disse que ele não tinha morrido coisa nenhuma. “Como não?”, perguntei com surpresa. Fui checar a notícia e vi que ele estava vivinho da silva. Em carne, osso e pelos. Era um boato que se espalhou no congresso. Sem ferramentas nem interesse de checar, a informação falsa teve sua semana de verdade.

Comento essa lembrança quase esquecendo que a ideia aqui é falar sobre as iniciativas de mudanças na legislação para combater as chamadas fake news durante o próximo período eleitoral. O tema está sendo tratado pela Polícia Federal, Judiciário, Legislativo, Executivo e pelo núcleo de combate aos crimes cibernéticos da Polícia Civil.

O Brasil será o primeiro país do mundo a criar uma legislação específica para combater fake news. E nada disso será fácil. O volume imenso de matérias que circula no Brasil, que ganhará ainda mais intensidade durante os 45 dias do período eleitoral. Além da dificuldade de estabelecer as fronteiras entre o que é uma noticia fraudulenta e o que uma notícia mal apurada, ou entre o que é um conteúdo crítico e o que é um conteúdo criminoso.

Conheço, por alto, umas quatro iniciativas que fazem apuração profissional de fatos hoje em dia no Brasil. A Agência Pública, o site boatos.org, a agência Lupa e Aos Fatos. Ainda que todas elas trabalhem incessantemente, o volume de apuração nem arranha a quantidade de publicações diárias sobre política no país, que ultrapassa as três mil publicações.

Quais órgãos ficarão responsáveis por esse monitoramento / julgamento? Quais os critérios? Quanto isso tudo vai custar?

O ministro Luiz Fux, que assume a presidência do TSE agora em fevereiro (e já deixou claro que pretende tratar com rigidez o combate às notícias falsas), pediu ao diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segovia, que uma força-tarefa seja criada para exercer essa função. A criação dessa força-tarefa deverá ser feita em paralelo à elaboração de uma nova legislação para o tema, a ser enviada ao Congresso para entrar vigor já nas eleições de outubro.

Tudo muito rápido, o que é ainda mais preocupante. Além das dificuldades para a criação de medidas de combate à circulação dessas notícias falsas, outras questões se colocam e devem ser destacadas.

Existe um debate a ser feito para caracterizar o que é uma fake news. Ele não pode acontecer de forma apressada e meramente punitivista, como parece estar sendo feito agora. Será necessário diferenciar o que é uma notícia fraudulenta do que é uma notícia mal apurada, por exemplo. E isso não é fácil, principalmente se pensarmos nessa escala de 20 mil publicações semanais sobre política no Brasil.

Temos que estabelecer, ainda, critérios minimamente objetivos para dar conta de outras variantes de conteúdos que fogem ao meramente factual. O conteúdo político tem múltiplas modalidades e gêneros, desde conteúdos noticiosos, até mesmo textos opinativos e ensaísticos, imagens e vídeos humorísticos, crônicas e até mesmo as fofocas.

Sabemos que a dimensão anárquica da rede deixa muitos congressistas insanos querendo matar jornalistas. Aliás, abro um parêntese com uma informação que está longe de ser fake news: segundo o estudo “Tendências mundiais em liberdade de expressão e desenvolvimento de mídia”, da Unesco, o Brasil é o 7º país mais perigoso do mundo para se exercer a atividade jornalística.

Pois é. É nesse país que estamos assistindo a criação, sem grandes debates, de mecanismos de punição de circulação de conteúdos na rede. Recentemente, um projeto de um deputado baiano do DEM tentava criminalizar pessoas que falam mal de políticos na internet. Algo absurdo que só faz sentido quando temos noção do nível de descolamento da realidade em que vive boa parte da nossa classe política.

Esses conteúdos que desagradam os figurões da república são importantes no campo da análise política e eles precisam ser muitos bem resguardados. Não podemos correr o risco de regredir com os princípios constitucionais de liberdade de expressão, e muito menos cair em “câmaras do ministério da verdade” dessa tal força-tarefa da polícia que tem sido organizada sem nenhum debate público.

Diante de tantas dificuldades para estabelecer critérios objetivos sobre o que são as fake news, bem como o desafio de criar mecanismos eficazes para dar conta de um volume imenso de conteúdo, talvez a melhor coisa a ser feita seja fazer exatamente nada. E não fazer exatamente nada é lidar com esse tipo de conteúdo com base nas legislações que já temos disponíveis para tratar de questões de crimes contra a honra como calúnia, difamação e injúria.

Qual a fronteira entre uma notícia falsa e uma notícia mal apurada? Pior, qual a diferença entre o que uma notícia falsa e uma notícia fraudulenta? O que separa um texto crítico de um conteúdo criminoso? Ou um artigo especulativo de um artigo difamatório?

Achar essas fronteiras é uma tarefa quase impossível em larga escala num período de intensidade eleitoral. Quase tão difícil quanto checar se Tony Ramos tinha morrido ou não no meio de um congresso em uma época em que a internet ainda estava em sua Antiguidade.

 

*André Raboni é historiador, analista de comunicação e mídias digitais. Especialista em política e comunicação.

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Pro time ficar completo, só falta Pezão na cadeia

Dizem que o Rio de Janeiro continua lindo. Continua linda também a capacidade inigualável do eleitor fluminense eleger político malandro. Para desgraça brasileira, essa capacidade não é exclusiva do Rio de Janeiro: ela bastante democrática e tem representação no país todo. Senta direitinho, pega um café e leia só que coisa espetacular: TODOS os presidentes da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro desde que começou este século estão em cana. Mas não é só isso: com exceção de um governador, TODOS os outros governadores desde que começou este século também estão em cana. Só falta o Pezão para o time ficar completo.

Da Alerj. Jorge Picciani: presidente da Alerj entre 2003 e 2010, e de 2015 até agora. Está na cadeia. Paulo Melo: presidente da Alerj entre 2011 e 2014. Está na cadeia. Sérgio Cabral ganha o prêmio duplamente: além de presidente da Alerj entre 1999 e 2002, foi governador entre 2007 e 2014. Também está na cadeia. Completando o quadrilhão do PMDB na cadeia, foi em cana ainda o deputado Edson Albertassi (indicado por Pezão para uma vaga no Tribunal de Contas).

No Governo. Anthony Garotinho: governador entre 1999 e 2002. Está na cadeia, preso pela terceira e autorizado a pedir música no próximo domingo. Rosinha Garotinho: governadora entre 2003 e 2007. Também está na cadeia. Sérgio Cabral já foi para lista e eu fico me perguntando: quanto tempo até Pezão entrar nesta lista?
Por pouco não esqueço, mas é bom lembrar que dos sete conselheiros do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro, cinco foram presos e um cumpre prisão domiciliar. Para não perder as contas, anote os nomes na tabelinha: Aloysio Neves, Domingos Brazão, José Gomes Graciosa, Marco Antônio Alencar, José Maurício Nolasco e Aluísio Gama.

Essa é quadrilha que comanda o Rio de Janeiro há duas décadas e que levou o Estado à falência. Se segura na cadeira pra não cair: enquanto a Universidade Estadual do Rio de Janeiro amarga a penúria, o montante de recursos que a Polícia Federal apura APENAS no esquema da Operação Cadeia Velha é de R$ 183 BILHÕES. É difícil até ter noção do que isso significa. Vamos imaginar que com esse dinheiro o Brasil faria mais ou menos sete (07) Copas do Mundo.

Se for pensar em termos de hospital público… não quero nem fazer essa conta, mas lhe dou os dados: um grande hospital público pode custar cerca de R$ 110 milhões para ficar pronto. Agora faça as contas e divida 110.000.000 por 183.000.000.000 e veja a mágica acontecer diante dos seus olhos.

Será que a questão da corrupção é algo menor, ou uma questão apenas moral como dizem alguns amigos e amigas de esquerda? É bom refletirmos sobre esse assunto, porque dinheiro público não brota do chão e foi exatamente quando a esquerda parou de debater as pautas éticas, enfiada que estava até o pescoço em corrupção, que a turma do outro lado sequestrou essas pautas e começou a posar de paladina da ética e da moral – além dos bons costumes, seja lá que costumes forem esses.

Esse filme da falência do Rio de Janeiro é assustador. Mais assustador do que o palhaço Pennywise de “IT”. Quase tão assustador quanto o saudoso fantasma do metrô de “Ghost – do outro lado da vida”. Que aliás, é tenebrosamente parecido com o próprio Fernando Pezão – pode checar e depois volte aqui pra me dizer se não é verdade.

Por falar em fantasmas, lembrei agora de um causo curioso de bandidagem integralmente presa. Corria o já distante ano de 2016, quando meu Santa Cruz vivia novamente a glória de estar classificado para a Série A do campeonato brasileiro, quando TODOS os vereadores da Câmara Municipal de Centralina (MG) foram presos.

Os quatro funcionários da Casa ficaram sem receber salário. “O rapaz da contabilidade também é investigado”, disse meio choroso o assessor jurídico da Câmara. Sem o rapaz da contabilidade, não tinham como pagar os salários, nem a conta de água e nem a de energia. Talvez fosse melhor a Câmara ficar no escuro mesmo, pra ninguém ver que uma das vereadoras presas era a irmã do prefeito. “É uma pessoa idônea”, garantiu o prefeito sobre sua irmã, Sônia de Medeiros.

No final das contas, poucos meses depois o Ministério Público de Minas Gerais pediu o afastamento do próprio prefeito, Elson de Medeiros. Estava todo mundo envolvido nos esquemas e não se salvou nenhuma alma na Operação Viagem Fantasma.

 

*André Raboni é historiador, analista de comunicação e mídias digitais. Especialista em política e comunicação.

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House Of Cards e a Casa do Baralho

*Por Luiz Thunderbird

Olá, amiguinhos! Eu estava aguardando a melhor oportunidade de escrever sobre essa série que conquistou meu monitor de TV e o mundo. Não vejo momento mais propício que este que estamos vivendo no Brasil. Além do que, a série estreia nova temporada neste fim de mês.

A saga de Frank Underwood começa quando ele ainda está no senado americano, junto aos democratas, como grande articulador político do partido. O presidente havia lhe prometido um cargo importante se eleito. A promessa foi colocada de lado e isso desperta a fúria de Underwood. Já vimos isso em território nacional.

Ele não tem escrúpulos (vemos muito disso aqui no nosso congresso) e pretende se vingar do presidente eleito (outra similaridade com nosso cenário político). Ardilosamente, o anti-herói inicia suas manobras para a tomada de poder (aqui, chamamos de golpe). Primeiramente (fora Temer?), ele constrói uma armadilha pro escolhido pelo presidente para o cargo de secretário de estado, que Frank tanto desejava. Armadilha! Muito bem sucedido na derrubada do rival, ele almeja muito mais. Ele visa alcançar a vice-presidência.

Com golpes sujos, arapucas, manobras deselegantes, ameaças e até assassinatos, ele assume a vice-presidência dos EUA. Uma cargo importantíssimo, não é mesmo? Mas ele quer mais! Sua sede de poder é insaciável. Ele articula um golpe espetacular para que o presidente seja obrigado a renunciar.

Algumas frases de Frank Underwood…

Cabe aqui uma explicação. Nos EUA e em vários países europeus, uma suspeita de desonestidade é suficiente para que o mandatário maior da nação renuncie. Se há provas de desvios de conduta, a renúncia é quase uma certeza de que esse afastamento voluntário é iminente (não é o que vimos recentemente no Planalto). Lembro de estar num supermercado em 1992, em Los Angeles, e ser abordado por uma senhora muito americana. Eu estava gravando “Thunder Descobre a América” pela MTV, ela reconheceu meu português e me indagou: “Você não tem vergonha do seu presidente?” O tal presidente era Fernando Collor de Mello. Eu respondi que tinha muita vergonha dele e ela perguntou por quê o povo brasileiro não exigia sua renúncia. Pouco tempo depois ele se foi. Mas voltou, né? Tá aí, senadorzão da república. Que vergonha! E tem a nova sensação do Senado, Aécio Neves envolvido com os recentes escândalos nacionais. Ele estaria na minha versão de House Of Cards Brazil!

Voltando à série, depois do golpe Frank Underwood assume o cargo de homem mais poderoso do planeta. Ele finalmente atinge seu objetivo de se tornar presidente da república. Sua esposa, Claire, é peça fundamental na arquitetura do plano. Ela é parceira inconteste do marido, tomando pra si algumas ações bastante condenáveis. Mas sabe como é o poder, né amigos? Aquele vale-tudo que, se bem jogado, rende pontos preciosos no tabuleiro.

Acontece que a própria Claire Underwood desperta para o cenário político, não como esposa, mas candidata aos cargos públicos. A América se apaixona por sua figura altiva e a coloca no elenco como candidata à vice-presidência junto ao marido (pouco provável que aconteça com Marcela, aqui no Brasil). Ela estabelece uma relação com o presidente da Rússia, com requintes de sedução, inclusive. Mas com tanta força e intenções, às vezes nobres, que domina as disputas com o Victor Petrov. Victor vai tão longe na provocação, que tasca um beijão na primeira dama numa festa da Casa Branca!

Aliás, cabe a observação que Michel Temer viajou pra Portugal para o funeral de Mario Soares (ex-presidente daquela nação) com Gilmar Mendes, presidente do STF. Foi a única viagem dele e, em terras portuguesas, teve que ouvir retumbantes FORA TEMER, inclusive com o sotaque luso. Que coisa!

Recentemente, a conta oficial do Twitter da série House Of Cards publicou: “Tá difícil competir”. Fazia referência à denúncia sobre o envolvimento de Michel Temer com Joesley Batista da JBS, hoje, empresa conhecida por todos os brasileiros. Lembram da Friboi? Pois é, a carne é mesmo muito fraca! Se a carne é fraca, a ganância é fortíssima.

House of Cards Brazil ou Casa do Baralho?

Robin Wright, a atriz que interpreta a personagem de Claire Underwood, vem ao Brasil pra falar do Empoderamento Feminino com Meryl Streep. Acho isso sensacional, depois da declaração de Michel Temer, nosso presidente, ter sido objeto de piada mundial, após suas declarações machistas absurdas no Dia da Mulher. Quem é o marqueteiro de Temer? Não é possível que alguém tenha dado essa ideia pra ele como instrumento de marketing. Foi um fiasco tão grande, que tive que ouvir de uns músicos belgas que estiveram no Thunder Radio Show, que essa foi a única relevância de Temer na Bélgica, Que vergonha! De novo!

Tem um documentário na Netflix sobre o chefe de campanha de Donald Trump. “Get me Roger Stone”. Recomendo assisti-lo depois da ingestão de um eficiente antiemético. As ânsias de vômito vêm à boca, durante esse documentário, mas explicam a eficiência das táticas sujas de Roger Stone. Ele estava envolvido no escândalo de Watergate com Richard Nixon, na campanha de Ronald Reagan, na eleição de George Bush pai e filho, uma sequência de republicanos horripilantes. Robin Wright declarou no twitter que Stone roubou um monte de ideias da série House Of Cards, uma brincadeira, obviamente. Mas a máxima de Roger Stone é que mais poderosa que a informação, é a DESINFORMAÇÃO. Portanto, os marqueteiros brasileiros, esses sim, podem ter surrupiado as ideias do Sr. Stone. Vimos isso nas recentes eleições municipais. Um dia, falo mais sobre isso.

Aqui o trailer desse documentário sinistro:

Enquanto escrevo esse texto, tudo pode estar acontecendo no desenrolar da história do Brasil. A cada dia vemos acusações, defesas absurdas, novos envolvidos, novas gravações campeãs de audiência nos jornais nacionais. Muita expectativa em relação ao futuro do país! Dia 30 de maio estreia a nova temporada de House of Cards. Estou muito ansioso por isso. A ficção é mais encantadora que a nossa tosca realidade. Qual será o destino de Frank? Claire vai ascender à presidência? As desonestidades do presidente virão à tona? Ele irá renunciar? Vai pra cadeia? E no Brasil? Expectativas!

Aqui o trailer da nova temporada:

 

*Luiz Thunderbird é músico, apresentador de TV e comanda o Thunder Rádio Show, na Central3.

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