O Xico quer que eu fale sobre o “11 de setembro”, uma data eclipsada em nossas vidas. Quer que eu escreva, minha caneta deve produzir ações, sonhos, saídas. Mas estou sentindo vibrações estranhas, e uma caneta parece mais útil enfiada na garganta de um puto amo qualquer do que em um belo discurso q envolva nossos irmãos e irmãs na luta contra quaisquer e todos estes putos amos. O “11 de setembro” é mais uma vergonha na história do sistema dos homens donos de homens. Mas, graças ao tal dia do ano de 1973, temos a prova concreta de como nossa “humanidade” é um erro premeditado, calculado e, para que no final este “erro” se mantenha em satânico funcionamento, bem festejado. Eu digo ‘ao inferno’ os prédios nova-iorquinos, enquanto do povo ficar ocultada a verdade de salvador Allende.
Eu levantarei a bandeira dos flamejantes prédios nova-iorquinos, quando no espaço físico de seus fósseis enlutados, no território da “santa liberdade”, circularem, além de intenções financeiras e de sucessos pessoais, a memória completa, e não parcial e eclipsada, da verdade do mundo. Isso não é político, é um grito humano, em desespero de conviver com tanto plástico, gente de plástico, comida de plástico, estádio de plástico, emoções plastificadas, sufocadas em beleza pelo poder covarde que segue reinando. Não quer mais usar a caneta. De fato, nem caneta estou usando, e, sim, estes botões plastificados, neste objeto plastificado – espero que do outro lado desta maluca conexão a carne e o osso reinem, com nossa massa unida, os que sentimos esta bomba funcionando e, de algum modo, resistimos até aqui. O mundo moderno!
A maluquice moderna é a pior de todas elas. Segue sendo maluquice como desde de tempos primordiais do homem-macaco nestas bandas, mas seguimos nesta marcha de terror, competição, medo de amar, caminhando lado a lado com a falsa alegria, a falsa inserção de todos mortais, o falso respeito, a negação consentida por medo, a afirmação abraçada por mero impulso involuntário no coletivismo da miséria de todos nós… A todas estas disfunções, que sempre compuseram a confusão mundana, soma-se a ordem vigente de se sentir inserido, cheio de opinião, cheio de si, (feliz! “Ó, deus, quero ser feliz!”), como deve ser o idiota homem moderno, o humanoide, o ser teleguiado, o ser covarde, que ri, enquanto a merda que consome, sem perceber, escorre pelo canto de sua boca e exala todo o erro acumulado destas burras escolhas. Para este quadro ser real lá fora, deve haver a parcialidade, o falso profeta, a meia verdade. O “11 de setembro” é uma data em que muito disso, e muito mais disto tudo, se explicita.
E em nós, explicita-se, o ódio, a vontade de gritar, quebrar, matar, a falsa impotência, mas que gera o real perpetuo domínio dos putos amos sobre nós. E assim, segue-se o banquete infernal de terríveis melodias para um bom coração da terra, mas necessárias para teleguiar veneno aos corações partidos e desesperados nesta vida caótica. A dança segue, atraente e sangrenta, para criar estes humanoides, vilões e vítimas de si mesmos. Nada mais, por enquanto. Ódio eterno ao mundo moderno e bom dia.