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Bate a enxada
O Primeiro de maio é a simbologia máxima do trabalhador no calendário. Aproveitando a data, o Travessia desta semana pegou no batente para trazer dez músicas que, para o bem ou para o mal, discutem o trabalho, o trabalhador e a vida em torno do batente.
A crônica do trabalho.
– Na voz de Elis Regina, Milton Nascimento romanceia a vida do mineiro de sal que trabalha pra vestir a mulher e fazer o filho estudar, pra que ele não leve vida tão dura quanto a sua. A versão bossa nova de Elis desagradou bastante Milton, e contamos o motivo;
– A rainha do rádio Marlene canta a marchinha carnavalesca Zé Marmita, sobre o rapazola que dá um duro pra entregar as quentinhas e depois esquece a dureza da vida jogando bola de meia.
– A meritocracia de “O vendedor de bananas” de Jorge Ben, o rapaz que diz que o mundo é bom por vender bananas e que ninguém diz a ele “vai trabalhar vagabundo”.
– Ederaldo Gentil e o irônico samba baiano sobre a vida de labuta: Com trinta anos de trabalho estou aposentado, e com mais de 70 eu penso ser feliz.
– Chico César e a Mamma África, a mãe negra da dupla jornada: dá um duro nas Casas Bahia e cuida dos filhos, e ainda tem que explicar a eles que deles não se afastará.
O trabalho e a luta de classes.
– Geraldo Vandré vai pro pau contra a Ditadura e o patrão explorador com o refrão explosivo É a volta do cipó de aroeira no lombo de quem mandou dar.
– Gonzaguinha e o comportamento geral da rapaziada em 1973: Você deve rezar pelo bem do patrão e esquecer que está desempregado.
O trabalho enquanto piada.
– Demônios da Garoa cantam a ode aos boêmios de Adoniran Barbosa que têm que deixar a vida da boêmia para pegar ir trabalhar no dia seguinte;
– Tim Maia — conhecido na adolescência como Tião Marmita, por entregar as marmitas que a mã fazia para sustentar o lar — ironiza o trabalho e diz que só quer sossego;
– Zeca Balero brinca com Karl Marx e canta ter despedido seu patrão, que roubava o que ele mais valia.
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Um comentário em “Travessia #15: Trabalho”