Cheguei com a primeira reunião começada e a decisão já tomada: o Esporte Final (então Esporte Fino) teria um podcast na Central 3. Rodrigo Borges parece sério demais à primeira vista, Carolina, outra destas pessoas queridas que passam pela vida, me explica o que já foi conversado enquanto Xico, e esse eu conheço sem precisar ouvir, está satisfeito com a boa nova. O Xico, aliás, passou a acreditar em forças sobrenaturais quando tivemos uma sequência de problemas técnicos justo nas noites de quinta, noites de Esporte Final, noites de “hoje não pode dar merda, eles são parceiros fodas, e além do mais o Rodrigo parece ser sério, ele vai ficar puto”. O Rodrigo Borges nunca transformou qualquer problema em banquinho para subir. Foi sempre um parceiro na acepção da palavra, nos dias de verdades duras e também nos de alegria compartilhada.
O Esporte Final entrou na Central 3 com mais de cinco anos de vida. Nós estávamos no segundo, que mais parecia o primeiro, e uma coisa os dois pais do podcast tinham sempre em comum: um tipo, vai, admito, gostoso de incerteza com o futuro. Nos dias de problematização, ter em mente uma linha condutora sem rasuras nem lacunas é fundamental, e isso o time do EF sempre teve. Talvez tenha sido o primeiro ensinamento concreto que nos deram. Esporte Final foi sempre missão dada e missão cumprida, mesmo quando o assunto era mundial de surf e nem eu, Iamin, nem Paulo Júnior sabíamos, na noite de quarta, o que dizer dali 24 horas. Tudo bem que nós dois somos quase incorrigíveis no esporte de fazer graça até do que mais amamos, de criar absurdos num velório e fazer a festa na fresta. Mas uma estudada a gente dava, e no fim sabíamos que confiar na pauta (que chegava quase sempre na mesma hora, quase sempre com as mesmas colorações) era garantia de boa condução. A rotação do time, convidados inclusos, era segura e fazia o resto.
De minha parte, sorrio sozinho em saber que meus apostos pegaram. Esgrimista da Notícia, Flecha Atômica do Cerrado, Himalaia da Palavra, Lareira Olímpica, Joystick De Ouro, Caravela Nervosa, vocês são, com todo o respeito aos parceiros que vieram depois, como aquele amor que nos conheceu adolescente. Gostar da gente agora que somos um site feito, adulto, saudável, é um tanto mais fácil. Vocês abraçaram a gente com espinhas no rosto e sem sequer um HD externo pra contar vantagem. E ninguém aqui vai se esquecer disso quando for a nossa vez de fazer sete, quase oito, anos de vida, ou mesmo se um dia, pois é assim a vida, o microfone tiver de ser desligado.
O Esporte Final deixa a internet e, claro, sai da grade da programação da Central 3. Uai, mas até sexta-feira vocês estavam fazendo um podcast especial olímpico diário! Pra quê, se ia acabar logo depois? Pois é. Nosso parceiro pediu para ir embora, e a gente pediu para que ficasse um pouco mais. Eles atenderam e eu posso, e vou, dizer lá na frente que cobri uma olimpíada para o Esporte Final, e quero ver quem vai me dizer que não foi assim que aconteceu. Rodrigo Borges não é sério coisa nenhuma, é só (e da-lhe aspas em “só”) um dos sujeitos mais profissionais que conheci, além do único na história da Central 3 a entrar ao vivo de três países diferentes. Bruno Winckler agora tem um filho, o Flechinha, e Fabio Chiorino é, coitado, meu editor em outro projeto. Mariana Lajolo vai parar de receber telefonemas meus por engano, agora que aprendi a tirar nomes da lista “chamada rápida” – como colocá-los lá eu nunca soube. Nesta noite de quinta vai dar saudade, e será dia 25 de agosto. Em um 25 de agosto dois anos atrás encontrei o Rodrigo Borges, com a toquinha dos Beatles, numa fila de autógrafos de um livro, mas preferi pegar a fila desde o começo. Ele me chamou quando viu e me deu bronca. “Sou teu amigo pô, vai pegar a fila toda?”.
Vão-se os projetos, ficam as amizades. E das amizades nascem novos projetos.
Filipe Assunção disse:
Fica aquele aperto no peito de saber que o Esporte Fino, antigo Esporte Final vai deixar de existir. Foram através deles que tive a enorme felicidade de conhecer a Central 3 e hoje ser fã de um número grande de programas. Tratam o esporte com o respeito e a seriedade que ele merece, e assim fica a Central 3, vocês receberam essa “tocha”, e tenho certeza que continuarão com esse trabalho.
Obrigado Esporte Fino por me fazer rir das mais absurdas piadas e apostos no meio do escritório e todo mundo me olhar sem entender e continuar atualizado das mais diversas modalidades.
Apenas isso, o meu sincero muito obrigado.